Solar dos Cardosos Albicastrenses
O Solar dos Cardosos albicastrenses, também referido como Casa na Rua Arco do Bispo, n.º 14, localiza-se na zona histórica da cidade de Castelo Branco, com entrada principal pela Rua do Arco do Bispo, fazendo esquina com a Rua dos Peleteiros (dentro do recinto da muralha, centro histórico).[1][2]
Tipo | |
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Estatuto patrimonial |
sem protecção legal (d) |
Localização |
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Coordenadas |
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![Main entrance of the Cardosos' Palace](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/df/Porta_principal_Cardosos_albicastrenses.jpg/220px-Porta_principal_Cardosos_albicastrenses.jpg)
Construção
editarEste solar foi construído por Paulo Rodrigues Cardoso entre 1590 e 1609, anexando uma casa da Rua dos Peleteiros a quatro casas antigas contíguas, através de reconstrução e integração de parte das suas estruturas de alvenaria.
As casas tinham cozinhas de telha vã e portas com umbrais de granito e arestas biseladas a mão travessa. Algumas foram aproveitadas e outras tapadas, ficando por baixo do reboco das paredes brancas, mas foram descobertas e postas à vista com as obras de restauro. No átrio há umas escadas com corrimão de granito ornamentado, de estilo maneirista (transição do clássico para o barroco). Este edifício ostenta a pedra de armas mais antiga de Castelo Branco. [3]
O seu brasão, esculpido na face de um bloco de granito, é de Cardoso pleno, pois contém no escudo dois leões afrontados com duas flores de cardo entre eles, mostrando a língua, sem flor de cardo na boca, e no timbre um leão semelhante, o que respeita o modelo relativo a esse nome, existente no Livro do Armeiro-Mor (1509).[4]
Os Cardoso
editarOs Cardosos albicastrenses descendem dos de Viseu, de onde era natural o Dr. Pero Lopes Cardoso, filho de Lopo Álvares Cardoso (c. 1435) e de Leonor Rodrigues Cardoso (c. 1435), sendo neto de Luís Vaz Cardoso, 7º Senhor da Honra de Cardoso, de acordo com os genealogistas Cristóvão Alão de Morais[5] e Manuel José da Costa Felgueiras Gaio. [6]
O Dr. Pero Lopes Cardoso (n. c.1460), residiu alguns anos em Castelo Branco, para "fazer a correição", visto que foi Corregedor e Ouvidor da Ordem de Cristo nessa vila, nos anos próximos de 1500.[7] Na obra de Alão de Morais consta que ele era Corregedor das Comarcas da Beira e Riba-Coa em 1505 e 1509. [8] Posteriormente foi Corregedor da Comarca de Entre Tejo e Guadiana, pois desempenhava esse cargo quando foi nomeado Desembargador da Casa da Suplicação (Lisboa) em 7-3-1511, com um ordenado de 45.000 reais por ano. [9]
O seu filho Álvaro Cardoso ficou em Castelo Branco, onde exerceu importantes funções, nomeadamente “recebedor do dinheiro e de outras cousas pertencentes às obras dos muros e fortaleza de Castelo Branco” (por Carta de D. Manuel I de Portugal datada de 20-11-1510), privilégio confirmado por D. João III de Portugal por Carta de 6-10-1522, ao qual foi acrescentado o cargo de Vedor das obras reais na mesma vila, por Carta de 16-10-1622. [10]
Paulo Rodrigues Cardoso (n. c. 1560), bisneto de Álvaro Cardoso e importante fidalgo de solar conhecido em Castelo Branco no final do séc. XVI e início do séc. XVII, foi quem mandou colocar na fachada o referido brasão, quando construiu o palácio. Foi Cavaleiro Fidalgo, Capitão-mor de Castelo Branco, Vereador e Juiz pela Ordenação na então vila de Castelo Branco, bem como procurador às Cortes por Castelo Branco em 1595 no tempo de Filipe I e de Filipe II em 1619. [11] [12] Um dos seus descendentes foi o 2º Barão de Castelo Novo, José Caldeira de Ordaz Queirós (n.1775), cujo avô, Pedro Cardoso Frazão, foi o último a usar o apelido Cardoso, pois a seguir a ele a família optou pelo apelido Ordaz. [13]
Restauração
editarEm 2009 o edifício encontrava-se muito arruinado. Nos três anos seguintes foi restaurado e a seguir nele instalada uma pinacoteca, o que foi objecto duma reportagem da RTP1 e notícias dos jornais. [14]
Referências
- ↑ Trigueiros, João, http://heraldicagenealogia.blogspot.pt/search/label/Joao%20Trigueiros?updated-max=2013-03-17T15:37:00-07:00&max-results=20&start=6&by-date=false, "Solar da Praça Velha, Fundão - Tudela Castilho", nota 5, 10-10-2012, acedido 21-10-2016
- ↑ Ficha na base de dados SIPA
- ↑ Castilho, José Martins Barata de Castilho, Cardosos e Castilhos Albicastrenses - à Volta dos Palácios, ed. Autor, Castelo Branco, 2012, pp.24-26
- ↑ Torre do Tombo, Livro do Armeiro-Mor, 1509, f. 124
- ↑ Morais, Cristóvão Alão de, 1632-1693 Pedatura Lusitana : nobiliário de familias de Portugal / Cristóvão Alão de Morais ; pub. Alexandre António Pereira de Miranda Vasconcellos, António Augusto Ferreira da Cruz, Eugenio Eduardo Andrea da Cunha e Freitas. - Porto : Livr. Fernando Machado, 1943-1948. - 12 v, Tomo V, vol. I, pp. 258 e 266
- ↑ Gaio, Manuel José da Costa Felgueiras Nobiliário das Famílias de Portugal, Título Cardosos, §22, ed.Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989
- ↑ Assinou uma sentença em Castelo Branco a 28-08-1500,ainda bacharel, conforme http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3881712, acedido em 25-10-2016, e outras se encontram no mesmo sítio,algumas já licenciado, como é o caso em 1502
- ↑ Morais, Cristóvão Alão de, op. cit., Tomo V, vol. I, nota de rodapé, p. 266
- ↑ http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3862301 e http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3862302
- ↑ SILVA, Joaquim Candeias da, A Beira Baixa na Expansão Ultramarina, Belmonte, Câmara Municipal de Belmonte, 1999, p. 142.
- ↑ Gaio, Manuel José da Costa Felgueiras Nobiliário das Famílias de Portugal, Cap.Castilhos, § 6 nº.2, ed.Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989
- ↑ Manuel da Costa Juzarte de Brito, Nuno Borrego e Gonçalo de Mello Guimarães, Livro Genealógico das Famílias desta Cidade de Portalegre, 1ª Edição, Lisboa, 2002, p.323
- ↑ Gaio, Manuel José da Costa Felgueiras op. cit., p. 1881 na cópia word
- ↑ http://www.imprensaregional.com.pt/reconquista/pagina/edicao/254/9/noticia/27088 Arquivado em 28 de outubro de 2016, no Wayback Machine., acedido em 24-10-2016