Receptor de células T
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O receptor de células T (em inglês T-cell receptor, sigla TCR) é uma molécula encontrada na superfície das células T, ou linfócitos T,[1] responsável pelo reconhecimento de fragmentos de antígeno, como peptídeos ligados a moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC).[2][3]
T-cell receptor | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Identificadores | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Nomes alternativos | Receptores de células TTcr | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
IDs externos | GeneCards: [1] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Wikidata | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Diferença entre imunoglobulina e receptor de células T
editarAssim como as imunoglobulinas (Ig) ou anticorpos, são receptores antígeno-específicos essenciais para a resposta imune. Estão presentes na superfície externa dos linfócitos T (células T) mas diferem, entretanto, das imunoglobulinas:
- Imunoglobulinas são tetrâmeros, formadas por quatro cadeias polipeptídicas (duas cadeias leve e duas cadeias pesadas) e possuem dois sítios de reconhecimento de antígeno. Os TCRs são dímeros e possuem somente um sítio de reconhecimento de antígeno.
- Imunoglobulinas podem estar ancoradas na superfície dos linfócitos B (células B) ou secretadas nos fluídos corpóreos, principalmente no plasma sangüíneo. Os TCRs existem somente como proteínas ancoradas na superfície externa dos linfócitos T.
- Imunoglobulinas reconhecem antígenos solúveis e antígenos na sua forma nativa. Os TCRs só reconhecem antígenos que tenham sido previamente processados em peptídeos, os quais têm que estar ligados a moléculas de MHC (complexo principal de histocompatibilidade), na superfície das células apresentadoras de antígenos ou APCs (macrófagos, monócitos, linfócitos B e células dendríticas).
Este fenômeno é chamado de restrição-MHC. A educação de células T, tornando-as aptas ao reconhecimento de moléculas MHC do próprio corpo (MHC próprio) ocorre no timo.
Receptor TCR convencional
editarO receptor TCR convencional, ou TCR alfa/beta é expresso pela maioria dos linfócitos T e consiste de duas cadeias polipeptídicas glicosiladas (alfa e beta) mantidas juntas por ligações dissulfeto. O TCR alfa/beta é por sua vez associado fisicamente (mas não por ligação covalente) a uma proteína chamada CD3, formando o complexo funcional TCR-CD3 na superfície dos linfócitos T.
O TCR alfa/beta deve discriminar os diferentes peptídeos não-próprios apresendados pelas moléculas de MHC na superfície das APCs. O TCR alfa/beta participa na interação peptídeo-MHC e o CD3 na transdução de sinais no interior dos linfócitos T.
Os linfócitos T alfa/beta representam 90-99% dos linfócitos T periféricos maduros no homem e, incluem duas populações de linfócitos; os T CD4+ (T auxiliadores) e os T CD8+ (T supressores/citotóxicos).
Tais células T alfa/beta estão implicadas no reconhecimento de antígenos exógenos como peptídeos de microrganismos ligados a MHC de classe II e são, em sua maioria, T CD4+ auxiliadores. As células T alfa/beta CD8+ (aproximadamente 30% das células T alfa/beta) reconhecem peptídeos gerados por processamento endógeno e ligados a moléculas de MHC de classe I. São os chamados linfócitos T citotóxicos e responsáveis pela destruição de células infectadas e células cancerosas.
CD4 e CD8 são moléculas que interagem com a região não polimórfica de MHC de classe II e de classe I, respectivamente. As células T gama/delta representam 1-10% dos linfócitos T periféricos maduros humanos, expressam a proteína CD3, mas não CD4 ou CD8.
Um segundo tipo de TCR, chamado de TCR gama/delta, é composto pelas respectivas cadeias polipeptídicas gama e delta, também associadas a CD3, todas na superfície externa de linfócitos T. As células T gama/delta CD4- CD8- reconhecem antígenos de maneira independente de MHC de classe I ou de classe II. Tais células estão envolvidas no reconhecimento de proteínas induzidas por estresse por choque térmico (oriundas de bactérias ou de células autólogas) e também antígenos de micobactérias.
A função dos linfócitos T gama/delta é eliminar as células do corpo que estão sob estresse, por exemplo, as células infectadas ou aquelas que estão no processo de transformação tumoral.
Células cancerosas
editarO TCR pode reconhecer muitos tipos de câncer por meio de um único antígeno leucocitário humano (HLA) como uma molécula chamada MR1. Ao contrário do HLA, o MR1 não varia na população humana - o que significa que é um alvo extremamente atraente para imunoterapias.[4] Quando testado em laboratório, o método CRISPR–Cas9 TCR[5] pode matar células de câncer de pulmão, pele, sangue, cólon, mama, osso, próstata, ovário, rim e cervical, ignorando células saudáveis.[6][7]
Referências
- ↑ «T-cell activation | British Society for Immunology». www.immunology.org. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ Alberts, Bruce; Johnson, Alexander; Lewis, Julian; Raff, Martin; Roberts, Keith; Walter, Peter (2002). «T Cells and MHC Proteins». Molecular Biology of the Cell. 4th edition (em inglês)
- ↑ Charles A Janeway, Jr; Travers, Paul; Walport, Mark; Shlomchik, Mark J. (2001). «Antigen recognition by T cells». Immunobiology: The Immune System in Health and Disease. 5th edition (em inglês)
- ↑ Dockrill, Peter. «Remarkable New T-Cell Discovery Can Kill Several Cancer Types in The Lab». ScienceAlert (em inglês). Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ Crowther, Michael D.; Dolton, Garry; Legut, Mateusz; Caillaud, Marine E.; Lloyd, Angharad; Attaf, Meriem; Galloway, Sarah A. E.; Rius, Cristina; Farrell, Colin P. (20 de janeiro de 2020). «Genome-wide CRISPR–Cas9 screening reveals ubiquitous T cell cancer targeting via the monomorphic MHC class I-related protein MR1». Nature Immunology (em inglês): 1–8. ISSN 1529-2916. doi:10.1038/s41590-019-0578-8
- ↑ «Discovery may treat all types of cancers». Tech Explorist (em inglês). 21 de janeiro de 2020. Consultado em 21 de janeiro de 2020
- ↑ «Role of CD1- and MR1-restricted T cells in Immunity and Disease | Frontiers Research Topic». www.frontiersin.org. Consultado em 21 de janeiro de 2020
Bibliografia
editar- LEFRANC MP & LEFRANC G (2001) The T Cell Receptor Facts Book (Academic Press)
- Immunogenetics Data Base IMGT [2] [Laboratórios que pesquisam os receptores TCR no Brasil: Grupo de Imunogenética Molecular na Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto (http://rge.fmrp.usp.br/imunogenetica)]