Selim (canção)
Selim é uma canção da banda brasileira Raimundos, gravada em seu álbum de estreia homônimo de 1994. Lançada como single contra a vontade da banda, se tornou o primeiro grande sucesso radiofônico do grupo,[1][2] alavancando as vendas do álbum e colocando a banda em evidência.[3][4] Chegou a ter trechos censurados e sua execução suspensa em algumas cidades do Brasil.[5] Uma vinheta da música em versão pagode aparece no álbum Só no Forevis (1999). Foi regravada pela banda Ultraje a Rigor no álbum O Embate do Século: Ultraje a Rigor vs. Raimundos (2012).[6]
"Selim" | |||||||
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Single de Raimundos do álbum Raimundos | |||||||
Lançamento | maio de 1994 | ||||||
Formato(s) | rádios | ||||||
Gravação | fevereiro de 1994 | ||||||
Gênero(s) | Rock | ||||||
Duração | 4:12 | ||||||
Gravadora(s) | Banguela Records | ||||||
Composição | Cristiano Telles • Raimundos | ||||||
Produção | Carlos Eduardo Miranda | ||||||
Cronologia de singles de Raimundos | |||||||
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Fez parte da trilha sonora do reality show Casa dos Artistas, do SBT.[7][8]
Letra e composição
editarSegundo os integrantes, a ideia da música surgiu durante um passeio de carro pela avenida W3 em Brasília. Ao observar mulheres andando de bicicleta no local, Titi, amigo da banda, cantarolou: "Eu queria ser o banquinho da bicicleta". Na sequência, os outros ocupantes completaram os versos de forma espontânea.[9][10][11] O restante da canção foi finalizado por Rodolfo durante um churrasco em 1990.[12] Classificada pela imprensa como um "heavy-sertanejo",[13] apresenta um ritmo dançante com violões, riffs característicos e um interminável solo de guitarra. Os vocais simulam de forma irônica a música brega e cantores românticos.[12][11]
Lançamento e impacto
editarA música foi gravada pela primeira vez na demo "Forrócore" de 1990, em uma versão levemente diferente.[14] Inicialmente a banda não planejava inclui-la em seu álbum de estreia. A canção era "odiada" pelo grupo devido a sua sonoridade brega e o fato de ser mais longa e mais leve do que as outras músicas do repertório.[12][15] Segundo o baixista Canisso, a canção era sempre a última a ser tocadas nos shows da banda com o intuito de irritar os contratantes.[10] Após muito insistência do produtor Miranda, a banda, contrariada, gravou a canção nas últimas duas horas disponíveis em estúdio, com a participação de Nando Reis na viola.[9][12][16] Também foi produzida uma versão acústica, presente apenas nas versões em CD.
Quando o álbum chegou ás lojas, ainda não havia um consenso sobre qual era de fato a música de trabalho. Nega Jurema já possuía clipe rodando na MTV, enquanto Puteiro em João Pessoa havia sido enviada ás rádios de rock.[13][15] Foi o radialista Tatola quem se interessou por Selim e a incluiu na programação da rádio Transamérica de São Paulo.[17] Em poucos dias a canção se tornou uma das mais requisitadas pelos ouvintes, se espalhando pelas outras filiais da rede de norte a sul do Brasil. Consequentemente foi selecionada pela rival Jovem Pan[12] e se tornou um hit nacional, catapultando a banda ao mainstream brasileiro.[18][19] Posteriormente chegou às seis emissoras de maior audiência do país que na época praticamente só tocavam Axé e dance music.[1][20] As vendas do álbum saltaram rapidamente de 10 para 40 mil cópias, ultrapassando os 30 mil projetados pela gravadora, alcançando meses depois as 100 mil cópias vendidas e a certificação de disco de ouro.[12][15] Os integrantes da banda chegaram a demonstrar certo desconforto em relação ao sucesso de Selim, afirmando que a música não representava a sonoridade real da do grupo e que mesmo possuindo o mesmo linguajar chulo de suas outras músicas, só era executada por causa de sua roupagem popular.[12][21] Apesar disso, reconheceram que esse fato fez com que diversos tipos de público pudessem conhecer o trabalho do grupo.[11]
Censura e incidente em Santo Ângelo
editarApesar do sucesso, Selim levantou polêmica na época por causa de sua letra considerada obscena, sendo chamada de "balada pornô-erótica" pela imprensa.[17][9] Pais e educadores afirmavam que o teor da música era "prejudicial à educação dos adolescentes e distorce valores como o amor e o carinho", além de sua letra se tornar objeto de análise entre estudiosos.[9][22][23] As emissoras da rede Transamérica passaram a inserir um bipe nos trechos que continham as palavras ânus e vagina após reclamações de patrocinadores.[9][19]
Em dezembro de 1994, João da Costa Batista Saraiva, juiz da Vara da Infância e Juventude da cidade de Santo Ângelo no Rio Grande do Sul, enviou um comunicado às rádios da cidade solicitando a suspensão das execuções da canção. Ele alegou, entre outras coisas que "O Selim não é cultura, nem arte, influência negativamente os jovens, não ajuda na preservação de valores e provoca estragos nos adolescentes."[5] A proibição acabou tendo o efeito contrário e os pedidos dos ouvintes pela música só aumentaram. Como consequência, a banda foi contratada para tocar na cidade. O juiz tentou embargar o show proibindo a entrada de menores de idade e colocando policiais no entorno do local. Mesmo assim o contratante abriu as portas do local para todos e o show ocorreu normalmente. Este fato é citado na música A Mais Pedida, do álbum Só no Forevis.[10]
Ficha técnica
editar- Rodolfo Abrantes - Vocais
- Digão - Guitarra
- Canisso - Baixo
- Fred - Bateria
- Guilherme Bonolo - Guitarra solo
- Nando Reis - Viola
Versão Raimundos Acústico
editar"Selim (feat. Fred Castro)" | |||||
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Single de Raimundos do álbum Acústico - Ao Vivo | |||||
Lançamento | 5 de outubro de 2018 | ||||
Formato(s) | |||||
Gravação | novembro de 2016 | ||||
Gênero(s) | Rock acústico | ||||
Duração | 4:50 | ||||
Gravadora(s) | Som Livre | ||||
Composição |
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Cronologia de singles de Raimundos | |||||
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Em 2018 uma nova versão de Selim foi lançada como o quinto e último single do álbum Raimundos Acústico (2017). Conta com a participação de Fred Castro, ex-baterista do grupo que fez parte da formação clássica da banda e da gravação original da canção. Essa nova roupagem acústica recebeu também um arranjo de cordas e piano.[24] [25]
Faixas e formatos
editarDownload digital | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Selim (feat. Fred Castro)" |
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4:50 |
Ficha técnica
editarReferências
- ↑ a b Vinil, Kid (2008). Almanaque do Rock. [S.l.]: Ediouro. p. 224
- ↑ Marcondes, Marcos Antônio (1998). Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica. Universidade de Michigan: Art Editora. p. 661
- ↑ Essinger, Sílvio (1999). Punk: anarquia planetária e a cena brasileira. [S.l.]: Editora 34. pp. 132, 158, 160, 198–200
- ↑ De Souza, Okky (15 de março de 1995). «Ídolos na Marra». Veja (1383): 128-130. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ a b Mitchell, José (8 de dezembro de 1994). «Rock dançou no Sul». Jornal do Brasil (244): 14
- ↑ Do Espírito Santo, José Júlio (10 de agosto de 2012). «Ultraje a Rigor vs. Raimundos». Rolling Stone Brasil. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ «CD reúne músicas de duas edições "Casa dos Artistas"». Folha Online, Folha de S. Paulo. 15 de julho de 2002. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ Eustáquio Jr., José (4 de março de 2017). «O Dia na História (04/03/2002): SBT lança CD da Casa dos Artistas com repertório de Aretha Franklin a Gretchen». SBTpédia.com.br. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ a b c d e «O Ouro dos Raimundos». Revista Bizz (115). 1 de fevereiro de 1995. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ a b c Gugacast Letra & Música - Canisso e Digão, dos Raimundos - S04E19, Gugacast, consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ a b c Fucuta, Brenda (17 de janeiro de 1995). «Furacão Musical». Jornal do Brasil, Caderno B: 1. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ a b c d e f g Essinger, Sílvio (14 de outubro de 1994). «Sucesso no banquinho da bicicleta». Tribuna BIS. Jornal da Tribuna (13.634): 21. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ a b Massari, Fábio (18 de abril de 1994). «Os Raimundos lançam Heavy-sertanejo». Folha de S. Paulo. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ Brunetti, Itaici (16 de março de 2016). «Primeira Demo rara e inédita dos Raimundos cai na internet». Vírgula. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ a b c Schott, Ricardo (31 de outubro de 2004). «Raimundos: A corrida do ouro». Super Interessante. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ Dias, Gabriela (maio de 1994). «Raimundos». Bizz (106)
- ↑ a b Rocha Lima, Irlan (9 de maio de 2019). «Raimundos têm Fred como convidado em show em Brasília». Correio Braziliense. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ «Rock 'n roll volta a subir a serra gaúcha». Caxias do Sul: Pioneiro. 26 de maio de 1995. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ a b Natália, Bárbara (17 de janeiro de 2018). «Digão, dos Raimundos, fala sobre show no Planeta 2018: 'Podem ter certeza que será bem visceral'». G1. G1 RS. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ Cravo Albin, Ricardo. «Raimundos - Dados artísticos». Dicionário Cravo Alvin da Música Popular Brasileira. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ «Os Raimundos vão participar do 3º Phillips Monsters of Rock». Folha de Boa Vista (1.900). 2 de agosto de 1996: 5. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ Fucuta, Brenda (17 de janeiro de 1995). «Malícia de Forró nas letras». Jornal do Brasil, Caderno B (284): 38. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ Meirelles Costa, Neusa (2004). De amor, cotidiano e outras falas: o discurso da música brasileira e a arqueologia de Foucault. São Paulo: Arte e CIência. pp. 206, 233, 234
- ↑ «Selim (feat. Fred Castro) - Single». Apple Music. 5 de outubro de 2018. Consultado em 14 de setembro de 2020
- ↑ Ferreira, Mauro (23 de novembro de 2016). «Raimundos lançam DVD acústico em 2017 com Ivete, Dinho e Alexandre». G1. Consultado em 14 de setembro de 2020