Relações entre Indonésia e Timor-Leste

As relações entre Indonésia e Timor-Leste referem-se às relações atuais e históricas entre a República da Indonésia e a República Democrática de Timor-Leste.

Relações entre Timor-Leste e Indonésia
Bandeira de Timor-Leste   Bandeira da Indonésia
Mapa indicando localização de Timor-Leste e da Indonésia.
Mapa indicando localização de Timor-Leste e da Indonésia.

A Indonésia invadiu a antiga colónia portuguesa em 1975 e anexou Timor-Leste em 1976, mantendo o território como a sua vigésima sétima província até um referendo patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999, no qual o povo timorense escolheu a independência. Após uma administração provisória das Nações Unidas, Timor-Leste ganhou a independência em 2002.

A Indonésia tem uma embaixada em Díli e Timor-Leste tem uma embaixada em Jacarta e um consulado em Cupão.

História

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Portugal tomou o controlo do território que se tornaria conhecido como Timor Português, em meados do século XVIII, e manteve a metade oriental da ilha (Timor Ocidental foi uma possessão holandesa até a Segunda Guerra Mundial) como uma colónia até a Revolução dos Cravos, de esquerda,[nota 1] em 1974. Portugal declarou a sua intenção de dar independência a sua antiga colónia e partidos locais foram formados, com a intenção de disputar as primeiras eleições livres de Timor-Leste programadas para 1976. A Indonésia, então firmemente enraizada no campo anti-soviético no Sudeste Asiático, ficou alarmada com os partidos de esquerda que pareciam destinados a vencer essa eleição. A Indonésia invadiu o território em 1975 e anexou Timor-Leste no ano seguinte. A subsequente ocupação da região por vinte e quatro anos causou grandes danos às relações diplomáticas da Indonésia e à sua reputação internacional. [2]

As Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (Falintil), a ala armada do partido político esquerdista[nota 2] timorense Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), tornou-se a principal fonte de resistência à anexação da Indonésia, mas a resistência militar acabou por ser eliminada. O poeta e guarda-redes semiprofissional José Alexandre Gusmão liderou vinte anos de insurreição de baixo nível e pressão diplomática contra a ocupação. Gusmão, apelidado de Xanana por seus seguidores, tornou-se o primeiro presidente de Timor-Leste após sua independência.[4]

Independência de Timor-Leste

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Manifestação internacional apoiando os resultados do referendo de Timor-Leste em setembro de 1999, numa altura em que as tropas indonésias realizavam uma campanha de terra queimada no país.

Após a renúncia forçada de Hadji Mohamed Suharto em 1998, seu vice-presidente e sucessor, Bacharuddin Jusuf Habibie, ofereceu um referendo surpresa sobre a independência de Timor-Leste.[5] Depois que 78% dos timorenses escolherem a independência no referendo, Habibie foi atacado por todo o espetro político indonésio por trair os interesses nacionais e perdeu as poucas chances que possuía de manter a presidência nas eleições de outubro de 1999 na Indonésia. [6] Ele foi substituído por Abdurrahman Wahid, um firme opositor da independência timorense.

Partes do exército indonésio foram fortemente contra a independência de Timor-Leste e passou grande parte de 1998 e 1999 armando partidários pró-Indonésia e organizando ataques a grupos independentistas. Poucas horas após os resultados do referendo serem anunciados pelo enviado especial da ONU a Timor-Leste, Jamsheed Marker, os militares indonésios decretaram um plano de terra queimada no território, destruindo mais da metade da infraestrutura fixa do território, matando cerca de mil e quinhentos timorenses e deslocando outras trezentas mil pessoas ao longo das próximas semanas, até que uma força de manutenção da paz da ONU liderada pela Austrália chegou ao país a 20 de setembro de 1999. [7]

A Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste (UNTAET) prestou uma administração civil provisória e uma missão de manutenção da paz no território de Timor-Leste, desde a sua criação em outubro de 1999,[8] até a independência do território a 20 de maio de 2002.

Notas e referências

Notas

  1. Citação: «Pouco depois da meia-noite de 25 de abril de 1974, jovens oficiais de esquerda do Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubaram a ditadura nacionalista portuguesa de quarenta e oito anos... (que) passou a ser conhecida como "Revolução dos Cravos[1]
  2. Citação: «A Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente foi criada por uma elite mestiça formada nos seminários com ligações a grupos de esquerda tanto em Portugal, como nas suas colónias africanas[3]

Referências

  1. Diamond, Larry (2008). The Spirit of Democracy: The Struggle to Build Free Societies Throughout the World (em inglês). Nova Iorque: St. Martin's Press. p. 39. ISBN 978-0805089134 
  2. Schwarz, Adam (1999). «capítulo 8: East Timor: The little pebble that could». A Nation in Waiting: Indonesia's Search for Stability (em inglês) 2.ª ed. Nova Iorque: Westview Press. p. 194. ISBN 9780786743278 [ligação inativa]
  3. Leifer, Michael (2001). Dictionary of the modern politics of South-East Asia (em inglês). Londres: Taylor & Francis. p. 115. ISBN 9780415238755 
  4. Murphy, Dan (20 de maio de 2002). «The president behind the nation». The Christian Science Monitor (em inglês) 
  5. Hafidz, Tatik S. Fading away?: The political role of the army in Indonesia’s transition to democracy, 1998–2001 (em inglês). 8. Singapura: Instituto de Defesa e Estudos Estratégicos. p. 43. ISBN 9789810540852 
  6. «Criticisms mount over Habibie's East Timor decision». The Jakarta Post (em inglês). 7 de setembro de 1999 
  7. John McBeth e Dan Murphy (16 de setembro de 1999). «Scorched Earth». Far Eastern Economic Review (em inglês): 10–14 
  8. Conselho de Segurança das Nações Unidas S/RES/1272(1999) Resolução 1272 S-RES-1272(1999) em 1999