Rafael Mambo-Matala Upiñalo (Bata, 1928 - Malabo, 23 de março de 1978), nascido Malònga ma-a Màmbo, foi um pedagogo, professor universitário e ativista político da Guiné Equatorial, sendo uma das primeiras vozes opositoras ao regime ditatorial de Francisco Macías Nguema.

Rafael Upiñalo
Nascimento 1928
Bata
Morte 23 de março de 1978 (49–50 anos)
Malabo
Cidadania Guiné Equatorial
Alma mater
Ocupação professor, ativista, político, pedagogo

Biografia

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Filho dos líderes tribais Julio Matala e Catalina Upiñalo (ambos da etnia Ndowe), Rafael Upiñalo nasceu em Bata, no ano de 1928. Acabou por ter como padrasto o mecânico de precisão da coroa espanhola Ekopèle y Bilandé, que teve forte influência em sua formação[1].

Por influência de seu padrasto entrou precocemente na escola e mostrou ser um estudante notável. Mesmo com um ano a menos que o exigido, os seus professores e o seu padrasto conseguiram que ingressasse na Escola Superior Indígena (ESI; atual Faculdade de Ciências da Educação de Malabo da Universidade Nacional da Guiné Equatorial), adquirindo o diploma de magistério superior em 1948[1].

Em 1949 Rafael Upiñalo é chamado para trabalhar no Corpo de Funcionários da Administração Colonial Espanhola, servindo como professor na rede primária de ensino. Torna-se uma dos primeiros sindicalistas da Guiné, atuando como líder-interlocutor dos professores de Bata. Esta posição rendeu-lhe uma forte punição da colônia, que lhe enviou para um afastado distrito escolar em Malabo (foi rebaixado a inspetor de ensino), onde fundou uma corrente política denominada "Movimento", que clamava pela independência da Guiné Espanhola[1].

Com a suavização política da década de 1960, foi transferido como professor para o Grupo Escolar Generalíssimo Franco, em Bata. Foi novamente transferido em 1962 como professor para o Grupo Escolar de Santa Isabel e em seguida foi nomeado como diretor do Grupo Escolar de Calvo Sotelo[1].

Em 1969, um ano após a independência, é nomeado diretor da Escola Superior Martin Luther King (ESMLK). Nesse mesmo ano Francisco Macías Nguema, atiçado pela etnia Fang, promove uma limpeza étnica contra os Bubi e os Ndowe[2], levando Rafael Upiñalo a protestar contra o governo, formando a resistência docente e estudantil contra a ditadura. Por conta disso o presidente Nguema cortou seu salário, mas o obrigou a continuar trabalhando, o que o o fez alternar-se de dia como professor universitário e diretor da ESMLK, e a noite como pescador com seu amigo Ángel Andondo, para poder sustentar sua família[3].

Considerado líder da resistência pacífica civil à ditadura de Macías Nguema[4], foi preso, em 1976, com muitos professores, intelectuais e estudantes na Prisão da Praia Negra por Teodoro Obiang, na altura já diretor desta mesma prisão e chefe do estado-maior do país. Em 1978, Teodoro Obiang, já chefe do Ministério da Defesa, ordena matar a Rafael Upiñalo, que já se encontrava com gravíssima anemia, por não ser alimentado na prisão, recebendo, inclusive, doação de sangue de seus ex-alunos[3].

Vida Pessoal

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Casou-se, em 1950, aos 22 anos com Carmen Esua Melango, com quem teve quatro filhos legítimos, ainda adotando outras três crianças órfãs[1].

Ao final dos anos 50 separou-se de Carmen e contraiu matrimônio com Gertrudis Mayer, com quem teve outros sete filhos[1].

Finalmente, em 1970, separou-se de Gertrudis e contraiu matrimônio com Agnès, que foi sua companheira até sua morte[1].

Referências

  1. a b c d e f g Ndowe Mboka. Los gigantes ilustres Ndowe de Guinea Ecuatorial: Don Rafael Mambo-Matala Upiñalo - Scribd
  2. Mwana Mboka. No Hay Justificcación Por Los Insultos. ¿Y Por Las Muertes de los Ndowe? - Embajada de Estados Unidos en Malabo - 2012
  3. a b D. Rafael Mambo-Matala Upiñalo (1928-1977) - Sàngo à Mboka - 2012
  4. Liste des Opposants au Régime Obiang Assassinés en République de Guneé Équatoriale - Coalition d'opposition pour la Restauration d'un Etat Démocratique en Guinée Equatoriale