Literatura de viagem
Literatura de viagem, também referida como literatura odepórica (do grego clássico: ὁδοιπορικός, "viagens"[1]), é um gênero literário que consiste geralmente em uma narrativa acerca das experiências, descobertas e reflexões de um viajante durante seu percurso. Ilustra as pessoas, os eventos e aquilo que o autor vê ou sente, quando se encontra num país estrangeiro ou em lugar estranho. Não é necessariamente um guia mas um relato daquilo que experimenta ou sente o autor-viajante, ao se encontrar diante de novos territórios e diferentes culturas.
O texto exibe geralmente uma coerência narrativa ou estética, de modo que a aventura pessoal do autor assume uma dimensão bem mais ampla, universal, diferenciando-se dos diários de viagem ou dos diários de bordo, que se caracterizam pelo simples registro de datas e eventos. Na literatura de viagem, os textos apresentam um caráter interdisciplinar, situando-se na fronteira entre a história, a antropologia e a ficção, além de eventualmente tratar de temas técnicos e científicos que o autor julgue dignos de menção. Temas frequentes são a descrição da fauna, flora e minerais encontrados na região; costumes, crenças, características militares e comerciais, ciências, artes e formas de organização dos povos com os quais o autor teve contato.
Classificações
editarA literatura de viagens tradicional (aquela compreendida entre o século XV e o fim do século XIX) pode ser classificada em cinco categorias de viagens
- de peregrinação
- de comércio
- de erudição (ou de serviço)
- imaginárias
- de expansão
As viagens de expansão subdividem-se viagens de expansão política, expansão da fé e expansão científica. Alguns exemplos:
- Códice Calixtino, coletânea de textos de peregrinos que faziam o Caminho Francês de Santiago (peregrinação).
- "As Viagens" de Marco Polo (comércio).
- "Carta de Achamento do Brasil", de Pero Vaz de Caminha (expansão).
- "Journal de Voyage", de Michel de Montaigne (erudição).
- "As Viagens de Gulliver", romance de Jonathan Swift (imaginária).
Ver também
editarReferências
- ↑ Nogueira, Paulo César GiordanoA literatura odepórica e a peregrinação jacobea: um estudo sobre a espiritualidade nos relatos de viagem dos peregrinos brasileiros no Caminho de Santiago. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,2008.
Bibliografia
editar- Batten, Charles Lynn, Pleasurable Instruction: Form and Convention in Eighteenth Century Travel Literature (1978)
- Chatzipanagioti, Julia: Griechenland, Zypern, Balkan und Levante. Eine kommentierte Bibliographie der Reiseliteratur des 18. Jahrhunderts. 2 Vol. Eutin 2006. ISBN 3981067428
- Romano, Luís Antônio Contatori. Viagens e Viajantes: uma literatura de viagens contemporânea. Estação Literária. Londrina, Volume 10B. ISSN 1983-1048.
- Speake, Jennifer (2003), ed. Literature of Travel and Exploration: An Encyclopedia. 3 vol. [N.p.]: Routledge. ISBN 1-57958-247-8.
- Stolley, Karen. El lazarillo de ciegos caminantes: un itinerario crítico. Ediciones del Norte. (1992)
- Fussell, Paul Jr. "Patrick Brydone: The Eighteenth-Century Traveler as Representative Man." Literature as a Mode of Travel. New York Public Library Bulletin. (1963)
Ligações externas
editar- Relatos sobre o Brasil feitos por estrangeiros nos séculos XVII a XIX — Portal da Câmara dos Deputados
- «Travel-Writers-Exchange.com» (em inglês)
- «Studies in travel writing» (em inglês)
- «International Society for Travel Writing» (em inglês)
- «The Literature of Travel, 1700–1900.» (em inglês). The Cambridge History of English and American Literature (1907–1921).