Soltasbruxa
Soltasbruxa (estilizado como SOLTASBRUXA ou #SOLTASBRUXA) é o álbum de estreia da banda brasileira Francisco, el Hombre, lançado em 2 de setembro de 2016. O álbum foi quase todo produzido por Zé Nigro e pela própria banda no Estúdio Navegantes em São Paulo, São Paulo.[1] O single "Calor da Rua" foi produzido por Curumin, que apresentou a banda a Nigro.[2] O álbum traz participações de Liniker e Apanhador Só.[1]
Soltasbruxa | |||||||
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Álbum de estúdio de Francisco, el Hombre | |||||||
Lançamento | 2 de setembro de 2016 | ||||||
Gênero(s) | Música latina, MPB, rock, marchinha | ||||||
Duração | 38:18 | ||||||
Idioma(s) | Português, espanhol | ||||||
Formato(s) | Download digital, CD, LP, streaming | ||||||
Gravadora(s) | Independente | ||||||
Produção | Zé Nigro e Francisco, el Hombre de dezembro de 2015 a julho de 2016 no Estúdio Navegantes em São Paulo, São Paulo[1] | ||||||
Cronologia de Francisco, el Hombre | |||||||
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Singles de Soltasbruxa | |||||||
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O evento de lançamento do disco foi na Audio, em São Paulo, num show com a banda argentina Onda Vaga.[3] Apresenta letras com comentários políticos e sociais,[4] além de uma instrumentação mais voltada para o rock, em comparação ao folk do EP anterior, La Pachanga!.[5]
Conceito e composição
editarSobre a mudança das temáticas das letras do álbum em comparação ao EP La Pachanga!, de 2015, o vocalista e percussionista Sebastián Piracés-Ugarte diz:[6]
“ | La Pachanga! pinta essa imagem de que somos uma banda bonitinha, dançante, quase inofensiva, sabe? E estamos longe disso. Na verdade, somos muito mais que isso. Estamos explorando a pluralidade do que somos e observamos na sociedade. Está intenso, agressivo, bravo e triste. Sinceramente, acho que ninguém espera que sigamos esse caminho. Em vez de tentar dar uma cara atemporal, decidimos encarar o agora. E política faz parte de quem somos, mas no La Pachanga! isso ficou escondido. A gente se considera de esquerda e não concorda com muito do que o PT fez. Só que, frente às movimentações de direita, não tem como ser condescendente, principalmente com o impeachment. | ” |
A vocalista e percussionista Juliana Strassacapa reverberou tais palavras em outra entrevista.[7] O vocalista, violonista e irmão de Sebastián, Mateo, afirmou ainda:[8]
“ | (...) se for pra fazer um disco, vamos imaginar que é um disco final. Vamos fingir que é o último disco. Não porque a gente vai acabar a banda depois, mas porque, se não tiver amanhã, o que a gente quer representar? O que a gente viveu? O que a gente quer sentir se, na estrada, bater um caminhão na gente em mão dupla, morrer... o que a gente tem aqui? | ” |
Para os membros, sempre houve uma intenção por parte da banda de expressar mensagens com maior viés político, mas ainda não haviam encontrado uma forma nem um momento para isso.[8] Sobre o título do disco, Mateo afirmou que "temos uma pegada política, somos Terceiro Mundo, nascemos perdendo, mas nascemos para gritar, por isso o disco se chama Soltasbruxa, queremos que a galera exploda no show, não apenas se divirta".[9] Em outra entrevista, ele complementou:[8]
“ | Tem também uma outra frase, do Eduardo Galeano no As Veias Abertas da América Latina, em que ele fala que a divisão internacional do trabalho consiste em que alguns países se especializam em ganhar e outros se especializam em perder. A gente é América Latina, a gente se especializou em perder. Em entregar toda a nossa riqueza para eles processarem a nossa riqueza, ter uma dívida externa absurda, enfim… a gente se especializou em perder, então, também tem que se especializar em gritar. O disco de certa maneira é um grito. Por isso que é SOLTASBRUXA. No show, eu não quero que a galera dance e fique feliz. Eu quero que a galera exploda, se liberte... | ” |
Algumas das faixas foram criadas a partir do zero por todos os membros ao mesmo tempo, como "Triste, Louca ou Má", "Bolso Nada" e "Tá Com Dólar, Tá Com Deus”. A maior parte é cantada totalmente em português, exceto "Como una Flor", "Primavera" e "Sincero", com trechos em espanhol.[1] Perguntado sobre o motivo do enfoque na língua portuguesa, Mateo explicou:[2]
“ | Nosso público maior está no Brasil e eu quero ser entendido. Cantar em espanhol era uma contestação à lógica imperialista de cantar em inglês no nosso continente. (...) Porém mesmo o espanhol não transmitiu a mensagem que queria passar quando cantávamos na Barra do Rio Mamanguape, na Paraíba, para uma trupe de pescadores. Ou então para a família do interior de Joinville que nos convidou para seu aniversário. Ou então para a galera que estava passando na frente da passagem de som de um festival em Uberlândia. | ” |
Segundo Sebastián, a divisão foi feita de forma a ter "um começo tenso, pesado, denso, que vai se transformando em algo mais leve à medida que naturalizamos o aprendizado, mas que tem um final forte para nos lembrar de que temos muito que aprender pela frente".[10]
Informação das faixas
editarAlgumas faixas tratam de temas relacionados ao feminismo, como o single "Calor da Rua", que aborda a violência doméstica enraizada na sociedade;[11][12] e "Triste, Louca ou Má", que questiona os papéis das mulheres na sociedade e traz a participação de Salma Jô (Carne Doce), Helena Macedo, Labaq e Renata Éssis.[13] Juliana, única mulher do grupo, disse que, com esta formação, "se faz necessário trazer ao nosso cotidiano discussões sobre o machismo e a violência de gênero".[1] Ambas receberam vídeos promocionais.[12] "Triste, Louca ou Má" figurou na trilha sonora da novela da Rede Globo O Outro Lado do Paraíso, sendo usada como encerramento do segundo capítulo, em que a protagonista Clara (Bianca Bin) é estuprada pelo próprio marido Gael (Sérgio Guizé) na noite de núpcias deles.[14] Em 2017, a faixa foi indicada ao Grammy Latino de 2017 de Melhor Canção em Língua Portuguesa.[15]
"Bolso Nada", com a participação de Liniker e os Caramelows, faz uma crítica ao deputado federal Jair Bolsonaro, sem citar seu nome explicitamente.[16] Menos especificamente, queriam criticar "esses políticos que pensam que bandido bom é bandido morto e que existe cura gay".[5]
"Tá Com Dólar, Tá Com Deus" é uma sátira aos "valores agregados ao dia a dia".[1] Em ritmo de marchinha de carnaval, a faixa fala da crise econômica que o Brasil enfrenta à época do lançamento do álbum[17] e da "desvalorização da vida perto da valorização monetária".[5] A canção tem a participação da banda Apanhador Só,[16][17] que o quinteto hospedou em Campinas durante uma turnê.[5] Segundo Sebastián, a faixa foi composta em menos de 30 minutos com base em um refrão que já tocavam em ensaios no início de 2016.[10]
Faixas
editarN.º | Título | Duração | |
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1. | "Soltasbruxa" (com Salma Jô e Rodrigo Qowasi) | 1:41 | |
2. | "Calor da Rua" | 3:21 | |
3. | "Bolso Nada" (com Liniker e os Caramelows[1]) | 4:26 | |
4. | "Primavera" | 3:34 | |
5. | "Não Vou Descansar" | 1:16 | |
6. | "Triste, Louca ou Má" (com Salma Jô, Helena Macedo, Labaq e Renata Éssis[1]) | 4:25 | |
7. | "..." | 0:52 | |
8. | "Tá Com Dólar, Tá Com Deus" (com Apanhador Só) | 2:51 | |
9. | "Como Una Flor" | 3:59 | |
10. | "Sincero" | 4:02 | |
11. | "Lobolobolobo!" | 0:25 | |
12. | "Axé e Auê Sem Fuzuê" | 3:59 | |
13. | "Muro em Branco" | 3:21 | |
Duração total: |
38:18 |
Créditos
editar- Francisco, el Hombre
- Sebastián Piracés-Ugarte - vocal, percussão e violão
- Mateo Piracés-Ugarte - vocal e violão
- Juliana Strassacapa - vocal e percussão
- Andrei Martinez Kozyreff - guitarra
- Rafael Gomes - baixo, vocal de apoio
- Músico de apoio[1]
- Giovani Loner, Danilo Ciolfi, Anderson Menezes - sopros
- Pessoal técnico[1]
- Zé Nigro e Francisco, el Hombre - produção
- Gustavo Lenza - mixagem
- Felipe Tichauer - masterização
- Curumin - produção em "Calor da Rua"
- Fernando Narcizo - mixagem em "Calor da Rua"
- Amanda Paschoal - arte
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j «Francisco, el Hombre disponibiliza o primeiro disco cheio da carreira, SOLTASBRUXA, no YouTube». Inker Agência Cultural. 2 de setembro de 2016. Consultado em 20 de setembro de 2016
- ↑ a b Oliveira, Andressa (5 de outubro de 2016). «Entrevista: Mateo, do francisco, el hombre, fala sobre o CD "SOLTASBRUXA"». Nação da Música. Consultado em 7 de outubro de 2016
- ↑ «francisco, el hombre lança o disco soltasbruxa na Audio em noite que também tem a banda argentina Onda Vaga como atração». Maxpress. 10 de agosto de 2016. Consultado em 5 de outubro de 2016
- ↑ Azevedo, Victoria (16 de outubro de 2016). «Banda Francisco, el Hombre lança o primeiro álbum da carreira e faz show em SP». Revista São Paulo. Grupo Folha. Consultado em 4 de novembro de 2016
- ↑ a b c d Nogueira, Amanda (31 de agosto de 2016). «Banda Francisco, el Hombre lança álbum de estreia na sexta; ouça inédita». Folha de S.Paulo. Grupo Folha. Consultado em 6 de outubro de 2016
- ↑ Brêda, Lucas (junho de 2016). «Enterrando o Passado». Rolling Stone Brasil (118). Consultado em 5 de outubro de 2016
- ↑ Nunes, Gabriel (22 de outubro de 2016). «"Estamos em um momento de mudança, o estranho é necessário", diz Juliana Strassacapa, do Francisco, el Hombre». Rolling Stone Brasil. Grupo Spring de Comunicação. Consultado em 4 de novembro de 2016
- ↑ a b c Curvelo, Rakky (3 de outubro de 2016). «O legado da Francisco, El Hombre: banda quer construir uma história para se orgulhar». Tenho Mais Discos Que Amigos!. Consultado em 5 de outubro de 2016
- ↑ Galvão, Pedro (14 de setembro de 2016). «Formada por mexicanos e paulistas, banda Francisco El Hombre é uma das atrações do Festival Transborda». Uai. Diários Associados. Consultado em 4 de outubro de 2016
- ↑ a b Braz, Alessandra (10 de outubro de 2016). «Entrevista: Francisco, el Hombre contra o capitalismo, a favor do feminismo e pela América Latina!». Move That Jukebox. Consultado em 4 de novembro de 2016
- ↑ Lerina, Roger (1 de outubro de 2016). «Francisco, El Hombre traz o álbum "Soltasbruxa" a Porto Alegre». Zero Hora. Grupo RBS. Consultado em 5 de outubro de 2016
- ↑ a b «Três videoclipes nacionais: Francisco, El Hombre, Rapha Moares e Zumbis do Espaço». Move That Jukebox. 15 de junho de 2016. Consultado em 20 de setembro de 2016
- ↑ Madureira, Felipe (5 de setembro de 2016). «Francisco, el Hombre "SOLTASBRUXA" em direção ao patriarcado nacional». Guitar Talks. Consultado em 5 de outubro de 2016
- ↑ Ferreira, Aline. «"O Outro Lado": Por que música que encerrou capítulo tenso da novela é TÃO importante?». Vix. Vix Inc. Consultado em 11 de dezembro de 2017
- ↑ Ceccarini, Viola Manuela (20 de novembro de 2017). «The 18th Latin GRAMMY Awards in Las Vegas». Livein Style. Consultado em 28 de dezembro de 2017
- ↑ a b Ferreira, Mauro (16 de agosto de 2016). «Banda Francisco, El Hombre ironiza Bolsonaro em faixa com gay Liniker». G1. Grupo Globo. Consultado em 5 de outubro de 2016
- ↑ a b Mota, Gabriel (1 de setembro de 2016). «Francisco, El Hombre explora crise financeira de forma divertida em novo single». A Gambiarra. Consultado em 5 de outubro de 2016