Parque Arqueológico do Solstício

O Parque Arqueológico do Solstício, localizado no interior do município de Calçoene, no litoral norte do estado brasileiro do Amapá, é um sítio arqueológico de arte rupestre de interesse histórico e turístico conhecido por abrigar o Observatório Astronômico de Calçoene.[1][2][3]

Parque Arqueológico do Solstício
Parque Arqueológico do Solstício
Observatório astronômico de Calçoene
Localização Amapá, Brasil
Dados
Criação 2005
Coordenadas 2° 37' 13" N 51° 0' 44" O
Parque Arqueológico do Solstício está localizado em: Brasil
Parque Arqueológico do Solstício

Círculo megalítico

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O sítio, já conhecido pela comunidade científica desde os anos 1950,[1] constitui-se de pelo menos 127 rochas dispostas em formato circular, no topo de uma colina.[4] Supõe-se que tenha sido construído como um antigo observatório astronômico pelos antigos povos indígenas que habitavam a região.[1] O círculo megalítico tem 30 m de diâmetro, com pedras de granito com até 4 m de comprimento. Assemelha-se a um outro círculo megalítico encontrado na Guiana Francesa, cuja datação indica ter mais de 2 000 anos de idade.[carece de fontes?] Provavelmente foi construído há mais de mil anos, e usado por pelo menos 300 anos.[5]

O círculo de Calçoene foi apelidado de "Stonehenge do Amapá", numa referência a Stonehenge, na Inglaterra.[6] As escavações no local, executadas por arqueólogos, estão sendo feitas desde 2006.[1] Baseando-se nas características de fragmentos cerâmicos encontrados nas redondezas do sítio arqueológico, arqueologistas estimam que a idade do mesmo esteja entre 500 e 2 000 anos.[7][8]

Um dos blocos de pedra do círculo megalítico foi posicionado de maneira que o Sol, durante o solstício de inverno do hemisfério norte, que ocorre em torno do dia 21 de dezembro, fique a pino sobre este, de maneira que sua sombra desapareça.[7]Além disso, o posicionamento desta rocha é tal que a projeção de sombras durante todo o dia é diminuta.[8]É este alinhamento de um dos blocos de rocha com o solstício de dezembro que levou os arqueologistas a acreditar que o local tenha sido no passado um observatório astronômico, e que ao observar o círculo megalítico de Calçoene está na verdade a contemplar os resquícios de uma cultura avançada.[7]

Contexto Histórico e Arqueológico

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O parque é conhecido por abrigar remanescentes de uma civilização que habitou a região antes da chegada dos europeus ao Brasil. Embora o conhecimento sobre essa cultura seja ainda limitado, algumas descobertas arqueológicas indicam que os antigos habitantes da área possuíam uma organização social sofisticada e um profundo conhecimento de astronomia. As estruturas construídas, com grandes blocos de pedra e alinhamentos precisos, sugerem que o local foi utilizado para observações astronômicas e para rituais relacionados ao ciclo solar.

A relação com o solstício é particularmente interessante. O alinhamento das pedras e a disposição de certos elementos arquitetônicos indicam que o local foi projetado para marcar os momentos exatos do solstício de inverno e de verão. Esses eventos astronômicos, que marcam o dia mais curto e o mais longo do ano, eram de grande importância para muitas culturas antigas, pois estavam diretamente ligados a ciclos agrícolas e rituais religiosos. Acredita-se que, no passado, as tribos locais usavam esses conhecimentos para regular suas atividades agrícolas e para a realização de cerimônias espirituais, reforçando a conexão entre o céu e a terra.

Desafios para a Pesquisa e Conservação

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Apesar do grande valor histórico e cultural, o Parque Arqueológico do Solstício ainda enfrenta desafios relacionados à conservação e à pesquisa. O acesso ao local é dificultado pela localização remota e pela falta de infraestrutura, o que torna a exploração arqueológica mais complexa e exige um esforço significativo para proteger as estruturas descobertas. Além disso, a área está localizada em uma região de preservação ambiental, o que implica em cuidados especiais para evitar danos ao ecossistema local enquanto se realiza o trabalho arqueológico.

A falta de conhecimento mais aprofundado sobre a cultura que habitou a região também é um desafio. Embora a arqueologia tenha avançado nas últimas décadas, muitas questões sobre o significado exato das estruturas e o modo de vida desses povos ainda não foram completamente respondidas. Isso exige uma abordagem multidisciplinar que envolva não apenas arqueólogos, mas também astrônomos, historiadores e especialistas em cultura indígena.

Turismo e Valorização Cultural

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Com o crescente interesse por arqueologia e patrimônio cultural, o Parque Arqueológico do Solstício tem se tornado um destino para pesquisadores, turistas e curiosos. A área está sendo trabalhada de forma gradual para se tornar acessível ao público, com programas educativos que abordam tanto a importância histórica do local quanto a necessidade de sua preservação. O turismo, no entanto, deve ser sempre equilibrado com as necessidades de conservação, para que a integridade do sítio seja mantida.

A valorização do Parque Arqueológico do Solstício também tem se mostrado uma importante estratégia para fortalecer a identidade cultural da região e destacar o papel das culturas indígenas na construção do conhecimento humano. Ao mesmo tempo, a preservação do local é fundamental para a proteção do patrimônio arqueológico brasileiro e para a educação de futuras gerações sobre a riqueza da história pré-colonial da Amazônia.

Em resumo, o Parque Arqueológico do Solstício representa um ponto de encontro entre a sabedoria ancestral dos povos indígenas e os avanços da pesquisa científica moderna. Ele é um testemunho do profundo entendimento dos ciclos naturais que essas culturas possuíam e continua sendo um local de grande importância tanto para os estudos acadêmicos quanto para a valorização da história e da cultura da região amazônica.

Referências

  1. a b c d «"Stonehenge" amazônico foi criação local». Universidade Federal de Campina Grande. Consultado em 14 de março de 2012 
  2. Jornal Folha de S.Paulo, 9 de dezembro de 2006, folha A30 (Ciência)
  3. «Patrimônio arqueológico do Brasil pede socorro». Universidade de Campinas. 11 de agosto de 2006. Consultado em 14 de março de 2012 
  4. «Observatório celeste do Amapá: a etnoastronomia nas culturas amazônicas». Arqueologia Americana (blog). 16 de maio de 2006. Consultado em 7 de junho de 2012 
  5. «'Stonehenge da Amazônia', o observatório astrológico erguido há mais de mil anos na floresta - BBC Brasil». BBC Brasil. Consultado em 7 de janeiro de 2016 
  6. Cabral, M. P., Saldanha, J. D. M. (2008). «Um sítio, múltiplas interpretações: o caso do chamado "Stonehenge do Amapá"» (PDF). Revista de Arqueologia. 1 (22): 115-119 [ligação inativa]
  7. a b c Lehman, Stan (27 de junho de 2006). «Another 'Stonehenge' discovered in Amazon: Centuries-old granite grouping may have served as observatory» (em inglês). MSNBC. Consultado em 13 de fevereiro de 2007. Cópia arquivada em 12 de fevereiro de 2007 
  8. a b «Calçoene megalithic observatory - Amazon Stonehenge» (em inglês). Wondermondo. Consultado em 7 de julho de 2010. Cópia arquivada em 17 de julho de 2010 

Bibliografia

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Ligações externas

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