Sérgio Mascarenhas
Sérgio Mascarenhas de Oliveira (Rio de Janeiro, 2 de maio de 1928 – Ribeirão Preto, 31 de maio de 2021[2]) foi um físico-químico, pesquisador e professor universitário brasileiro.
Sérgio Mascarenhas | |
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Nascimento | 2 de maio de 1928 Rio de Janeiro, RJ |
Morte | 31 de maio de 2021 (93 anos) Ribeirão Preto, SP |
Residência | Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Cônjuge |
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Alma mater | Universidade Federal do Rio de Janeiro (graduação em química e física) |
Prêmios | Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1998)[1] |
Instituições | Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo |
Campo(s) | física |
Presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência[3] e Grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico (1998)[1], Sérgio realizou pesquisas relevantes em diversas áreas, como na medicina, além de ter sido o responsável por trazer um grande desenvolvimento social, científico e tecnológico para o Brasil. Foi fundador da Universidade Federal de São Carlos e da Embrapa Instrumentação.[4]
Membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Sérgio foi professor visitante de algumas das principais universidades do mundo, como Princeton, Harvard e MIT.[5]
Biografia
editarSérgio nasceu na capital fluminense em 1928. Graduou-se em química pela Faculdade Nacional de Filosofia em 1951 e em física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro no ano seguinte.[6] Foi aluno de cientistas de porte como César Lattes, Álvaro Alberto e Joaquim da Costa Ribeiro.[7]
Após um período como professor nos Estados Unidos, decidiu ir para São Carlos, cidade do interior de São Paulo. Foi convidado para ser professor em Princeton, mas recusou a oferta – preferiu “tentar fazer a diferença no Brasil” (Como ele mesmo diz, “Cientista deve exercer sua função social”)[7]. Participou da escola de engenharia da USP e lá criou o Instituto de Física e Química da USP de São Carlos.[8]
Quando o médico, industrial e político Ernesto Pereira Lopes quis criar uma universidade federal em São Carlos, reunindo várias escolas já existentes, recebeu de Mascarenhas uma ideia diferente: a de fazer uma universidade a partir do zero, abrindo as portas para áreas de conhecimento pouco exploradas pela ciência do Brasil até então – como a física do estado sólido. Ernesto não só concordou como o chamou para ser reitor dessa universidade, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em 1968.[7] Em 1972, Mascarenhas criou a primeira Engenharia de Materiais da América Latina, na UFSCar.[9]
Dez anos depois da criação do Instituto de Física e Química de São Carlos, colaborou na criação da Unidade de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação- UAPDIA da Embrapa, hoje Embrapa Instrumentação. Lá desenvolveu, junto com Silvio Crestana, um sistema de tomografia de solo pioneiro no mundo.[7]
Em 2005, Mascarenhas foi diagnosticado com a doença hidrocefalia. Indignado com os métodos invasivos da medicina para o tratamento – o crânio do paciente deveria ser perfurado para medir a pressão intracraniana - decidiu pesquisar novas formas de fazer esta medição, o que resultou em um novo método muito menos invasivo, no qual um aparelho é colocado no couro cabeludo do paciente. Esse projeto que revolucionou o tratamento de hidrocefalia, tumores cerebrais e traumatismo craniano foi desenvolvido em conjunto com a FAPESP e a Organização Mundial de Saúde, na faculdade de medicina da USP de Ribeirão Preto.[9]
Além dessas realizações, ainda fundou o Instituto de Estudos Avançados de São Carlos, da USP, o Instituto de Pesquisas Adib Jatene e o Programa Internacional de Estudos e Projetos para a América Latina – PIEPAL.[7][8]
Atualmente Mascarenhas propõe a criação do curso universitário de Engenharia de Sistemas Complexos, inexistente no Brasil.[10]
Em 2020, mostrou-se preocupado com a situação da ciência no país.
“ | Dizer como estão dizendo atualmente que o Brasil não precisa de ciência básica é não conhecer nada da evolução da humanidade. Da pesquisa básica nasce a ciência aplicada. O Brasil se não for pelo caminho da ciência, da computação, da inteligência artificial, da robótica, nanotecnologia, vai ficar cada vez mais colonizado pela tecnologia alheia [...] O caminho para o desenvolvimento passa pela tecnologia, educação e empreendedorismo.[11] | ” |
Morte
editarSérgio morreu em 31 de maio de 2021, em Ribeirão Preto, aos 93 anos. Foi internado dia 29 de maio de 2021, e foi para UTI dia 30. Entre 30 de maio e 31 de maio, teve quatro paradas cardiorrespiratórias e foi entubado, portanto, por volta das 20h30, teve mais uma parada cardíaca, mas não resistiu[4]
Prêmios e honrarias
editarEm 2019 foi agraciado com o prêmio Joaquim da Costa Ribeiro, que é outorgado pela Sociedade Brasileira de Física a "pesquisadores com reconhecida contribuição ao longo de sua carreira para a Física da Matéria Condensada e de Materiais no Brasil".[12][13]
Referências
- ↑ a b «Agraciados pela Ordem Nacional do Mérito Científico». Canal Ciência. Consultado em 12 de abril de 2021
- ↑ «Morre o físico Sérgio Mascarenhas, fundador da UFSCar e da Embrapa de São Carlos». G1. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ «Sérgio Mascarenhas de Oliveira». Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ a b «Embrapa Instrumentação perde seu criador, o físico Sergio Mascarenhas». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ «Sérgio Mascarenhas de Oliveira». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ Pereira, Lígia. «Sérgio Mascarenhas: semeador de ideias e talentos» (PDF). Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental. Consultado em 1 de outubro de 2021
- ↑ a b c d e TV Brasil (ed.). «Entrevista com Sérgio Mascarenhas». Brasilianas. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ a b Artigo on-line "Embrapa Instrumentação completa 23 anos de história, ousadia e persistência". http://www.cnpdia.embrapa.br/noticia_04122007.html Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine.
- ↑ a b «Morre Sérgio Mascarenhas, figura-chave na criação da UFSCar e da Embrapa». Folha de S.Paulo. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ «Sérgio Mascarenhas profere aula inaugural na UFSCar». São Carlos em Rede. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ «Fundador da UFSCar e da Embrapa de São Carlos, Sérgio Mascarenhas teme o futuro da ciência no Brasil». G1. Consultado em 21 de julho de 2020
- ↑ «Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro». Sociedade Brasileira de Física. Consultado em 23 de agosto de 2019
- ↑ «Premiações 2019». Sociedade Brasileira de Física. Consultado em 23 de agosto de 2019