Rita Moreira
Rita Moreira (São Paulo, 01 de novembro de 1944[1]) é uma cineasta, jornalista e escritora brasileira. Seus documentários são especialmente famosos por envolverem questões sociais, geralmente dando ênfase à porções da sociedade colocadas à margem nos grandes centros urbanos e aos temas relacionados ao feminismo.[2][3][1] Suas temáticas englobam desde crianças abandonadas e racismo até questões de gênero e sexualidade,[4] sendo seus vídeos considerados um marco da abordagem feminista da década de 70 e 80.[3]
Rita Moreira | |
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Nascimento | 1 de novembro de 1944 (80 anos) São Paulo |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | realizadora de cinema |
Obras destacadas | Temporada de Caça |
Mudou-se para Nova Iorque em 1972 ao lado de sua companheira, a cineasta Norma Bahia Pontes[5][6]. Lá, ambas estudaram vídeo documentário na New School for Social Reseach em Nova Iorque.[1][4][2] Junto a Norma, produziu o vídeo Lesbian Mother (Mães Lésbicas, 1972) sobre mães em relacionamentos lésbicos e She Has a Beard (1975), em que aborda questões sobre a feminilidade relacionada aos pelos faciais em mulheres.[3][4] O primeiro foi resultado do curso e foi o representante da New School no primeiro Festival de Vídeo de Tóquio.[4] Já o segundo faz parte da série Living in New York City, um projeto pelo qual Norma recebeu uma bolsa da Fundação Gugennheim e ainda incluía o vídeo Walking Around (1977) com a temática da apreciação da cidade de Nova Iorque em si. O vídeo The Apartment (1975–56) também fez parte da mesma série.[4][3]
De volta ao Brasil a partir da década de 1980[2], Rita Moreira produziu os vídeos A Dama do Pacaembu (1981), dirigido em parceria com Maria Luísa Leal,[7] que mostra a vida de uma mulher em situação de rua na área nobre do bairro Pacaembu, e Temporada de Caça (1988), sobre homofobia no período da redemocratização.[3] Em 1995, foi agraciada com a bolsa audiovisual conjunta das fundações Rockefeller-MacArthur-Lampadia no valor de quinze mil dólares para gravar O Outro e Eu.[8]
Como jornalista, enquanto estava em Nova Iorque na década de 70 foi correspondente do semanário Opinião. Também escreveu para as revistas Realidade e Nova, além de trabalhar no editorial de órgãos como Nova Cultural, Globo, e Time-Life. Para a Nova Cultural, inclusive, foi a responsável pela seção de etimologia da Enciclopédia Larousse. Além disso, publicou livros de poesia, como Maria Morta em Mim (1963), escrito quando ainda tinha dezessete anos,[9] A Hora do Maior Amor (1965), Perscrutando o Papaia (1999),[10] e Coração de Ontem (2015).[5]
- Lesbian Mother (Living in NYC Series) (1972)
- Lesbianism Feminism (1974)
- Born in a Prison (Living in NYC Series) (1974)
- On Drugs (Living in NYC Series) (1974)
- Walking Around (Living in NYC Series) (1974)
- She has a Beard (Living in NYC Series) (1975)
- The Apartment (Living in NYC Series) (1975)
- A Dama do Pacaembu (1981)
- As Sibilas (1987)
- Se o Rei Zulu já não pode andar nu (1987)
- A Raça na Praça (1988)
- Temporada de Caça (documentário) (1988)
- Terra Santa (1988)
- Dias de Euforia (1989)
- Febem: O Começo do Fim (1991)
- Aborto não é Crime (1995)
- O Outro e Eu (1997)
- Uma questão de gênero (1998)
- SOS Criança
- Diferenças
- Casa Aberta
- Brazil 2014: What do you know about? (2014)
- Caminhada Lésbica por Marielle (2018)
- Ti-Grace Atkinson: Uma biografia de ideias (2019)
Referências
- ↑ a b c «Rita Moreira». Associação Cultural Videobrasil. Consultado em 21 de dezembro de 2016
- ↑ a b c d Nunes, Alina (2020). «Arte longa, vida breve: Rita Moreira, feminismo em cena». Revista Aedos: Revista discente do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGH-UFRGS). 11 (25). Consultado em 12 de março de 2022
- ↑ a b c d e Sobrinho, Gilberto Alexandre (junho de 2004). «Vídeo e televisão independentes no Brasil e a realização de documentários». Lumina. 8 (1): 17–18. Consultado em 21 de dezembro de 2016
- ↑ a b c d e Maier, Tobi (dezembro de 2013). «She has a beard». Permanente. 2 (4). Consultado em 21 de dezembro de 2016
- ↑ a b «Jornalista Rita Moreira lança seu terceiro livro de poesia, 'Coração de Ontem'». Caras. 3 de dezembro de 2015. Consultado em 21 de dezembro de 2016
- ↑ a b Perez, Lívia (15 de dezembro de 2020). «Do Cinema Novo ao vídeo lésbico feminista: a trajetória de Norma Bahia Pontes». Rebeca - Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (2): 20–45. ISSN 2316-9230. doi:10.22475/rebeca.v9n2.692. Consultado em 12 de março de 2022
- ↑ Machado, Arlindo (2007). Made in Brasil: três décadas do vídeo brasileiro. [S.l.]: Iluminuras. p. 40. ISBN 9788573212716
- ↑ Labaki, Amir (19 de abril de 1995). «Jovens cineastas se consagram no exterior». Folha de S.Paulo. Consultado em 21 de dezembro de 2016
- ↑ «Livros da Semana». Correio da Manhã. 27 de abril de 1963. Consultado em 21 de dezembro de 2016
- ↑ Menezes, Cynara (29 de dezembro de 1999). «Brasiliense ressurge com "Cantadas"». Folha de S.Paulo. Consultado em 21 de dezembro de 2016