Roda da cidade inteligente
A roda da Cidade inteligente (Smart City Wheel) é um framework que pode ser usado como benchmark para cidades inteligentes e para o planejamento de estratégias para modernizar o funcionamento de uma cidade. A ferramenta foi desenvolvida pelo professor e estrategista climático Boyd Cohen e divulgada por ele no ano de 2012.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f3/Roda_da_Cidade_Inteligente.png/220px-Roda_da_Cidade_Inteligente.png)
O que é uma Cidade Inteligente
editarEspecialistas preveem que em 2050[1] a população nas cidades vai dobrar de valor, e para gerenciar toda essa população é necessário criar um espaço urbano "inteligente", isto é, fazer com este espaço seja eficiente nos serviços que oferece, a população tenha uma boa qualidade de vida e reduza gastos. Outra visão, aponta que para uma cidade possa ser considerada inteligente basta fazer um vasto uso da chamada Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Uma definição que combina essas duas visões:
"Investimentos em capital humano e social, em infraestrutura tradicionais e modernas de TIC alimentam um desenvolvimento sustentável e uma alta qualidade de vida, com um amplo gerenciamento de recursos naturais, através de engajamento e ações participativas.".[2]
A Roda da Cidade Inteligente
editarA roda constitui-se de duas partes (círculos), no círculo mais interno estão as 6 dimensões principais que formam uma cidade inteligente, quando falamos em planejamento, as 6 dimensões podem ser interpretadas como as principais aspirações para o desenvolvimento de uma estrategia. Esses componentes[3] (dimensões) são:
- Economia inteligente: preocupado com o quão atrativo e competitivo a região é no que diz respeito a fatores como o estímulo da inovação, o espírito empreendedor, a produtividade e o apelo internacional.
- Ambiente inteligente: de acordo com Mark Weiser, promove as idéias de "um mundo físico que é ricamente e invisivelmente entrelaçados com sensores, atuadores, monitores e elementos computacionais, incorporados perfeitamente nos objetos do cotidiano de nossas vidas, e conectados através de uma rede contínua.".[4]
- Governo inteligente: é sobre como usar a tecnologia para facilitar e apoiar um melhor planeamento e tomada de decisões.
- Vida inteligente: esta dimensão foca em pontos que influenciam a qualidade de vida, ser um lugar agradável para se viver, trabalhar e passar o tempo.
- Mobilidade inteligente: fornecer um sistema de transporte com várias opções, eficiente, seguro e confortável, que está ligada a infra-estrutura de TI e de dados abertos.
- Pessoas inteligente: é o nível de criatividade e a qualidade da interação social entre as pessoas.
A outra parte da roda, o círculo mais externo, mostram os 3 principais condutores para cada componente, somando 18 no total.
Aplicação
editarO próprio Cohen[5] propõe alguns passos para a utilizar da ferramenta no planejamento de uma cidade. Primeiramente deve-se definir os objetivos futuros e engajar a população nessa visão. Após essa etapa, a cidade deve avaliar sua situação atual, de acordo com as indicadores (métricas) estabelecidas e os dados obtidos, definir medidas que possam servir de ponto de partida. Por fim, as cidades devem criar seus próprios benchmarks e indicadores baseados nas suas necessidades. A definição de objetivos próprios por cada cidade é indispensável no desenvolvimento de uma Cidade Inteligente, pois suas necessidades e desafios são baseados na sua densidade demográfica, topografia e infra-estrutura existente. Outra recomendação do criador da ferramenta é começar com metas pequenas, que possam ser atingidas sem dificuldade, auxiliando para mudanças maiores.
Em um trabalho recente Cohen[6] criou um ranking global de cidades inteligentes, e, no processo de desenvolvimento, ele utilizou sua estratégia e a roda para formular uma tabela com 4 campos onde, além das dimensões e dos condutores, foram definidos 62 indicadores e suas descrições. Esses indicadores representam métricas, ou seja, são aspectos urbanos com valores mensuráveis, por exemplo: qualidade do ar, consumo de água, transporte público, dados abertos, etc. Essas métricas servem para a cidade avaliar sua situação em comparação a outras cidades e para o estabelecimento de metas.
Classificação das métricas
editarPara entender o que é uma métrica deve-se responder a pergunta: O que pode ser medido numa cidade? A Roda da Cidade Inteligente é apenas um tipo de classificação de métricas. Para classificarmos as métricas temos que focar em 3 contextos:
- Necessidades atuais: as métricas aqui visam os direitos humanos, respeito, diversidade, etc. Como por exemplo: liberdade pessoal, segurança, privacidade, comunicação, etc.
- Necessidades futuras: aqui temos fundamentadas questões de sobrevivência para o futuro. Como por exemplo: energia, água, clima, qualidade do ar, comida, economia, etc.
- Tecnologia da informação e comunicação: prover assistência durante a vida do cidadão, constituindo uma infraestrutura de comunicação e acompanhamento dos acontecimentos. Como por exemplo: internet, conectividade, tecnologias nos negócios, saúde, educação, etc.
Um ponto importante para que se possa tomar decisões e fazer uma análise das métricas é ter um sistema para obtenção para dados. Através de processos de mineração de dados essas informações que foram coletadas tomam forma em uma estrutura que pode ser entendida, esta é a principal importância de manterem os dados sobre vigilância.
Exemplos de Cidades Inteligentes
editarPara entender melhor sobre as métricas e o que cada cidade faz para serem destaques, abaixo estão algumas informações sobre as duas das principais cidades mais bem conceituadas quando o assunto é cidades inteligentes.
- Viena, Áustria
A cidade de Viena é o melhor exemplo para exemplificar o conceito de uma Cidade Inteligente. Em 2011 o prefeito lançou o projeto Viena, Cidade Inteligente (Smart City Wien) [7] que agrupou diversos programas: Plano de Mobilidade Integrada, Programa de Eficiência Energética de Viena[8] e Plano de Proteção Climática,[9] e muitos outros onde todos fazem parte de uma abordagem integrada com a participação da população. O programa Viena Cidade Inteligente tem objetivos a longo prazo, para 2050, com base em três pilares: Recursos, Quality de Vida, Inovação. Algumas das metas estabelecidas são[10]:
- Energia: até 2050, 50% da energia consumida irá provir de fontes renováveis.
- Mobilidade: redução na taxa de veículos motorizados por indivíduo de 28% para 15% até 2030.
- Inovação: até 2030, o triângulo Viena–Brno–Bratislava será uma das regiões mais inovadoras da Europa e até 2050 Viena estará entre as 5 cidades mais inovadoras do continente europeu.
- Toronto, Canadá
Em 2014, a cidade de Toronto recebeu o prêmio de "Comunidade mais intelegente do ano" no Intelligent Community Forum,[11] possuindo a melhor taxa de crescimento no setor financeiro da América do Norte.[12] Na sua proposta, enfatiza-se diversas vezes a cultura de tolerância, diversidade, colaboração e profissional.
Durante o evento, Toronto foi descrita como uma cidade com um futuro promissor, por ter ações para renovar os investimentos entre a cidade, indústria, trabalhadores, educadores e o governo para melhorar a competitividade e estimular o crescimento sustentável da economia. Um exemplo de projeto sendo implementado na cidade é o Waterfront Toronto,[13] que fará durante os próximos 30 anos uma renovação da área urbana, revitalizando 800 hectares de antigas áreas industriais na região portuária com casas, parques e espaços comerciais. Em todos os prédios novos que serão construídos irá existir ponto com conexão a internet WiFi de última geração, a intenção é coletar dados de todas as fontes através da cidade e da indústria.
Ver também
editarReferências
editar- ↑ «What Makes a 'Smart City'?». 2013. Consultado em 4 de julho de 2015. Arquivado do original em 5 de julho de 2015
- ↑ Caragliu, A; Del Bo, C. & Nijkamp, P (2009). «Smart cities in Europe». VU University Amsterdam, Faculty of Economics, Business Administration and Econometrics. Serie Research Memoranda 0048. Consultado em 4 de julho de 2015. Arquivado do original em 1 de novembro de 2013
- ↑ «6 Key Components for Smart Cities». 19 de dezembro de 2014. Consultado em 1 de Julho de 2015
- ↑ «The origins of ubiquitous computing research at PARC in the late 1980s» (PDF). 1999
- ↑ Cohen, Boyd (20 de Novembro de 2014). «What Exactly Is A Smart City?». Consultado em 1 de Julho de 2015
- ↑ Cohen, Boyd (19 de Setembro de 2012). «The Smartest Cities In The World 2015: Methodology». Consultado em 1 de Julho de 2015
- ↑ «Smart City Wien»
- ↑ «Energy and Urban Energy Efficiency Programme Co-ordination (SEP)». Consultado em 4 de julho de 2015. Arquivado do original em 5 de julho de 2015
- ↑ «KLiP - The City of Vienna's Climate Protection Programme»
- ↑ «Smart City Wien Framework Strategy Overview» (PDF). 2013
- ↑ «Most intelligent city? Third time's the charm for Toronto». 11 de Junho de 2014. Consultado em 1 de Julho de 2015
- ↑ Gillette, Jay (9 de junho de 2014). «Toronto cracks winner's circle in Smart City competition». Consultado em 1 de Julho de 2015
- ↑ Berst, Jesse (25 de setembro de 2013). «Attracting tech talent: Waterfront Toronto moves forward». Consultado em 1 de Julho de 2015