Sistema Penitenciário do Distrito Federal
O Sistema Penitenciário do Distrito Federal, constituído pelo conjunto de unidades distritais de execução penal, é gerido pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social (SSP/DF), organizada de acordo com o Decreto nº 38.046[ligação inativa], de 8 de março de 2017, mediante atuação da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (SESIP/DF) e órgãos relacionados.[1]
Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal
editarA Subsecretaria do Sistema Penitenciário administra o sistema penitenciário do Distrito Federal, que atualmente conta com as seguintes unidades:[2]
- Centro de Detenção Provisória – CDP
- Centro de Internamento e Reeducação – CIR
- Penitenciária do Distrito Federal I – PDF I
- Penitenciária do Distrito Federal II – PDF II
- Penitenciária Feminina do Distrito Federal – PFDF
- Centro de Progressão Penitenciária – CPP
- Diretoria Penitenciária de Operações Especiais– DPOE
A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (SESIPE) é o órgão responsável por coordenar e acompanhar a aplicação das normas de execução penal, bem como zelar pelo cumprimento das determinações provenientes da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Ela está estruturada em gerências que desenvolvem o planejamento macro operacional do sistema. Cabe à SESIPE expedir normas, estabelecendo a uniformização dos procedimentos das unidades que lhe são subordinadas, além de coordenar as atividades de escolta, manutenção da disciplina, investigação e controle de internos. Ela deve ainda interagir com outros órgãos da administração pública ou privada que tenham ações voltadas a implantação de políticas penitenciárias que proporcionem o cumprimento da legislação de execução penal.[3]
Estabelecimentos Penais no Distrito Federal
editarEstão sob acompanhamento, orientação e fiscalização da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal (VEP-DF) os seguintes estabelecimentos penais:[4]
- Ala de Tratamento Psiquiátrico – ATP
- Carceragem da Divisão de Controle e Custódia de Presos do Departamento de Polícia Especializada – DCCP
- Centro de Detenção Provisória – CDP
- Centro de Internamento e Reeducação – CIR
- Centro de Progressão Penitenciária – CPP
- 19º Batalhão de Polícia Militar
- Penitenciária do Distrito Federal – PDF-I
- Penitenciária do Distrito Federal II – PDF-II
- Penitenciária Feminina do Distrito Federal (Colméia) – PFDF
Estatísticas (junho de 2014)
editarDe acordo com relatório do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – Infopen[5] do Ministério da Justiça, a situação do sistema prisional do Distrito Federal era a seguinte, em junho 2014:
- 6 unidades prisionais, 6.605 vagas, média de vagas por unidade prisional 1.101, capacidade máxima observada por unidade 1.584.
- 14.171 presos, 12º UF em número de presos.
- Taxa de aprisionamento: 496,8 para cada 100.000 habitantes (terceira maior taxa, atrás de São Paulo e Mato Grosso do Sul); Média Brasileira: 299,7.
- Taxa de presos sem condenação: 32%.
- Taxa de presos sem condenação com mais de 90 dias de aprisionamento: 14%.
- Taxa de ocupação do sistema prisional: 215%.
- Faixa etária dos presos: 29% 18-24 anos; 25% 25-29 anos; 20% 30-34 anos, 20% 35-45 anos, 5% 46-60 anos e 1% 61+.
- Raça, cor ou etnia dos presos: 21,5% brancos; 77,9% negros; 0,5% amarelos; 0,0% outros.
- Estado civil dos presos: 69% solteiros; 20,9% em união estável; 7,9% casados; 1% separados judicialmente; 0,8% divorciados; 0,3% viúvos.
- Pessoas com deficiência presas: 103 (1%).
- Escolaridade dos presos (pessoas com informação 85%): 2% analfabetos; 1% alfabetizados sem cursos regulares; 58% ensino fundamental incompleto; 10% ensino fundamental completo; 15% ensino médio completo; 11% ensino médio completo; 2% ensino superior incompleto; 1% ensino superior completo; 0% acima de ensino superior completo.
Para se ter uma ideia mais ampla, o mesmo relatório do Infopen aponta a existência de uma população prisional brasileira de 607.731 presos, existindo somente 376.669 vagas no País. O deficit nacional de vagas, portanto, chega a 231.062.
Rebelião da Papuda de 2000
editarNo ano de 2000, no Núcleo de Custódia da Papuda, lugar onde os presos aguardam a condenação, aconteceu a maior rebelião do complexo, que resultou em 11 mortes. A ação teve início após 200 detentos, armados com facas artesanais, invadirem o pavilhão B e executarem o detento Ananias Elisário da Silva, com golpes de faca artesanal, ele estava preso por latrocínio. Acredita-se que o motim foi um ajuste de contas, sendo que 9 detentos morreram sufocados pela fumaça do incêndio na cela 1.[6]
Situação atual
editarApesar de denúncias relativas às condições desumanas a que presos e visitantes estão submetidos nas unidades de execução penal do Distrito Federal [7][8][9][10], o sistema penitenciário distrital ainda se apresenta superlotado[11] [12], além de contar com estruturas institucionais e funcionais alheias à realidade e às necessidades dos presos e dos agentes penitenciários[13], em descompasso com o desenvolvimento de políticas sociais integradas[14], favorecendo a ocorrência de novas rebeliões[15][16].
Mesmo com a série de violentos confrontos entre organizações criminosas ocorridas em 2016 e 2017 em presídios dos estados de Roraima, do Amazonas, e do Rio Grande do Norte pelo controle do tráfico de drogas, a Secretaria de Segurança do Distrito Federal tem considerado muito pequeno o risco de o Distrito Federal enfrentar uma situação semelhante à que culminou na morte de dezenas de presos nas penitenciárias daqueles estados.[17]
A Penitenciária Feminina do Distrito Federal lida com problemas específicos do encarceiramento de mulheres. A perda de laços familiares, tendente a isolar a aprisionada do mundo exterior, é mais frequente do que na realidade masculina. O tráfico de drogas é a causa majoritária do aprisionamento.[18] Como o delito é cometido junto com um companheiro masculino, que também encontra-se no sistema prisional, as visitas são poucas. Trata-se majoritariamente de rés primárias.
Os valores constitucionais da maternidade e da infância encontram-se prejudicados pela falta de estrutura nas condições de berçário, bem como o rompimento da relação com os filhos, em geral, entregues ao cuidado de terceiros.[19]
Ver também
editarLigações externas
editarReferências
- ↑ «Decreto n° 38.046» (PDF). www.ssp.df.gov.br. Governo do Distrito Federal. 8 de março de 2017. Consultado em 15 de novembro de 2017[ligação inativa]
- ↑ «Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal». sesipe.ssp.df.gov.br. Governo do Distrito Federal. Consultado em 15 de novembro de 2017. Arquivado do original em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social». www.ssp.df.gov.br. Governo do Distrito Federal. Consultado em 15 de novembro de 2017. Arquivado do original em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Estabelecimentos Penais do Distrito Federal». www.tjdft.jus.br. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – Infopen» (PDF). http://www.justica.gov.br. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Rebelião em presídio de segurança máxima no DF deixa 11 mortos». www1.folha.uol.com.br. Folha de S.Paulo. 17 de agosto de 2001. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Presídios do DF têm 'condições desumanas', dizem mães de detentos». g1.globo.com. G1. 5 de fevereiro de 2017. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Doença altamente contagiosa se alastra na Papuda e infecta visitantes». www.metropoles.com. Metrópoles. 13 de julho de 2017. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «692 presos são infectados por bactéria e parasita na Papuda». www.correiobraziliense.com.br. Correio Braziliense. 5 de fevereiro de 2017. Consultado em 13 de julho de 2017
- ↑ «Mulheres e parentes de presos da Papuda protestam em frente ao Buriti». www.correiobraziliense.com.br. Correio Braziliense. 31 de julho de 2017. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Quinze anos depois de massacre na Papuda, presídio continua superlotado». www.correiobraziliense.com.br. Correio Braziliense. 17 de agosto de 2015. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Defensoria pede indenização para todos os presos em celas superlotadas no DF». g1.globo.com. G1. 6 de abril de 2017. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Trajetórias Profissionais e Carreira dos Agentes Penitenciários: Distrito Federal e Goiás» (PDF). www.justica.gov.br. BANDEIRA, Lourdes & BATISTA, Analía Soria. 2009. Consultado em 16 de novembro de 2017
- ↑ «A cidadania no contexto da Lei de Execução Penal : o (des)caminho da inclusão social do apenado no sistema penitenciário do Distrito Federal». www.repositorio.unb.br. Cardoso, M. C. V. 2006. Consultado em 16 de novembro de 2017
- ↑ «Relatório do GDF aponta risco de rebelião em presídio onde houve fuga». g1.globo.com. G1. 23 de fevereiro de 2016. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Por risco de rebelião, Secretaria de Segurança cancela visitas na Papuda». www.correiobraziliense.com.br. Correio Braziliense. 2 de novembro de 2016. Consultado em 10 de janeiro de 2017
- ↑ «Secretária de Segurança do DF diz que risco de rebelião na Papuda é pequeno». www.radioagencianacional.ebc.com.br/. Radioagência Nacional. 2 de novembro de 2016. Consultado em 15 de novembro de 2017
- ↑ «Antropóloga Débora Diniz conta experiência no Presídio Feminino de Brasília». www.cnj.jus.br/. Conselho Nacional de Justiça. 7 de julho de 2015. Consultado em 16 de novembro de 2017
- ↑ «O Papel do Agente Penitenciário no Processo de Humanização no Presídio Feminino do Distrito Federal – Colméia». www.revista.faculdadeprojecao.edu.br. AZEVEDO, Rosângela et al (Faculdade Projeção). 2012. Consultado em 16 de novembro de 2017