Sperrgebiet
Sperrgebiet (em alemão: "área proibida") (também conhecido como Diamond Area 1, Área de diamantes 1) é uma área de mineração de diamantes no sudoeste da Namíbia, no Deserto do Namibe. Cobre a costa ao longo do Oceano Atlântico que vai de Oranjemund na fronteira com a África do Sul, a até 45 km ao norte de Lüderitz, numa distância de 320 km ao norte. No sentido interior, Sperrgebiet estende-se a até 100 km da costa,[1] com uma área total de 26 000 km²,[2][3] abrangendo uma área de aproximadamente 3% do território do país.[4] Entretanto, a mineração só ocorre em 5% da área total do Sperrgebiet,[5] com a maior parte da área funcionando como área de segurança.[6] O público em geral permanece proibido de entrar na maior parte da área, apesar da criação de um parque nacional em 2004.[7]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/af/Sperrgebiet_Namibia_aus_der_Vogelperspektive_%282017%29.jpg/220px-Sperrgebiet_Namibia_aus_der_Vogelperspektive_%282017%29.jpg)
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2e/Sperrgebiet-001.jpg/220px-Sperrgebiet-001.jpg)
História
editarEm setembro de 1908,[8] o governo alemão, que então administrava a atual Namíbia sob o nome de África do Sudoeste[9] criou o Sperrgebiet, dando direitos exclusivos de mineração ao Deutsche Diamantengesellschaft ("Companhia de Diamantes Alemã"). Em 1915, durante a I Guerra Mundial, forças sul-africanas, comandadas pelo general Jan Smuts e pelo primeiro-ministro Louis Botha, invadiram o país. Os sul-africanos derrotaram os alemães, assumindo o controle da atual Namíbia, incluindo a região de Sperrgebiet.[10] A empresa proprietária da mina, De Beers, teve controle total da área até a década de 1990 quando o governo namibiano adquiriu uma participação de 50%, formando uma joint venture denominada Namdeb Diamond Corporation.[3]
Natureza
editar27° 45′ 55″ S, 16° 17′ 21″ L
O Sperrgebiet possui grande diversidade de flora e fauna, em função da pouca intervenção humana na área no último século. 40% da área é desértica, 30% é de campos, e 28% é de terrenos rochosos.[11] A cratera de Roter Kamm, uma cratera de impacto no sul do Deserto de Namibe dentro do Sperrgebiet, possui um diâmetro de 2,5 km. No Sperrgebiet pode-se encontrar as montanhas Tsaus, os montes Aurus, Heioab, Höchster, as montanhas Klinghardt e a nascente Kaukausib. O ponto mais alto da região está a 1 488 m.[11]
Há 776 tipos de plantas no Sperrgebiet, sendo 234 endêmicas, apesar de o Rio Orange ser a única fonte hídrica permanente da região.[3] Um estudo mostrou que as mudanças climáticas afetarão a flora da área, uma vez que invernos mais secos poderão levar à extinção de várias espécies vegetais endêmicas.[12] De acordo com Morgan Hauptfleisch, um cientista que trabalha no Instituto Sul-Aficano de Análise Ambiental, o Sperrgebiet "é a única região árida com biodiversidade, o que faz dela uma área muito especial".[2] A região possui mais biodiversidade que qualquer outro lugar da Namíbia, mantendo animais como o órix, a cabra-de-leque e a hiena-castanha.[13] As espécies de pássaros do Sperrgebiet incluem Haematopus moquini, o canário-de-cabeça-preta e a Certhilauda erythrochlamys.[11]
Parque nacional e história recente
editarO Sperrgebiet foi tornado um parque nacional em junho de 2004. De Beers ainda gerencia a área, mas está previsto que entregará o controle assim que o ministério de Meio Ambiente e Turismo da Namíbia estabelecer e completar um plano de manutenção para o parque.[2] Em abril de 2008, um naufrágio de 500 anos - de um navio intitulado Bom Jesus[14] contendo moedas ibéricas, canhões de bronze, cobre e marfim, foi encontrado noSperrgebiet.[15] Sob a lei da Namíbia, o governo tem direito a todos os itens encontrados.[16] Há várias cidades-fantasmas no Sperrgebiet, construídas no final do século XIX e no início do século XX sendo a mais conhecida Kolmanskop, além de outras como Pomona and Elizabeth Bay. O vento forte escavou parcialmente vários corpos semimumificados em um cemitério de uma dessas cidades-fantasmas.
Galeria
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Antílope-salta-rochas no Sperrgebiet
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Grandes peneiras usadas para a mineração diamantífera
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Uma duna barchan em deslocamento
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Planta seca que os locais chamam de "vela do bosquímano"
Referências
- ↑ «Sperrgebiet». Encyclopædia Britannica. Consultado em 23 de maio de 2008
- ↑ a b c Absalom Shigwedha (6 de março de 2008). «Scoping the Sperrgebiet». The Namibian. Consultado em 23 de maio de 2008
- ↑ a b c «Namibia Declares Sperrgebiet As National Park». Critical Ecosystem Partnership Fund. Junho de 2004. Consultado em 24 de maio de 2008. Arquivado do original em 8 de novembro de 2007
- ↑ Donald G. McNeil Jr. (27 de abril de 1998). «Oranjemund Journal; Find a Diamond in the Sand? Just Don't Pick It Up (2)». New York Times. Consultado em 23 de maio de 2008
- ↑ Hardy, Paula; Firestone, Matthew D. (2007). Lonely Planet Botswana & Namibia. [S.l.]: Lonely Planet. p. 218. ISBN 1-74104-760-9. Consultado em 23 de maio de 2008
- ↑ Donald G. McNeil Jr. (27 de abril de 1998). «Find a Diamond in the Sand? Just Don't Pick It Up (1)». New York Times, reprinted in Oranjemund Journal. Consultado em 23 de maio de 2008
- ↑ Hardy, Paula; Firestone, Matthew D. (2007). Lonely Planet Botswana & Namibia. [S.l.]: Lonely Planet. p. 358. ISBN 1-74104-760-9. Consultado em 23 de maio de 2008
- ↑ Santcross, Nick; Ballard, Sebastian; Baker, Gordon. Namibia Handbook: The Travel Guide. [S.l.]: Footprint Books. ISBN 1-900949-91-1. Consultado em 24 de maio de 2008
- ↑ «1884: Proteção imperial alemã sobre África do Sudoeste». Deutsche Welle. Consultado em 11 de julho de 2018
- ↑ Hardy, Paula; Firestone, Matthew D. (2007). Lonely Planet Botswana & Namibia. [S.l.]: Lonely Planet. p. 203. ISBN 1-74104-760-9. Consultado em 23 de maio de 2008
- ↑ a b c «BirdLife IBA Factsheet NA019 Sperrgebiet». BirdLife International. Consultado em 24 de maio de 2008
- ↑ Absalom Shigwedha (10 de abril de 2008). «Plants in Sperrgebiet Area At Risk». The Namibian. Consultado em 24 de maio de 2008
- ↑ «Succulent Karoo Ecosystem Programme». Rufford Maurice Laing Foundation. Consultado em 24 de maio de 2008
- ↑ Cf. página da Wikipédia alemã Bom Jesus
- ↑ John Grobler (4 de maio de 2008). «The body and loot of Dias?». Mail & Guardian. Consultado em 24 de maio de 2008
- ↑ Chamwe Kaira (30 de abril de 2008). «De Beers Finds Shipwreck, Treasure From Columbus Era (Update2)». Bloomberg News. Consultado em 24 de maio de 2008
Ligações externas
editar- Christian Goltz (2012). Sperrgebiet National Park Visitor's Information Materials
Bibliografia
editar- NOLI, Gino: Desert Diamonds. Gino Noli, Plettenberg Bay 2010, ISBN 978-0-620-40680-2.