Republikanischer Schutzbund

O Republikanischer Schutzbund (de, "Liga de Proteção Republicana") foi uma organização paramilitar austríaca fundada em 1923 pelo Partido Social-Democrata da Áustria (SDAPÖ) para defender a Primeira República Austríaca[1] diante da crescente radicalização política após a Primeira Guerra Mundial.

Republikanischer Schutzbund em marcha, 1930

O Schutzbund, cujo número de membros atingiu cerca de 100.000 homens em 1925, era armado e organizado em moldes militares. Durante a Revolta de Julho de 1927, colaborou com as autoridades para conter a violência, mas ficou à margem do Putsch de Pfrimer em setembro de 1931, pois este fracassou rapidamente.

Sob o governo austrofascista de Engelbert Dollfuss, o Schutzbund foi banido em 31 de março de 1933,[2] e a polícia austríaca começou a prender seus membros e confiscar armas. Em 12 de fevereiro de 1934, quando as forças governamentais tentaram revistar a sede do partido social-democrata em Linz em busca de armamento, membros locais do Schutzbund abriram fogo, desencadeando a Guerra Civil Austríaca. O Schutzbund foi rapidamente derrotado pela superioridade numérica e de armamentos da polícia e do Exército Austríaco. Muitos membros foram presos e nove homens foram executados, entre eles líderes proeminentes da organização. O Partido Social-Democrata foi banido, e com ele o Republikanischer Schutzbund deixou de existir.

História

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1918–1927

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Organizações precursoras

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Devido à desordem política e administrativa na Áustria no pós-guerra imediato, a segurança pública não podia ser garantida apenas pelo Estado. Para proteger fábricas e a população de saqueadores, foram formadas forças policiais civis improvisadas em várias partes do país. As mais significativas foram estabelecidas pelos socialistas em novembro de 1918 para garantir a fundação da Primeira República Austríaca.[3]

Em resposta à formação de milícias de direita em grande escala, as milícias operárias (Arbeiterwehren) foram mantidas mesmo após a restauração da ordem pública. Elas formaram o núcleo organizacional do futuro Schutzbund.[3]

Em 1920, o Partido Social-Democrata da Áustria oficializou a fusão das várias milícias operárias em uma única milícia unificada, que inicialmente permaneceu desarmada. A decisão foi uma resposta às ameaças representadas pelo novo governo de Miklós Horthy na Hungria e por grupos paramilitares de direita que cruzavam a fronteira vindos da Baviera. Durante os conflitos com milicianos húngaros pelo controle do Burgenland, a milícia operária consolidada recebeu armas do Estado austríaco.[4]

Desenvolvimento

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Julius Deutsch, um dos fundadores do Republikanischer Schutzbund

Em 1921, Julius Deutsch, que havia sido ministro da Defesa da Áustria, defendeu a transformação da única milícia operária unificada do país em uma organização partidária consolidada e bem organizada. Após debates internos, Deutsch propôs em 1922 a criação do Republikanischer Schutzbund, que foi registrado oficialmente junto ao governo federal em 1923.[5]

Entre 1923 e 1927, houve diversos confrontos entre as principais forças políticas do período e seus grupos paramilitares — os socialistas com o Schutzbund e o partido conservador Partido Social Cristão com as Heimwehr (Guarda Nacional) e outras organizações paramilitares. O Partido Nazista Austríaco também crescia em importância, entrando em confronto tanto com socialistas quanto com conservadores cristãos.

Revolta de Julho de 1927

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Antecedentes

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Em janeiro de 1927, membros do Schutzbund de Schattendorf, no estado de Burgenland, entraram em confronto com integrantes da associação de ex-combatentes de direita (Frontkämpfervereinigung), ligada à Heimwehr. O incidente resultou em um ataque dos direitistas, que abriram fogo contra os socialistas, matando um veterano de guerra e uma criança de seis anos.[6]

O caso gerou protestos em toda a Áustria, culminando na Revolta de Julho de 1927.

 
Manifestantes diante do incêndio no Palácio da Justiça de Viena durante a Revolta de Julho de 1927

Consequências

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A repressão à revolta resultou em 84 mortes e mais de mil feridos, incluindo 11 mortos e 34 feridos entre os membros do Schutzbund.[7]

Referências

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  1. Compare: Kitchen, Martin (1980). «The Schutzbund». The Coming of Austrian Fascism. Col: Routledge Library Editions: Racism and Fascism. [S.l.]: Routledge (publicado em 2015). ISBN 9781317389279. Consultado em 21 de setembro de 2022. Em 12 de abril de 1923, os estatutos do Schutzbund foram formalmente aprovados pelo Ministério Federal do Interior e Educação. Nos estatutos, o objetivo do Schutzbund foi claramente declarado. Sua finalidade era defender a constituição, ajudar as autoridades a manter a ordem pública e proteger o governo contra qualquer tentativa de golpe, além de prestar assistência em caso de catástrofes naturais e proteger reuniões de organizações republicanas. Os estatutos também afirmavam que o Schutzbund era uma organização não militar dedicada ao desenvolvimento intelectual e físico de seus membros, com ênfase especial em marchas e bandas musicais [...]. [...] Por meio de uma estrutura organizacional complexa, o Schutzbund foi gradualmente se tornando o exército privado do Partido Social-Democrata [...]. 
  2. «DöW - Documentation Center of Austrian Resistance». braintrust.at. Consultado em 5 de julho de 2015. Cópia arquivada em 5 de março de 2016 
  3. a b McLoughlin 1990, p. 14.
  4. McLoughlin 1990, p. 15.
  5. McLoughlin 1990, p. 16 f.
  6. McLoughlin 1990, p. 132 ff.
  7. McLoughlin 1990, p. 197, 220.

Ligações externas

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