Ruscus aculeatus L.[1], comummente conhecida como gilbardeira[2] (também grafado gibaudeiro[1], gilberdeira[3], gibalbeira[4], gilbarbeiro[4] e gilbarbeira) , é uma espécie de fanerógama arbustiva, perenifólia, pertencente à família das asparagáceas[5].

Como ler uma infocaixa de taxonomiaRuscus aculeatus,
gilbardeira

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Plantae
Sub-reino: Tracheobionta
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Subclasse: Liliidae
Ordem: Asparagales
Família: Asparagaceae
Subfamília: Nolinoideae
Género: Ruscus
Espécie: R. aculeatus
Nome binomial
Ruscus aculeatus
L.
Flores de Ruscus aculeatus.
Ruscus aculeatus com frutos.
Folhagem de Ruscus aculeatus.

A presença de cladódios rígidos terminados num acúleo dão às ramagens da planta um carácter rígido e áspero, o que levou a que tradicionalmente fosse utilizada na confeção de vassouras para limpezas exteriores. A espécie é considerada como sendo uma planta medicinal.[6]

Nomes comuns

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Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: brusca[7], erva-dos-vasculhos[3], pica-rato[3], azevinho-menor[3], chusbarqueira[4], esfolinhadeira[4], mesquita[4], picanceira[4], picantel[4], falso-avezinho[6], silbarda[4] e uvas-de-cão[4].

Descrição

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Ruscus aculeatus é uma planta perenifólia arbustiva, com 30–80 cm de altura, de cor verde-escura, com rizomas subterrâneos, caracterizada pela presença de caules florais achatados, formando cladódios com a aparência de folhas endurecidas e terminadas num espinho. Os caules florais são masculinos ou femininos, em ambos os casos apresentando dois tipos de caules: (1) os normais, lisos e arredondados; e (2) os modificados, com cladódios em forma de falsas folhas, de forma ovo-lanceolada de 2 a 3 cm de comprimento e terminando numa ponta rígida e perfurante.

As verdadeiras folhas estão ausentes nas plantas adultas, reduzidas ao espinho no ápice do cladódio. As estruturas rígidas com forma de folhas lanceoladas são na realidade caules modificados (os cladódios), já que as folhas são muito pequenas, em forma de escama, e normalmente passam despercebidas, aparecendo nas axilas e tendo apenas entre 3 e 4 mm de comprimento. Toda a superfície da planta faz fotossíntese, com excepção das folhas verdadeiras que se desprendem rapidamente.

As flores são pequenas, monóicas, com o sexo do ramo em que se instalam, de cor amarelo-esverdeada ou violácea, surgindo isoladas na parte central dos cladódios. Cada flor tem seis tépalas em dois verticilos, sendo que as flores femininas são tricarpelares, com ovário súpero, enquanto as masculinas têm três estames soldados pelos filamentos. A polinização é feita por insectos (entomogamia). Floresce no inverno e na primavera.

No outono e inverno, as plantas femininas produzem bagas vermelhas, com 10 a 12 mm de diâmetro, com duas sementes, as quais se destacam sobre o verde escuro da planta. As sementes são dispersas pelos dejectos das aves que comem os frutos (endozoocoria).

A planta também se reproduz pela via vegetativa através dos rizomas.

Ruscus aculeatus ocorre nas margens de florestas, em sebes e em margens de terrenos, sendo tolerante em relação ao ensombramento.

Distribuição

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Trata-se de uma espécie natural do Sul do continente europeu, bem como da Hungria, Turquia e da Macaronésia.[3]

Portugal

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Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental, de onde é natural e onde se em todo o território e no Arquipélago dos Açores, onde se encontra naturalizada.[1]

Ecologia

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Privilegia as submatas de carvalhais, sobreirais e azinhais, sendo que também medra bem em matagais esclerófilos.[1]

Com efeito, trata-se de uma espécie com uma significativa plasticidade ecológica, pelo que além dos ambientes de bosque, também medra em dunas ou brechas em fragas e rochedos.[1] Geralmente, dá primazia a espaços úmbrios e frescos, situados a baixas altitudes.[1]

Protecção

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Encontra-se protegida pela lei comunitária europeia, pelo que, de acordo com o disposto no Anexo V da Directiva Habitats (Directiva 92 /43/CEE ), a sua colheita é controlada por lei.[8][6]

Utilização em medicina tradicional

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Ruscus aculeatus é utilizada em várias formas em medicina tradicional e ervanária, sendo utilizada para melhorar a circulação sanguínea para o cérebro, pernas e mãos. É igualmente utilizada para aliviar a obstipação, reduzir a retenção de água e melhorar a circulação, nomeadamente no tratamento de veias varicosas e no redução de hemorróidas.[9][10] Foi aprovada pela Kommission E da Alemanha e incluída nas instruções para o tratamento de hemorróides.[10]

Um estudo publicado em 1999 sugere que R. aculeatus pode ser utilizada para reduzir os sintomas da hipotensão postural sem aumentar a tensão arterial na posição supina.[11] A explicação para esse efeito parece incluir a estimulação dos adrenoreceptores venosos alfa-1 e alfa-2 e o decréscimo da permeabilidade capilar.

Taxonomia

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A espécie Ruscus aculeatus foi descrita por Lineu e publicada na Species Plantarum 2: 1041, no ano de 1753.[12]

Número de cromossomas de Ruscus aculeatus (Asparagaceae) e seus taxa infraespecíficos é 2n=40[13] ou n=18; 2n=36.[14]

Etimologia

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No que toca ao nome científico:

  • Quanto ao nome genérico, Ruscus, provém do étimo latino ruscus[15], que significa «vassoura».
  • Quanto ao epíteto específico, aculeatus, provém do latim ăcŭlĕātus[16], que significa «espinhoso; pontiagudo».

Sinonímia

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Notas

  1. a b c d e f «Ruscus Aculeatus - Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 5 de março de 2022 
  2. Infopédia. «gilbardeira | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 5 de março de 2022 
  3. a b c d e «Ruscus aculeatus». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020 
  4. a b c d e f g h i «Ruscus Aculeatus - Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 5 de março de 2022 
  5. Anteriormente considerada como parte das ruscáceas.
  6. a b c «O verdadeiro e o falso azevinho - Instituto de Investigação da Floresta». Instituto de Investigação da Floresta. 3 de dezembro de 2018. Consultado em 5 de março de 2022 
  7. Infopédia. «brusca | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 5 de março de 2022 
  8. «DIRECTIVA 92 / 43 /CEE». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 5 de março de 2022 
  9. MacKay D (2001). «Hemorrhoids and varicose veins: a review of treatment options» (PDF). Altern Med Rev. 6 (2): 126–40. PMID 11302778 
  10. a b Abascal K, Yarnell E. (2005). Botanical Treatments for Hemorrhoids. Alternative & Complementary Therapies.
  11. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11152059
  12. {{subst:PAGENAME}} en Trópicos
  13. Contribution à la connaissance cytotaxonomique des spermatophyta du Portugal. VIII. Liliaceae Barros Neves, J. (1973) Bol. Soc. Brot. ser. 2 47: 157-212
  14. Etudes sur les chromosomes. III. Sur le nombre et la forme des chromosomes chez Amaryllis ... Fernandes, A. (1930) Bol. Soc. Brot. ser. 2 6: 299-300
  15. «Ruscus - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 5 de março de 2022 
  16. «ăcŭlĕātus - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 5 de março de 2022 
  17. Sinónimos em Tela Botánica[ligação inativa]
  18. Sinónimos en Kew
  19. {{subst:PAGENAME}} en PlantList

Ligações externas

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