Santuário de Atsuta
O Santuário de Atsuta (熱田神宮 Atsuta-jingū?) é um templo xintoísta tradicional que crê-se ter sido estabelecido durante o reinado do Imperador Keikō (71-130), localizado em Atsuta-ku, Nagoia, província de Aichi, no Japão.[1] O templo é familiarmente conhecido como Atsuta-Sama (Venerável Atsuta) ou simplesmente como Miya (o Templo). Desde tempos antigos, ele foi especialmente reverenciado, ficando lado a lado com o Grande Santuário de Ise.[2]
O complexo de 200 000 m² atrai mais de 9 milhões de visitantes anualmente.[2]
História
editarO Kojiki explica que o Santuário de Atsuta foi originalmente fundado para abrigar o Kusanagi no Tsurugi.
De acordo com fontes tradicionais, Yamato Takeru morreu no 43º ano do reinado do Imperador Keiko (景行天皇43年).[3] As posses do príncipe morto foram reunidos juntamente com a espada Kusanagi; e sua viúva venerava em sua memória em um templo em sua casa. Algum tempo depois, essas relíquias e a espada sagrada foram transferidas para o local atual do Santuário de Atsuta.[4] O Nihonshoki explica que esta transferência ocorreu no 51º ano do reinado de Keiko, mas a tradição do templo também data este evento no 1º ano do reinado do Imperador Chūai.[5]
De 1872 a 1946, o Santuário de Kasuga foi oficialmente nomeado como o Kanpei-taisha (官幣大社?), o que significa que ele permaneceu como o primeiro entre os templos xintoístas apoiados pelo governo.[6]
Arquitetura
editarAs construções do templo foram mantidas por doações de um grande número de benfeitores, incluindo figuras bem conhecidas do período Sengoku como Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e os Tokugawas. Por exemplo, o Nobunaga-Bei, um muro de barro alto e com teto, de 7,4 m, foi doado ao templo em 1560 por Nobunaga como um sinal de gratidão por sua vitória na Batalha de Okehazama.[7]
Em 1893, ele foi remodelado usando o estilo arquitetônico Shinmeizukuri, o mesmo estilo usado na construção do Santuário de Ise. Antes de uma celebração em 1935, as construções do templo bem como outras instalações foram completamente rearranjadas e melhoras a fim de melhor refletir a história e a importância cultural do templo.[2]
Durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial, no entanto, muitas construções do Santuário de Atsuta foram destruídas por incêndios. As construções principais do templo, como o honden, foram reconstruídas e completadas em 1955.[2] Após a conclusão dessas construções, a construção de outras instalações continuou no terreno do templo. Em 1966, o Salão do Tesouro foi completado a fim de abrigar a coleção de objetos, manuscritos e documentos do templo.[8]
Crença xintoísta
editarEste templo xintoísta é dedicado à veneração a Atsuta-no-Ōkami. Estão também consagrados os "Cinco Grandes Deuses de Atsuta", todos eles conectados com as narrativas lendárias da espada sagrada - Amaterasu-Ōmikami, Takehaya Susanoō-no-mikoto, Yamato Takeru-no-mikoto, Miyasu-hime no-mikoto, e Take Inadane-no-mikoto.[9]
Atsuta é um repositório tradicional da Kusanagi no Tsurugi, a antiga espada que é considerada um dos Três Tesouros Sagrados do Japão.[10] A espada sagrada é central para a importância xintoísta do Santuário de Atsuta; a espada é entendida como uma lembrança de Amaterasu Ōmikami. Este objeto único representava a autoridade e o porte dos imperadores do Japão desde tempos remotos. A Kusanagi é imbuída do espírito de Amaterasu.[11]
Durante o reinado do Imperador Sujin, cópias da insígnia imperial foram feitas a fim de proteger as originais de roubo.[12] Este medo de roubo provou-se justificado durante o reinado do Imperador Tenji, quando a espada sagrada foi roubada de Atsuta, não sendo retornada até o reinado do Imperador Temmu.[3] Embora não tenha sido visto pelo público em geral desde essa época, acredita-se que ela permaneceu protegida dentro do templo até os dias atuais.
Tesouros
editarO Bunkaden do templo, ou a sala do tesouro, abriga mais de 4 mil relíquias, que incluem 174 Propriedades Culturais e a espada santa Kusanagi (草薙剣) que foi nomeada um Tesouro Nacional do Japão. O Museu Atsuta Jingu preserva e exibe uma variedade de material histórico, incluindo o koshinpō (ornamentos, mobília e utensílios sagrados para o uso de divindades consagradas). Um grande número de espada, espelhos e outros objetos doados estão no templo, incluindo máscaras de Bugaku e outros materiais referentes a danças antigas da corte. A coleção Bunkaden vai de documentos antigos a artigos de casa. A província indicou 174 itens como ativos culturais importantes.[13]
Festivais
editarMais de 70 cerimônias e festivais acontecem anualmente no templo.[8]
- Hatsu-Ebisu (5 de janeiro): Busca a boa sorte no novo ano de Ebisu, o kami da Sorte.[14]
- Yodameshi Shinji (7 de janeiro): As chuvas projetadas para o ano vindouro são profetizadas ao medir o volume de água em um pote mantido abaixo do piso da Casa Ocidental do Tesouro.[14]
- Touka Shinji (11 de janeiro): Uma variação da cerimônia anual (Touka-no-sechie) da Corte Imperial no período Heian (século X-XII, a dança do templo torna-se uma oração em movimento na esperança de boas colheitas no ano.[14]
- Hosha Shinji (15 de janeiro): Cerimônia que envolve atirar uma flecha em um pedaço de madeira chamado de chigi fixado no centro de uma máscara gigante.[14]
- Bugaku Shinji (1º de maio): Uma dança cerimonial da era Heian é apresentada ao ar livre em um palco pintado de vermelho.[14]
- Eyoudo Shinji (4 de maio): Um festival para comemorar o retorno da espada sagrada no reinado do Imperador Tenji.[14]
- Shinyo-Togyo Shinji (5 de maio): Um festival no qual um santuário portátil (mikoshi) é carregado em uma procissão formal ao portão oriental, onde cerimônias e orações para a segurança do Palácio Imperial são apresentadas ao ao livre.[14] Nos períodos Meiji e Taisho, esta procissão andava em um silêncio sóbrio e solene. A cerimônia no portão era breve, durando apenas 20 minutos, e então o mikoshi e seus assistentes retornavam ao recinto do templo. O xogum Ashikaga Yoshimasa forneceu um novo mikoshi e um conjunto completo de vestes e outros apetrechos para este ritual no momento em que foram feitos reparos no templo em 1457-1459 (Chōroku 1-3).[15]
- Rei Sai (5 de junho): Tendas portáteis (mikoshi) de vários estilos são carregadas ao longo dos caminhos para o templo, sendo que à noite, grupos de 365 lanternas (makiwara) aparecem nos portões.[14] Este festival comemora uma proclamação imperial (semmyō) emitida em 1872 (Meiji 5). Após 1906 (Meiji 39), exibições de judô, esgrima (gekken), e tiro com arco (kyūdō) são apresentados em gratidão ao kami.[15]
Referências
- ↑ Ponsonby-Fane, Richard. (1962). Studies in Shinto and Shrines. pp. 429-453.
- ↑ a b c d Atsuta-jingū org: Arquivado em 14 de junho de 2006, no Wayback Machine. "Introduction." Arquivado em 29 de abril de 2008, no Wayback Machine.
- ↑ a b Ponsonby-Fane, p. 433.
- ↑ Ponsonby-Fane, p. 434.
- ↑ Ponsonby-Fane, p. 435.
- ↑ Encyclopedia of Shinto: Atsuta Shinkō
- ↑ Atsuta-jingū org: "Precinct" (map). Arquivado em 26 de abril de 2008, no Wayback Machine.
- ↑ a b Japan National Tourist Organization (JNTO): Atsuta-jingū Shrine.
- ↑ Ponsonby-Fane, p. 429.
- ↑ JapanGuide.com: Atsuta Shrine
- ↑ Ponsonby-Fane, pp. 438-439.
- ↑ Ponsonby-Fane, pp. 430-431.
- ↑ Atsuta-jingū org: "Treasure." Arquivado em 4 de maio de 2008, no Wayback Machine.
- ↑ a b c d e f g h Atsuta-jingū org: "Festivals." Arquivado em 27 de abril de 2009, no Wayback Machine.
- ↑ a b Ponsonby-Fane, p. 452.
Bibliografia
editar- Iwao, Seiichi, Teizō Iyanaga, Susumu Ishii and Shôichirô Yoshida. (2002). Dictionnaire historique du Japon. Paris: Maisonneuve & Larose. 10-ISBN 2-7068-1575-2; 13-ISBN 978-2-7068-1575-1; OCLC 51096469
- Ponsonby-Fane, Richard Arthur Brabazon. (1962). Studies in Shinto and Shrines. Kyoto: Ponsonby Memorial Society. OCLC 3994492
Notas
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Atsuta Shrine», especificamente desta versão.
Ligações externas
editarMedia relacionados com Santuário de Atsuta no Wikimedia Commons
- (em japonês) website do Atsuta-jingū
- (em inglês) website do Atsuta-jingū