Os Senhores de Góis foram uma linhagem nobre de judeus da corte portuguesa que desempenharam um papel importante na história medieval do Reino de Portugal . A origem desta linhagem remonta ao início do século XII, quando a vila e o senhorio de Góis foram concedidos a Anião da Estrada, um nobre asturiano, por D. Teresa de Leão e seu filho, o infante D. Afonso Henriques, que se tornou o primeiro rei de Portugal. [1] [2] [3] [4]

Origem e história

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A linhagem dos Senhores de Góis começou quando Anião da Estrada recebeu o senhorio de Góis, uma região montanhosa e então despovoada. Entre 1113 e 1117, D. Teresa de Leão confiou a Anião o comando dos castelos de Góis e Bordeiro, marcando o início do poder territorial da família. [5] [6]

O filho de Anião, Martim Anião, não tinha herdeiros homens, pelo que o senhorio de Góis foi herdado pela sua irmã, Maria Anião, que se casou com Gonçalo Dias de Góis, unindo a linhagem de Anião da Estrada à família Góis. A partir daí, a família Góis tornou-se uma linhagem nobre consolidada, mantendo o seu domínio e influência durante várias gerações. [7] [8]

Membros notáveis

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Anião da Estrada: 1º Senhor de Góis, que recebeu o senhorio de D. Teresa e D. Afonso Henriques. [9] Martim Anião: Filho de Anião da Estrada, herdou o senhorio mas morreu sem herdeiros varões. [10] Gonçalo Dias de Góis: Casou com Maria Anião e através dela herdou o senhorio, consolidando a linhagem Góis. Salvador Gonçalves de Góis: Filho de Gonçalo Dias, continuou o senhorio de Góis. [11] Pedro Salvadores de Góis: Filho de Salvador Gonçalves, manteve o senhorio de Góis. Vasco Pires Farinha: Filho de Pedro Salvadores de Góis, um dos últimos a controlar o senhorio antes de passar para outra linhagem. Gonçalo Vasques de Góis: Filho ilegítimo de Vasco Pires. A sua falta de herdeiros do sexo masculino fez com que o senhorio passasse para os descendentes da sua irmã, Maria, casada com Vasco Rodrigues Viegas. [12]

Relação com o tribunal e a Inquisição

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Os Senhores de Góis faziam parte da nobreza feudal portuguesa e mantinham fortes laços com a comunidade judaica na corte. Como judeus, eles desempenharam um papel importante tanto na política quanto na economia do reino, apesar das crescentes pressões da Inquisição. A família Góis foi particularmente influente nas relações comerciais e financeiras durante um período marcado por grande tensão religiosa e social em Portugal. [13]

Lista dos senhores de Góis

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Estrada

Lista de senhores de Góis

  1. Anião da Estrada, foi o 1º senhor de Góis, tenência que recebeu de Teresa de Leão quando ela confia à Anião os "castelos de Góis e de Bordeiro, numa data desconhecida entre 1113 e 1117"[14]. A terra de Góis era então uma montanha despovoada.[15]
  2. Martim Anião, filho do anterior, não teve descendência masculina e a sua irmã Maria herdou o senhorio.[16][15]
Góis
  1. Gonçalo Dias de Góis, foi senhor de Góis pelo casamento com Maria Anaia, filha de Anião da Estrada, porque os irmãos de Maria não tinham descendência masculina. O Nobiliário confunde com seu pai Diogo Gonçalves.[16]
  2. Salvador Gonçalves de Góis, filho do anterior.[17][18]
  3. Pedro Salvadores de Góis, filho do anterior.[17][18]
  4. Vasco Pires Farinha, filho do anterior.[17][18]
  5. Gonçalo Vasques de Góis, filho natural do anterior (sua mãe era uma freira).[18] Não teve filhos e o senhorio passou aos filhos de sua irmã Maria, esposa de Vasco Rodrigues Viegas.[19]

Legado

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Os Senhores de Góis deixaram um legado duradouro na história portuguesa, tanto como nobres senhores quanto como judeus da corte que mantiveram posições de prestígio e influência durante a Inquisição. A sua história reflecte a complexidade das relações entre nobreza, religião e poder no Portugal medieval. [2] [3]

Referências

  1. «Report - Acervo Judaico» (PDF) 
  2. a b «Catalogue of the Góis Family» (PDF). ANTT  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "auto1" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  3. a b «A DINASTIA DOS GOES (1114-1458)». Gois, linhagem NRamos  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "auto" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  4. «Gois Sobrenome Origem, Significado e História do» 
  5. José Mattoso (1981). Medieval Portuguese Nobility: Family and Power. [S.l.: s.n.] 316 páginas 
  6. «The History of the Góis Surname». Folha Mídia 
  7. José Augusto Sotto Mayor Pizarro (1997). Medieval Portuguese Lineages: Genealogies and Strategies (1279-1325). [S.l.: s.n.] 1067 páginas 
  8. «The Góis Surname: Jews of the Portuguese Court». Medium 
  9. «Research on the Góis Family». University of Coimbra 
  10. «The Góis/Goes Surname». Acervo Judaico 
  11. João Baptista Lavanha (1640). Nobiliary of D. Pedro, Count of Barcelos. [S.l.: s.n.] 332 páginas 
  12. José Augusto Sotto Mayor Pizarro (1997). Medieval Portuguese Lineages: Genealogies and Strategies (1279-1325). [S.l.: s.n.] 1073 páginas 
  13. «Jacob Nunes Gois». Arquivo Nacional 
  14. Mattoso 1981, p. 316.
  15. a b Lavanha 1640, p. 332.
  16. a b Mattoso 1981, p. 319.
  17. a b c Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 1067, Vol. II.
  18. a b c d Lavanha 1640, p. 333.
  19. Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 1073-1074, Vol. II.

Bibliografia

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