Algumas equações diferenciais ordinárias de primeira ordem não se enquadram em nenhum dos métodos clássicos de solução. No entanto, as vezes é possível reescrever essas equações de modo a viabilizar o uso de um método clássico de solução. Este é o caso das equações redutíveis à homogênea. Essa classe de equações tem o lado direito dado por uma função que depende de uma expressão do tipo
a
1
t
+
b
1
y
+
c
1
a
2
t
+
b
2
y
+
c
2
,
a
i
,
b
i
,
c
i
∈
R
,
i
=
1
,
2
{\displaystyle {\frac {a_{1}t+b_{1}y+c_{1}}{a_{2}t+b_{2}y+c_{2}}},\ \ a_{i},\ b_{i},\ c_{i}\in \mathbb {R} ,\ i=1,\ 2}
. Independente das constantes
a
i
,
b
i
,
c
i
∈
R
,
i
=
1
,
2
,
{\displaystyle a_{i},\ b_{i},\ c_{i}\in \mathbb {R} ,\ i=1,\ 2,}
existem substituições que permitem reescrever a equação como uma equação homogênea de primeira ordem. Por esse motivo, essa classe é chamada de redutíveis à homogênea
Considere a equação diferencial ordinária de primeira ordem
y
′
=
f
(
t
,
y
)
.
{\displaystyle y'=f(t,y).}
Se
f
(
t
,
y
)
{\displaystyle f(t,y)}
é da forma
f
(
t
,
y
)
=
ϕ
(
a
1
t
+
b
1
y
+
c
1
a
2
t
+
b
2
y
+
c
2
)
{\displaystyle f(t,y)=\phi \left({\frac {a_{1}t+b_{1}y+c_{1}}{a_{2}t+b_{2}y+c_{2}}}\right)}
, em que
a
i
,
b
i
,
c
i
∈
R
,
i
=
1
,
2
{\displaystyle a_{i},\ b_{i},\ c_{i}\in \mathbb {R} ,\ i=1,\ 2}
, dizemos que a equação é redutível à homogênea [ 1] .
y
′
=
t
+
y
−
2
t
−
1
.
{\displaystyle y'={\frac {t+y-2}{t-1}}.}
y
′
=
2
t
−
6
y
−
1
t
−
3
y
−
4
.
{\displaystyle y'={\frac {2t-6y-1}{t-3y-4}}.}
Resolvendo uma equação redutível a homogênea
editar
Há dois casos a considerar:
Se
a
1
b
2
−
b
1
a
2
≠
0.
{\displaystyle a_{1}b_{2}-b_{1}a_{2}\neq 0.}
Observe que neste caso o sistema linear
{
a
1
t
+
b
1
y
+
c
1
=
0
a
2
t
+
b
2
y
+
c
2
=
0
{\displaystyle \left\{{\begin{array}{l}a_{1}t+b_{1}y+c_{1}=0\\a_{2}t+b_{2}y+c_{2}=0\end{array}}\right.}
tem única solução
t
0
,
y
0
.
{\displaystyle t_{0},\ y_{0}.}
Neste caso definimos
u
=
t
−
t
0
{\displaystyle u=t-t_{0}}
e
v
=
y
−
y
0
{\displaystyle v=y-y_{0}}
. Logo,
d
u
=
d
t
{\displaystyle du=dt}
e
d
v
=
d
y
{\displaystyle dv=dy}
.
Com base nisso,
a
1
t
+
b
1
y
+
c
1
=
a
1
(
u
+
t
0
)
+
b
1
(
v
+
y
0
)
+
c
1
=
a
1
u
+
b
1
v
+
a
1
t
0
+
b
1
y
0
+
c
1
=
a
1
u
+
b
1
v
{\displaystyle a_{1}t+b_{1}y+c_{1}=a_{1}(u+t_{0})+b_{1}(v+y_{0})+c_{1}=a_{1}u+b_{1}v+a_{1}t_{0}+b_{1}y_{0}+c_{1}=a_{1}u+b_{1}v}
e
a
2
t
+
b
2
y
+
c
2
=
a
2
(
u
+
t
0
)
+
b
2
(
v
+
y
0
)
+
c
2
=
a
2
u
+
b
2
v
+
a
2
t
0
+
b
2
y
0
+
c
2
=
a
2
u
+
b
2
v
,
{\displaystyle a_{2}t+b_{2}y+c_{2}=a_{2}(u+t_{0})+b_{2}(v+y_{0})+c_{2}=a_{2}u+b_{2}v+a_{2}t_{0}+b_{2}y_{0}+c_{2}=a_{2}u+b_{2}v,}
pois
t
0
,
y
0
{\displaystyle t_{0},\ y_{0}}
é solução do sistema linear .
Dessa forma, a equação diferencial fica
y
′
=
ϕ
(
a
1
u
+
b
1
v
a
2
u
+
b
2
v
)
=
ϕ
(
a
1
+
b
1
v
u
a
2
+
b
2
v
u
)
=
ψ
(
v
u
)
{\displaystyle y'=\phi \left({\frac {a_{1}u+b_{1}v}{a_{2}u+b_{2}v}}\right)=\phi \left({\frac {a_{1}+b_{1}{\frac {v}{u}}}{a_{2}+b_{2}{\frac {v}{u}}}}\right)=\psi \left({\frac {v}{u}}\right)}
que é uma equação homogênea [ 2] [ 1] em relação as variáveis
u
{\displaystyle u}
e
v
{\displaystyle v}
.
A solução da equação é obtida usando o método para equações homogêneas de primeira ordem .
Se
a
1
b
2
−
b
1
a
2
=
0.
{\displaystyle a_{1}b_{2}-b_{1}a_{2}=0.}
Segue que
a
1
a
2
=
b
1
b
2
=
κ
{\displaystyle {\frac {a_{1}}{a_{2}}}={\frac {b_{1}}{b_{2}}}=\kappa }
. Portanto,
a
1
=
a
2
κ
{\displaystyle a_{1}=a_{2}\kappa }
e
b
1
=
b
2
κ
{\displaystyle b_{1}=b_{2}\kappa }
.
Com isso, a equação diferencial inicial fica
y
′
=
ϕ
(
κ
(
a
2
t
+
b
2
y
)
+
c
1
a
2
t
+
b
2
y
+
c
2
)
.
{\displaystyle y'=\phi \left({\frac {\kappa (a_{2}t+b_{2}y)+c_{1}}{a_{2}t+b_{2}y+c_{2}}}\right).}
Façamos agora a mudança de variável
z
=
a
2
t
+
b
2
y
{\displaystyle z=a_{2}t+b_{2}y}
. Daí,
d
z
=
a
2
d
t
+
b
2
d
y
{\displaystyle dz=a_{2}dt+b_{2}dy}
ou
d
z
d
t
=
a
2
+
b
2
d
y
d
t
.
{\displaystyle {\frac {dz}{dt}}=a_{2}+b_{2}{\frac {dy}{dt}}.}
De onde segue que
d
y
d
t
=
(
d
z
d
t
−
a
2
)
1
b
2
.
{\displaystyle {\frac {dy}{dt}}=\left({\frac {dz}{dt}}-a_{2}\right){\frac {1}{b_{2}}}.}
Substituíndo na equação inicial
z
′
−
a
2
b
2
=
ϕ
(
κ
z
+
c
1
z
+
c
2
)
.
{\displaystyle {\frac {z'-a_{2}}{b_{2}}}=\phi \left({\frac {\kappa z+c_{1}}{z+c_{2}}}\right).}
ou
z
′
=
b
2
ϕ
(
κ
z
+
c
1
z
+
c
2
)
+
a
2
.
{\displaystyle z'=b_{2}\phi \left({\frac {\kappa z+c_{1}}{z+c_{2}}}\right)+a_{2}.}
Que é uma equação de variável separavel . Logo, obtemos a solução usando o método de separação de variáveis
↑ a b Dantas, Edmundo Menezes Dantas (1970). Elementos de Equações Diferenciais 1 ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S.A. p. 20
↑ Sotomayor, Jorge Sotomayor (1979). Lições de equações diferenciais ordinárias 1 ed. Rio de Janeiro: IMPA. p. 22