Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho (Rio de Janeiro, 17 de julho de 1930Rio de Janeiro, 5 de fevereiro de 1994), conhecido como Sérgio Macaco, foi um militar da FAB, integrante do esquadrão paraquedista de resgate Para-Sar.

Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho
Sérgio Macaco
O capitão de intendencia Sérgio (à esq.) acompanhado do indianista Cláudio Villas-Bôas
Nascimento 17 de julho de 1930
Rio de Janeiro, RJ
Morte 5 de fevereiro de 1994 (63 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade Brasil
Serviço militar
País Força Aérea Brasileira
Patente Capitão

Dados biográficos

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Considerado um dos mais obstinados e admirados oficiais da unidade, em 1968 "Ele se recusou a cumprir ordens do brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, que tinha o plano de explodir o gasômetro do Rio de Janeiro e dinamitar uma represa. Apenas a explosão do gasômetro, planejada para ocorrer na hora do rush, mataria em torno de 10 mil pessoas. A culpa seria atribuída aos comunistas, o que legitimaria uma verdadeira “caça às bruxas”, com o apoio da opinião pública, que seria devidamente preparada para apoiar esse endurecimento do regime. Perguntado por Burnier se concordava com o plano, Sérgio Macaco respondeu:

— Não. Não concordo. E enquanto eu estiver vivo isso não acontecerá. (...). Não me calo e darei conhecimento de tais fatos ao ministro.

Na lista dos alvos, estavam Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, dom Hélder Câmara e o líder estudantil Vladimir Palmeira." A denúncia foi repercutida pelo jornal Correio da Manhã, e Sérgio conquistou o apoio do brigadeiro Eduardo Gomes.[1] O caso, no entanto, foi ignorado pela Aeronáutica e Sérgio Carvalho acabou reformado pelo Ato Institucional Número Cinco, perdendo a patente e o meio de vida.[2]

Em 1985, recebeu a primeira homenagem pública desde que foi cassado, tendo o título de "Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro" concedido a ele pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. A cerimônia, realizada no dia 12 de junho daquele ano, contou ainda com a presença de Luís Carlos Prestes.[3]

Envolveu-se na política, tendo assumido como suplente o mandato de deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro durante três ocasiões da legislatura 1987-1991: de 3 de janeiro de 1989 a 3 de abril de 1990, na vaga do deputado Edésio Frias; de 1º de julho a 30 de outubro de 1990, na vaga do deputado Lysâneas Maciel; e em 9 de janeiro de 1991, quando foi efetivado na vaga do deputado Doutel de Andrade.[4]

Em 1992 o Supremo Tribunal Federal reconheceu os direitos do capitão, estabelecendo que ele devia ser promovido a brigadeiro – posto que teria alcançado se tivesse permanecido na Aeronáutica. O então ministro da Aeronáutica, o brigadeiro Lélio Viana Lobo, ignorou a decisão da corte, sendo o Supremo Tribunal Federal obrigado a mandar um ofício exigindo o cumprimento da lei. Lobo novamente se recusou, transferindo o problema para o presidente da República, à época Itamar Franco, que por sua vez protelou a decisão até que Sérgio morreu de câncer em 1994, sem ver sua patente restabelecida ou receber a promoção a que tinha direito.[5][6] Em 1997, a família de Sérgio foi indenizada pelo governo com o valor relativo às vantagens e soldos que ele deixou de receber entre os anos de 1969 e 1994.[7]

Ver também

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Referências

  1. 1968 - Eles queriam mudar o mundo. Regina Zappa, Ernesto Soto. Jorge Zahar Editor Ltda. ISBN 9788537805930
  2. Ministério do silêncio. Lucas Figueiredo. Editora Record. ISBN 9788501069207 (2005)
  3. 1985, o ano em que o Brasil recomeçou, pág. 111. Edmundo Barreiros, Pedro Só. Singular Digital. ISBN 9788500018473 (2005)
  4. "Conheça os Deputados". Portal da Câmara dos Deputados
  5. "Itamar fez um governo decente, mas carrega mancha na biografia: o caso do capitão 'Sérgio Macaco'". Veja, 12 de janeiro de 2010
  6. "Plano de explosão deu fama ao Gasômetro". Folha Online, 13 de setembro de 2000
  7. "Filha de capitão do caso 'Para-Sar' ganha indenização". Folha Online, 4 de maio de 1997
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