Margarida de Antioquia
Margarida de Antioquia (Antioquia da Pisídia,? – ?, 304 d.C.), também conhecida como Santa Margarida, é uma santa cristã, virgem e mártir, inscrita no grupo dos Catorze santos auxiliares, cuja celebração litúrgica se situa, tal como na Igreja Anglicana, a 20 de julho. Na Igreja Ortodoxa é venerada como Marina de Antioquia, três dias antes, a 17 de julho. A sua devoção Ocidental a esta personagem foi reavivada com as Cruzadas. A sua reputação incluía indulgências muito poderosas para todos quanto escrevessem ou lessem a sua vida, ou invocassem a sua intercessão. Não há dúvidas que isto contribuiu decisivamente para o alastramento do seu culto.[1]
Santa Margarida (Marina) | |
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Santa Margarida, por Francisco de Zurbarán (ca. 1631). | |
Grande Mártir; Virgem | |
Nascimento | desconhecida Antioquia (na Pisídia). |
Morte | 304 |
Veneração por | Igreja Católica, Igreja Ortodoxa. |
Festa litúrgica | 20 de Julho, 17 de Julho nas Igrejas orientais |
Atribuições | Jovem saindo de um dragão com um crucifixo ou Bíblia na mão |
Padroeira | Mulheres grávidas, nefrologia e problemas renais |
Portal dos Santos |
Biografia
editarSegundo a Legenda Áurea, Margarida (ou Marina) nasceu em Antioquia da Pisídia e era filha de um sacerdote pagão chamado Aedesius. Renegada pelo pai por causa da sua fé, foi viver com uma mãe adoptiva na Ásia Menor, actual Turquia, acabando a guardar ovelhas. Olybrus, o governador, fascinado com a beleza da jovem, propôs-lhe casamento, em troca da sua renúncia ao cristianismo. Não ocultando que era cristã, o governador decidiu então entregá-la aos cuidados de uma mulher nobre. Detinha a esperança que esta a convenceria a renegar Cristo. Mas Margarida manteve-se firme e negou-se a oferecer um sacrifício aos ídolos. Encarcerada por não aceder aos pedidos do prefeito, submeteram-na então às mais terríveis torturas, entre as quais se contam o açoitamento com varas, o cortar do seu corpo com tridentes, o cravar de cravos e a sua laceração por meio de um gancho. Contam-se então alguns episódios; Um relata que, sobrevivendo milagrosamente, conseguiu, mediante o sinal da cruz, expulsar de si mesma um demónio da sua garganta. Noutro momento, diz-se que, engolida por Satanás (que assumira a forma de um dragão), ela rasgou a pele do mesmo com um crucifixo que possuía, saindo então, de dentro do animal. Ora, curiosamente, seja isto verdade ou não, Margarida é então condenada à morte no ano de 304.
A sua lenda, descrita pelos cruzados diz que morreu decapitada, sem precisar se teria perdido a sua virgindade, mas permaneceu no imaginário popular como modelo de virgem consagrada.
As suas relíquias encontravam-se em Constantinopla até à tomada da cidade pelos cruzados no ano de 1204. O braço de Santa Margarida encontra-se no monte Atos no Mosteiro de Vatopedi. A Igreja Ortodoxa conhece Margarida como Santa Marina, e celebra-a no dia 17 de julho. Não confundir com Marina de Bitínia, também venerada como Santa Marina, por outras igrejas.
Tem sido, de igual modo, identificada com Santa Pelagia — sendo "Marina" o equivalente latino ao nome grego "Pelagia" — a qual, segundo a lenda, também se chamava Margarida. Não possuímos documentos históricos que distingam uma da outra. A "Marina" grega é natural de Antioquia, na Síria (em oposição a Antioquia da Pisídia). Todavia, no mundo ocidental perdeu-se a distinção entre os dois locais homónimos.
Sendo reconhecida como santa pela Igreja Católica, a sua festa litúrgica foi colocada no Martirológio Romano a 20 de julho.[2] Do século XII ao século XX, ela fora incluída entre os santos celebrados onde quer que se celebrasse o rito romano.[3][4]Margarida é ainda uma dos catorze santos auxiliares, e é um dos santos que teria falado com Joana d'Arc junto de São Miguel Arcanjo e Santa Catarina de Alexandria.
Margarida teria aparecido para Joana d'Arc, junto com Santa Catarina de Alexandria e São Miguel, para ajudarem Joana a salvar a França dos ingleses. Santa Barbara e Santa Catarina foram uma das 14 santos auxiliares, com a adição de Santa Doroteia elas formam o grupo das Virgens capitais, as importantes virgens.
Representações e atributos
editarÉ tida como padroeira da gravidez. O seu principal atributo é o dragão que leva preso ou que jaz a seus pés; por vezes é representada guardando o seu rebanho ou sustém uma cruz entre as mãos e um rosário de pérolas.
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Santa Margarida e o Dragão, alabastro, com traços de dourado, Toulouse, c. 1475, Metropolitan Museum of Art
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Santa Margarida com um grupo de santas virgens, Bartholomäus Zeitblom (c. 1489–1497), Catedral de Ulm
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Santa Margarida e Olibrius, iluminura por Jean Fouquet
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St. Margaret of Antioch por Jacob Cornelisz, c.1520.
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Santa Margarida e Santa Catarina, c.1525.
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Irmãs Margarida e Apolonia, Rogier van der Weyden, c.1445.
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Santa Margarida ameaça o dragão, c.1605.
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Vittoria della Rovere as Margarida, Justus Sustermans.
Ver também
editarReferências
- ↑ "Margaret of Antioch" The Oxford Dictionary of Saints. David Hugh Farmer. Oxford University Press 2003. Oxford Reference Online. Oxford University Press. Accessed 16 June 2007
- ↑ Martyrologium Romanum (Libreria Editrice Vaticana, 2001 ISBN 88-209-7210-7)
- ↑ vd. Calendário Geral Romano de 1954
- ↑ Calendarium Romanum (Libreria Editrice Vaticana, 1969), p. 130
Bibliografia
editar- Acta Sanctorum, July, v. 24—45
- Bibliotheca hagiographica. La/ma (Brussels, 1899), n. 5303—53r3
- Frances Arnold-Forster, Studies in Church Dedications (London, 1899), i. 131—133 and iii. 19.
- Brugada, Martirià (2008). Santa Margarita. [S.l.]: Barcelona: Editorial Centro de Pastoral Litúrgica
Ligações externas
editar- Saint Margaret and the Dragon links and pictures (more than 45), from Dragons in Art and on the Web
- Middle English life of St. Margaret of Antioch, edited with notes by Sherry L. Reames
- "St. Margaret" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- Livro da paixão de Santa Margarida, a virgem, com a vida de Santa Inês e as orações para Jesus Cristo e a Virgem Maria