Nota: Para o distrito de mesmo nome na Sarmácia, veja Siracenos.

Siracena (em grego: Σιρακηνή; romaniz.: Sirakēnḗ;[1] em armênio: Շիրակ; romaniz.: Širak), segundo a Geografia de Ananias de Siracena (século VII), foi um gavar (cantão) da província de Airarate, na Armênia.[2]

História

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Armênia em 150. Airarate situa-se mais ao centro

Siracena correspondia à região de Eriaque (Eriaḫe) dos registros do Reino de Urartu. Segundo Estrabão, recebeu seu nome posterior dos siracenos da Sarmácia, que supostamente invadiram e se instalaram ali. Compreendia uma área de 3 730 quilômetros quadrados no curso médio e superior do rio Acuriã.[3] Seus principais centros eram Xiracavão, Xiracaxata (depois Mauricópolis) e as cidades fortificadas de Cumairi e Ani.[4] Fazia parte dos domínios régios arsácidas em Airarate e foi concedido aos cansaracânidas,[5] um dos ramos cadetes dos arsácidas, como seu apanágio.[6][7] Em 591, com a concessão de vastas porções da Armênia ao imperador Maurício (r. 582–602) pelo xainxá Cosroes II (r. 590–628), foi incorporado na recém-fundada província da Armênia Inferior.[8]

O poderio local dos cansaracânidas foi enfraquecido em 771-772, quando o Califado Abássida sufocou uma grande revolta armênia na qual estiveram envolvidos.[9] Os Camsaracanos venderam seus domínios aos bagrátidas comandados pelo príncipe Asócio IV Bagratúnio (r. 806–826)[10][11][12] e migraram ao Império Bizantino. Como parte dos domínios bagrátidas, fez parte do Reino medieval da Armênia (884–1045), cuja capital foi estabelecida em 961 em Ani. Em 1045, com a conquista do reino pelos bizantinos, Siracena foi incorporado no Tema da Ibéria com capital em Ani, mas em 1064 a cidade seria perdida aos turcos seljúcidas. Siracena passou aos curdos xadádidas (1064–1199)[9] e eventualmente aos bagrátidas georgianos, que o concederam como apanágio aos zacáridas (1201).[13] Nos séculos XIII e XV, esteve suscetível aos ataques de hordas mongóis e turcomanas até sua eventual conquista pelo Império Otomano. Em 1828, foi conquistado pelo Império Russo.[9]

Referências

  1. Hewsen 1992, p. 332.
  2. Hewsen 1992, p. 70-70A, 264.
  3. Hewsen 1992, p. 214.
  4. Hewsen 1987.
  5. Hewsen 1992, p. 214-215, 309.
  6. Toumanoff 2010.
  7. Toumanoff 1963, p. 202.
  8. Hewsen 1992, p. 212.
  9. a b c Hewsen 1992, p. 215.
  10. Ter-Ghewondyan 1976, p. 33–36.
  11. Laurent 1919, p. 101–104.
  12. Toumanoff 1963, p. 324, nota 81.
  13. Toumanoff 1989.

Bibliografia

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  • Hewsen, R. H. (1987). «Ayrarat». Enciclopédia Irânica Vol. III, Fasc. 2. Nova Iorque: Columbia University Press 
  • Laurent, Joseph L. (1919). L’Arménie entre Byzance et l'Islam: depuis la conquête arabe jusqu'en 886. Paris: De Boccard 
  • Ter-Ghewondyan, Aram (1976). Garsoïan, Nina G. (trad.), ed. The Arab Emirates in Bagratid Armenia. Lisboa: Livraria Bertrand. OCLC 490638192 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press 
  • Toumanoff, Cyril (1989). «Amatuni». Enciclopédia Irânica Vol. I Fasc. 9. Nova Iorque: Columbia University Press