Rato-dos-lameiros
O Arvicola amphibius, comummente conhecido como rato-dos-lameiros[1] é uma espécie roedora semiaquática pertencente ao género Arvicola e à família dos cricetídeos.[2]
Arvicola amphibius | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
![]() Pouco preocupante [3] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Sinónimos | |||||||||||||||
Arvicola terrestris Lineu 1758; Mus amphibius Lineu 1758; Mus terrestris Lineu 1758 |
Etimologia
editarQuanto ao nome científico[4] desta espécie:
- O nome genérico, Arvicola, provém do neolatim[5], resultando da aglutinação dos étimos latinos clássicos arvum[6], que significa «campo», e do sufixo -cola, que significa «habitante».[7]
- O epíteto específico, amphibius, provém do latim[8], resultando de uma adaptação do étimo grego clássico ἀμφίβιος, que significa «anfíbio; que tem duas vidas», por alusão à faculdade de poder viver em terra e na água.[9]
Distribuição
editarEsta espécie marca presença da Europa central à Europa Ocidental, incluíndo Portugal, Espanha e França[1], encontrando-se também no Oriente, designadamente na Siberia, Mongolia e nalgumas partes do Sudoeste asiático.[10]
Península Ibérica
editarNa Península Ibérica, esta espécie ocorre numa faixa setentrional, onde existem duas populações principais, relativamente isoladas geograficamente uma da outra: uma está localizada na região da Cordilheira Cantábrica e a outra região dos Pirenéus.[11] Em Portugal há registo da ocorrência desta espécie no Parque Natural de Montesinho, sito no extremo nordeste de Portugal.[11]
Habitat
editarO rato-do-lameiro é uma espécie ripícola, habitando nas margens de rios, riachos, lagoas e outros corpos de água de caracteristícas lênticas.[12] Geralmente, privilegiam as áreas com boa cobertura vegetal, sobretudo as que se situem nas cercanias de cursos de água, embora também possam aparecer em em jardins e courelas. [12]
Os ratos-dos-lameiros cavam tocas e madrigueiras, cujas galerias podem variar entre os de 34 metros de extensão no Inverno até aos 74 metros no Verão. Estas madrigueiras podem conter entre um ou dois ninhos e, no Inverno, podem incluir divisões destinadas ao armazenamento de alimentos.[12]
Descrição
editarNesta espécie, o comprimento médio do corpo dos machos é de 210 mm, ao passo que o das fêmeas, em média, tende a medir cerca de 187 mm.[12] O comprimento da cauda é, em média, 124 mm nos machos e 116,5 mm nas fêmeas. Os machos pesam, em média, 263 gramas, enquanto as fêmeas pesam, em média, 232 gramas.[12]
A sua pelagem é espessa e estende-se da cabeça até ao final da cauda.[12] A coloração varia do castanho-claro ao escuro na parte superior do corpo, às vezes matizando-se em tons de preto. Enquanto que no ventre assume uma coloração que se matiza do branco ao cinzenta.[12] Esta coloração torna-os difíceis de ver na densa vegetação onde preferem refugiar-se.[12] Conta com garras estão bem desenvolvidas em cada uma das patas e com glândulas laterais, usadas para marcar território, as quais costumam ser facilmente identificáveis, na maior parte das vezes.[12]
Esta espécie possui a composição dentária típica dos roedores, sendo que os seus dentes molares estão sempre em constante crescimento.[13]
Hábitos
editarOs ratos-dos-lameiros são bons nadadores e mergulhadores.[13]
Não costumam viver em grandes grupos. Os adultos têm os seus próprios territórios, os quais marcam com fossas fecais, localizadas perto do ninho, da toca e plataformas à beira de água onde os ratos-dos-lameiros saem ou entram na água.[14] As fossas são conhecidas por serem um bom indicador dessa espécie e podem ser usadas para medir a abundância de espécimes. [15]
Os ratos-do-lameiro também costumam marcar o seu território, com recurso a almíscar segregado por uma glândulas laterais, embora isto normalmente não seja detectável durante um trabalho de campo.
São uma espécie territorial, pelo que podem atacar, caso o seu território seja invadido por outros ratos-dos-lameiros.[13]
Referências
editar- ↑ a b S.A, Infopédia- Dicionário da Língua Portuguesa. «Rato-dos-lameiros». Infopédia Dicionário da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de agosto de 2023
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 11 de fevereiro de 2025
- ↑ Batsaikhan, N.; Henttonen, H.; Meinig, H.; Shenbrot, G.; Bukhnikashvili, A.; Hutterer, R.; Kryštufek, B.; Yigit, N.; Mitsain, G.; Palomo, L. (2021) [amended version of 2016 assessment]. «Arvicola amphibius». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2021: e.T2149A197271401. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T2149A197271401.en . Consultado em 17 February 2022 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Wilson, Reeder, Don E., DeeAnn M. (2005). «Mammal Species of the World. A Taxonomic and Geographic Reference (3rd ed)». Johns Hopkins University Press. Consultado em 21 de maio de 2021
- ↑ «Arvicola». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2025
- ↑ «arvum». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2025
- ↑ «-cola». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2025
- ↑ «amphibius». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2025
- ↑ «ἀμφίβιος». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2025
- ↑ Oliphant, Matthew. «Arvicola amphibius (Eurasian water vole)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2025
- ↑ a b Bencatel, Joana (2019). Atlas Mamíferos Portugal. Évora: Universidade de Évora. p. 214. 274 páginas. ISBN 978-989-8550-80-4
- ↑ a b c d e f g h i Oliphant, Matthew. «Arvicola amphibius (Eurasian water vole)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2025
- ↑ a b c Freeston, Helen (25 de setembro de 2006). «"Tales of the Riverbank—How to spot 'Ratty' (previously "Water Volewatch 97"». Lincolnshire Wildlife Trust. Consultado em 25 de maio de 2021
- ↑ Harris, Yalden., S.; D.W. Mammals of the British Isles: Handbook, 4th Edition. [S.l.]: The Mammal Society.
- ↑ Strachan; Moorhouse, R.; T. (2006). Water Vole Conservation Handbook (2nd edition). [S.l.]: Wildlife Conservation Research Unit, University of Oxford.