Relações entre Chade e França
As relações entre Chade e França referem-se às relações diplomáticas entre a República do Chade e a República Francesa. A França controlou o Chade de 1900 até a independência do país em 1960. Ambas as nações são hoje membros da Francofonia e das Nações Unidas.
História
editarColonialismo francês
editarDurante a partilha da África a França entrou no território do Chade no final da década de 1890. Em abril de 1900, a França lutou contra o senhor da guerra Rabih az-Zubayr e suas forças para controlar o território e conseguiu derrotar as forças de Rabih na Batalha de Kousséri. Após a batalha, a França assumiu o controle do território chadiano (Territoire du Tchad) e este foi incorporado como uma colônia francesa sob a federação da África Equatorial Francesa em 1910.[1]
Em janeiro de 1939, a França nomeou Félix Éboué como primeiro governador do Chade e o primeiro governador negro de uma colônia francesa. [2] Como governador, Eboué iria alinhar o território do Chade a França Livre após a ocupação alemã do país e do controle alemão da França de Vichy. Em outubro de 1940, o general francês Charles de Gaulle fez uma visita ao Chade e se encontrou com Éboué em Fort-Lamy (atual N'Djamena).[3] Durante a Segunda Guerra Mundial, soldados chadianos participaram da luta pela Libertação de Paris. A França também criou dois regimentos durante a guerra e os nomeou conforme o território (Régiment de marche du Tchad e Régiment de tirailleurs sénégalais du Tchad).[4]
Independência
editarLogo após a Segunda Guerra Mundial, a França adotou uma nova constituição em 1946 e concedeu a cidadania francesa plena aos residentes do Chade Francês e permitiu o estabelecimento de assembleias locais dentro da nova União Francesa. Em março de 1953, De Gaulle fez uma segunda visita ao Chade.[5] Em 1958, os chadianos votaram em um referendo que lhes concedeu maior autonomia. Como resultado, a União Francesa se dissolveu e em 11 de agosto de 1960, o Chade obteve a independência da França.[1]
Pós-independência
editarA França foi o principal doador estrangeiro e patrono do Chade nas três primeiras décadas após a independência em 1960. No final da década de 1980, os laços econômicos continuavam fortes e a França fornecia assistência ao desenvolvimento sob a forma de empréstimos e subvenções. Já não era o principal cliente do Chade para exportações agrícolas, mas continuou a fornecer apoio militar substancial.[6]
O Chade permaneceu membro da Comunidade Financeira Africana (CFA), que ligava o valor da sua moeda, o franco CFA, ao franco francês. Os investidores privados e governamentais franceses possuíam uma parte substancial das instituições industriais e financeiras do Chade e o tesouro francês apoiou o Banco dos Estados da África Central (BEAC), que serviu como banco central do Chade e seis outros países membros. A dependência do Chade em relação à França diminuiu ligeiramente durante o mandato de Hissène Habré como presidente, em parte porque os outros doadores e investidores estrangeiros retornaram à medida que a guerra cessava e também porque o aumento das chuvas a a partir de 1985 melhorou a produção de alimentos. As atitudes dos oficiais franceses em relação ao Chade tinham mudado das políticas da década de 1970 sob a liderança de Giscard d'Estaing para as da do governo de François Mitterrand na década de 1980. Os objetivos econômicos, políticos e estratégicos, que enfatizaram a manutenção da influência francesa na África, a exploração dos recursos naturais do Chade e o fortalecimento do estatuto da África francófona como um baluarte contra a expansão da influência soviética, foram substituídos por atitudes nominalmente anticolonialistas. A eleição do governo socialista na França em 1981 coincidiu com condições de quase anarquia no Chade, levando o Partido Socialista da França a reafirmar sua posição ideológica contra uma intervenção de alto nível na África. Esperando evitar um confronto com a Líbia, o presidente Mitterrand limitou o envolvimento militar francês a uma defesa da região que circundava N'Djamena em 1983 e 1984. Depois, aumentando gradualmente seu compromisso de reforçar a presidência de Habré, ampliou novamente a sua atividade militar no Chade.[6]
Em 1990, a França (juntamente com a Líbia e o Sudão) deu um amplo apoio ao bem-sucedido golpe de Estado de Idriss Déby, que retirou a presidência de Hissene Habré. Desde então, a França tem apoiado Déby de ser destituído do cargo e mantêm uma presença militar no país. Em novembro de 2007, o presidente Nicolas Sarkozy fez uma visita ao Chade. [7] Em 2008, o presidente Sarkozy afirmou que a relação da França com o Chade, desde que foi criada em uma época com um cenário político diferente, deveria ser renegociada ou encerrada. [8] Em julho de 2014, o presidente francês, François Hollande, fez uma visita ao Chade. [9] A França mantém uma base aérea no Aeroporto Internacional de N'Djamena, onde lançou missões humanitárias e de contraterrorismo na República Centro-Africana, no Mali e no Níger.[10]
Comércio
editarEm 2016, o comércio total entre o Chade e a França ascendeu a €211 milhões de euros.[11] As principais exportações do Chade para a França são principalmente goma arábica e petróleo. As principais exportações da França para o Chade incluem: medicamentos, farinha, cereais, equipamentos eletrônicos e automóveis.[11] Empresas multinacionais francesas como a Air France, Le Méridien, Novotel, Société Générale e Total S.A. operam no Chade.
Missões diplomáticas residentes
editarVer também
editarReferências
- ↑ a b Encyclopedia Britannica: Chad - French Administration
- ↑ Félix Éboué
- ↑ De Gaulle in Chad Arquivado em 9 de maio de 2017, no Wayback Machine. (em francês)
- ↑ L'Ambassade du Tchad à Paris: Histoire (em francês)
- ↑ «De Gaulle and his visits abroad». Consultado em 16 de maio de 2017. Arquivado do original em 14 de maio de 2017
- ↑ a b Thomas Collelo. "Relations with France". Chad: A Country Study. Library of Congress Federal Research Division (December 1988). Este artigo incorpora o texto a partir desta fonte, que é de domínio público.
- ↑ Rencontre Deby-Sarkozy à N’Djamena (em francês)
- ↑ Ketil Fred Hansen. «Chad's relations with Libya, Sudan, France and the US». peacebuilding.no. Consultado em 17 de maio de 2017. Arquivado do original em 17 de abril de 2014
- ↑ Visite officielle du Président de la République française au Tchad (em francês)
- ↑ L’armée française en lutte contre le terrorisme dans la bande sahélo-saharienne (em francês)
- ↑ a b Relations économiques bilatérales (em francês)
- ↑ Embassy of Chad in Paris (em francês)
- ↑ Embassy of France in N'Djamena (em francês)
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Chad–France relations».