Rubroboletus pulcherrimus
A Rubroboletus pulcherrimus, conhecida até 2015 como Boletus pulcherrimus, e comumente conhecida na língua inglesa como boleto de poros vermelhos,[1] é uma espécie de cogumelo da família Boletaceae. É um boleto grande do oeste da América do Norte que possui características peculiares que incluem uma superfície em forma de rede no estipe, píleo e estipe de cor vermelha a marrom e poros vermelhos que ficam azuis quando feridos. Até 2005, esse era o único boleto que estava relacionado à morte de alguém que o consumiu; duas pessoas desenvolveram sintomas gastrointestinais em 1994 depois de comerem esse fungo e uma delas sucumbiu. A autópsia revelou infarto do intestino médio.
Rubroboletus pulcherrimus | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Rubroboletus pulcherrimus (Thiers e Halling) D.Arora, N. Siegel e J.L.Frank (2015) | |||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||
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Taxonomia
editarOs micologistas americanos Harry D. Thiers e Roy E. Halling estavam cientes da confusão existente na costa oeste da América do Norte com relação aos boletos de poros vermelhos; duas espécies eram tradicionalmente reconhecidas - Boletus satanas e Boletus eastwoodiae. No entanto, eles suspeitavam fortemente que o holótipo da última espécie era, na verdade, a primeira. Ao revisar o material, eles publicaram um novo nome para o táxon, sobre o qual Thiers havia escrito anteriormente em guias locais como B. eastwoodiae, após perceberem que esse nome era inválido. Assim, em 1976, eles descreveram formalmente Boletus pulcherrimus,[2] do latim pulcherrimus, que significa "muito bonito".[3] A espécie foi transferida para o gênero Rubroboletus [en] em 2015, juntamente com várias outras espécies relacionadas de boletos de coloração avermelhada e que mancham-se de azul, como a Rubroboletus eastwoodiae e Rubroboletus satanas [en].[4]
Descrição
editarCom várias tonalidades de marrom-oliva a marrom-avermelhado, o píleo as vezes pode atingir 25 cm de diâmetro e tem formato convexo antes de se achatar na maturidade. A superfície do píleo pode ser lisa ou aveludada quando novo, mas pode ser escamado em espécimes mais velhos; a margem do píleo é curvada para dentro em espécimes novas, mas se gira para fora e se achata à medida que amadurece.[2]
O píleo pode atingir uma espessura de 3 a 4 cm quando maduro.[5] A superfície porosa adnata (presa diretamente ao estipe) é vermelho vivo a vermelho escuro ou marrom-avermelhado e quando ferida apresenta hematomas azuis escuros ou pretos; há de 2 a 3 poros por mm em espécimes novas e, na maturidade, eles se expandem para cerca de 1 ou 2 por mm.[5] Na seção transversal, os tubos e a carne são amarelos.[6] Os tubos têm entre 0,5 e 1,5 cm de comprimento, enquanto os poros angulares têm até 1 mm de diâmetro; a cor dos poros pode variar de vermelho-escuro em espécimes novas a marrom-avermelhado com o amadurecimento. Os poros apresentam uma coloração azulada quando cortados ou feridos.[2] O estipe sólido e firme tem de 7 a 20 cm de comprimento e espessura de até 10 cm de diâmetro na base, antes de afinar para 2 a 5 cm no topo. Sua cor é amarela ou marrom-amarelada e apresenta uma rede de reticulações vermelhas nos dois terços superiores de seu comprimento. A esporada é marrom-oliva. O sabor da carne é reportado como suave,[1] e o odor indistinto[5] ou "levemente perfumado".[7]
Características microscópicas
editarOs esporos são fusiformes ou elípticos, de paredes espessas, lisos e têm dimensões de 13-16 por 5,5-6,5 μm. Os basídios, as células portadoras de esporos, têm formato de taco (clavado), conectados a 1 a 4 esporos e têm dimensões de 35-90 por 9-12 μm. Os cistídios (células estéreis, não portadoras de esporos, encontradas intercaladas entre os basídios) no himênio têm dimensões de 33-60 por 8-12 μm. As fíbulas estão ausentes nas hifas.[2]
Espécies semelhantes
editarEmbora os basidiomas relativamente grandes da R. pulcherrimus sejam característicos, eles podem ser confundidos com espécies superficialmente semelhantes, como a Rubroboletus eastwoodiae; mas esta última espécie tem um estipe muito mais espesso. Outra espécie semelhante é a Rubroboletus haematinus, que pode ser distinguida por seu estipe mais amarelado e pelas cores do píleo que são vários tons de marrom.[8] Seu píleo mais escuro e a falta de reticulação no estipe a diferenciam da R. satanas.[2] A Neoboletus luridiformis [en] cresce em carvalhos, é menor e tem estipe não reticulado.[9]
Distribuição e habitat
editarA Rubroboletus pulcherrimus é encontrada no oeste da América do Norte, desde o Novo México e Califórnia até Washington, e é possível que ocorra na Colúmbia Britânica, no Canadá. Uma fonte nota que a espécie cresce em baixas altitudes na Cordilheira das Cascatas e nas Montanhas Olímpicas;[6] enquanto outra alega que ela cresce em altas altitudes, acima de 1.500 m.[7] O cogumelo frutifica no outono e, embora uma fonte afirme que "nunca cresça em grupos",[10] outra fonte descreve que ele pode crescer isoladamente ou em grupos em húmus em florestas mistas.[1][11] Na publicação original que descreve a espécie, Thiers e Halling observam que ela está associada a florestas mistas que contêm Notholithocarpus densiflorus, abeto-de-douglas (Pseudotsuga menziesii) e Abies grandis [en].[2] Smith e Weber mencionam o aumento da frutificação após chuvas quentes e pesadas no outono após um verão úmido.[12]
Toxicidade
editarEm geral, os boletos de poros vermelhos que ficam azul quando feridos devem ser evitados para consumo.[7] Thiers alertou que a espécie Rubroboletus pulcherrimus pode ser tóxica depois de ser alertado sobre sintomas gastrointestinais graves em uma pessoa que apenas o havia provado.[13] Anos mais tarde, em 1994, um casal desenvolveu sintomas gastrointestinais depois de comer esse cogumelo e o homem morreu em consequência disso. Uma autópsia posterior revelou que ele havia sofrido um infarto do intestino médio.[14] O Rubroboletus pulcherrimus foi o único boleto implicado na morte de alguém que o consumiu. Sabe-se que ele contém baixos níveis de muscarina, uma toxina do sistema nervoso periférico.[15] Um relatório de 2005 da Austrália registrou uma fatalidade por síndrome muscarínica após o consumo de um cogumelo do gênero Rubinoboletus (mas possivelmente uma espécie de Chalciporus).[16]
Veja também
editarReferências
editar- ↑ a b c Arora D. (1986). Mushrooms Demystified: A Comprehensive Guide to the Fleshy Fungi. Berkeley, CA: Ten Speed Press. ISBN 978-0-89815-169-5
- ↑ a b c d e f Thiers HD, Halling RE (1976). «California Boletes V. Two New Species of Boletus». Mycologia. 68 (5): 976–83. JSTOR 3758713. doi:10.2307/3758713
- ↑ Simpson DP. (1979). Cassell's Latin Dictionary 5 ed. London: Cassell Ltd. p. 883. ISBN 978-0-304-52257-6
- ↑ Frank JL. (2015). «Nomenclatural novelties» (PDF). Index Fungorum (248). Consultado em 18 julho 2024
- ↑ a b c Wood M, Stevens F (2009). «California Fungi—Boletus pulcherrimus». California Fungi. Consultado em 19 julho 2024. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2009
- ↑ a b Ammirati JF, McKenny M, Stuntz DE (1987). The New Savory Wild Mushroom. Seattle: University of Washington Press. p. 9. ISBN 978-0-295-96480-5
- ↑ a b c Tylukti EE. (1987). Mushrooms of Idaho and the Pacific Northwest Vol. 2 Non-gilled hymenomycetes. Moscow, Idaho: The University of Idaho Press. pp. 26–28. ISBN 978-0-89301-097-3
- ↑ Arora D. (1991). All that the Rain Promises and more: a Hip Pocket Guide to Western Mushrooms. Berkeley, Calif: Ten Speed Press. p. 167. ISBN 978-0-89815-388-0
- ↑ Desjarind D.E, Wood M.G, Stevens F.A. (2015). California Mushrooms. The comprehensive identification guide. Portland, Oregon: Timber Press. p. 354. ISBN 978-1-60469-353-9
- ↑ Castellano MA, Smith JE, O'Dell T, Cázares E, Nugent S (1999). Handbook to Strategy 1 Fungal Species in the Northwest Forest Plan: Boletus pulcherrimus (PDF). Portland, OR: U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Pacific Northwest Research Station. Consultado em 29 de julho de 2024
- ↑ Ammirati JF, Traquair JA, Horgen PA (1985). Poisonous Mushrooms of the Northern United States and Canada. Minneapolis: University of Minnesota Press. pp. 241–42. ISBN 978-0-8166-1407-3
- ↑ Weber NS, Smith AH (1980). The Mushroom Hunter's Field Guide. Ann Arbor, Mich: University of Michigan Press. p. 105. ISBN 978-0-472-85610-7
- ↑ Thiers HD. (1975). California Mushrooms—A Field Guide to the Boletes. New York: Hafner Press. ISBN 978-0-02-853410-7
- ↑ Benjamin DR. «Red-pored boletes»: 359–360 in: Mushrooms: Poisons and Panaceas—A Handbook for Naturalists, Mycologists and Physicians. [S.l.]: New York: WH Freeman and Company. 1995
- ↑ Miller HR, Miller OK (2006). North American Mushrooms: a Field Guide to Edible and Inedible Fungi. Guilford, Conn: Falcon Guide. p. 381. ISBN 978-0-7627-3109-1
- ↑ Pauli, John L.; Foot, Carole L. (2005). «Fatal muscarinic syndrome after eating wild mushrooms». The Medical Journal of Australia. 182 (6): 294–295. ISSN 0025-729X. PMID 15777146. doi:10.5694/j.1326-5377.2005.tb06705.x