Sternoclyta cyanopectus
Sternoclyta cyanopectus | |
---|---|
macho | |
Classificação científica | |
Reino: | |
Filo: | |
Classe: | |
Ordem: | |
Família: | |
Subfamília: | |
Tribo: | |
Gênero: | Sternoclyta Gould, 1858
|
Espécies: | S. cyanopectus
|
Nome binomial | |
Sternoclyta cyanopectus (Gould, 1846)
| |
Distribuição geográfica |
O beija-flor-de-peito-anil,[3][4] conhecido também como colibri-de-barra-violeta[5] (nome científico: Sternoclyta cyanopectus) é uma espécie de ave apodiforme pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores. É o único representante do gênero Sternoclyta, que é monotípico. Por sua vez, também é, consequentemente, a espécie-tipo deste gênero. Pode ser encontrada em altitudes entre 700 e 2000 metros, distribuindo-se desde o centro-oeste da Venezuela até a Colômbia.[6]
Etimologia
editarO nome científico deste gênero deriva da aglutinação de dois termos derivados do grego antigo, sendo elas as palavras, respectivamente: o substantivo στέρνον, stérnon, utilizado para descrever a região do peito, ou tórax das aves, dentro desse contexto; adicionado de outro termo: κλυτός, klytós, um adjetivo que descreve algo "magnífico, esplêndido".[7][8] O epíteto específico desta ave se refere à coloração azul-turquesa, que foi descrita como "ciano", da região peitoral do animal. O que indica que seu nome binomial se baseia em suas características fisiológicas. A maioria dos beija-flores e um número significativo de outras espécies de aves também receberam seus nomes por meio de traços e características marcantes.
Seus nomes comuns na língua portuguesa, em seus dialetos brasileiro e europeu, também se baseiam em características físicas: "beija-flor-de-peito-anil" atribui a tonalidade do peito do beija-flor como mais azul, ao que "colibri-de-barra-violeta" afirma a coloração mais púrpura para o mesmo local, porém com outro nome.[3]
Descrição
editarOs espécimes do beija-flor-de-peito-anil possuem em torno de 11,4 até os 13 centímetros de comprimento, tornando-os em troquilíneos relativamente grandes; e pesam entre 7 até 9,4 gramas no caso dos machos, e no caso das fêmeas, entre 4 até 10,3 gramas. Ambos os sexos têm bico preto ligeiramente curvilíneo, onde o dos machos é mais longo, e uma pequena mancha branca atrás do olho. O macho adultos possui partes superiores verdes-brilhantes. O gorjal apresenta a cor verde-esmeralda brilhante com uma mancha de azul-violeta brilhante abaixo no peito. O restante da parte inferior é amarelo acinzentado com manchas verde-douradas nos flancos. Sua cauda, por sua vez, e mais bronzeada, com pequenas pontas brancas nas penas externas. As fêmeas adultas também têm plumagem verde-brilhante nas suas partes superiores. Enquanto as partes inferiores são principalmente acinzentadas com manchas verdes no abdômen, ao que a parte ao centro do abdômen é ruivo. Os beija-flores juvenis se assemelham à fêmea adulta.[9]
Sistemática
editarEste gênero foi introduzido primeiramente no ano de 1858, assim como sua única espécie, pelo ornitólogo inglês John Gould, que construiu sua carreira através de ilustrações científicas de beija-flores. O ornitólogo descreveria a espécie em seu catálogo de espécies e monografias de troquilídeos, a partir de um espécime oriundo da Venezuela, em uma fazenda próxima de Camburi Grande, La Guaira.[10][11] Único representante de seu gênero, este se classifica um monotipo, com sua única espécie sendo espécie-tipo. Uma proposta para reclassificar esta espécie dentro de Eugenes foi apresentada, porém não foi reconhecida por nenhum identificador taxonômico internacional.[12][13][14][15] Em 2007, um estudo reclassificaria esta espécie na tribo Lampornithini, em uma classificação atualizada da subfamília Trochilinae.[16][17] Não foi reconhecida qualquer subespécie para o beija-flor-cauda-de-tesoura.
Distribuição e habitat
editarGrande parte do alcance do beija-flor-de-peito-anil se encontra ao norte e ao oeste da Venezuela. Pode ser encontrado na cordilheira Costeira ao leste do estado de Miranda e, a partir daí, a sudoeste nos Andes dos estados de Lara, Mérida e Táchira e, ligeiramente no departamento de Norte de Santander na Colômbia. A espécie habita principalmente as florestas e bosques subtropicais úmidos e parcialmente pelas aberturas criadas por deslizamentos de terra e pela queda de árvores por influência humana ou não. O beija-flor-de-peito-anil também ocorre em florestas secundárias maduras e plantações de café.[9] Em altitude, varia do nível do mar aos 2000 metros acima deste, embora a sua ocorrência se torne muito mais frequente a partir de 700 metros.
Comportamento
editarO beija-flor-de-peito-anil é uma espécie de beija-flor sedentária, não realizando nenhum tipo de migração sazonal de elevação.[9]
Alimentação
editarO beija-flor-de-peito-anil, comumente, procura pelo néctar nas profundezas da floresta, geralmente em sub-bosque denso e frequentemente pelas ravinas úmidas e matagais de Heliconia. Defende canteiros de flores e nunca se reúne com outros beija-flores em grandes eventos de floração.[9]
Reprodução
editarA época de reprodução do beija-flor-de-peito-anil vai de março a julho no estado de Lara e, também, entre novembro e dezembro em outras partes de sua área de distribuição. O beija-flor constrói um ninho que se assemelha à uma xícara, geralmente numa forquilha de galho, mas, às vezes, em videiras ou samambaias, e normalmente cerca de dois metros acima do solo. Este ninho é feito de fibras vegetais macias com uma camada externa de musgo, escamas de samambaias e líquen. A fêmea incuba a ninhada de dois ovos por uma média de cerca de 20 dias e a emplumação se inicia cerca de 26 dias após a eclosão.[9][18]
Vocalização
editarO canto principal do beija-flor-de-peito-anil é descrito como uma "série de notas agudas de 'chit!... chit!... chit!...'". Outra canção é "uma série de notas 'chip' e 'weet' junto de alguns trinados curtos e estridentes". Enquanto forrageia, faz "notas de altas lascadas e staccato".[9]
Estado de conservação
editarA Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, publicada pela IUCN, considerou esta espécie como um táxon "pouco preocupante". No entanto, possui um alcance restrito e seu tamanho e tendência populacional são desconhecidos. Nenhuma ameaça imediata foi identificada.[1] Ocorre em algumas áreas protegidas. É considerado "[localmente] comum [e] parece prontamente aceitar um segundo crescimento e habitats artificiais.[9]
Referências
- ↑ a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Violet-chested Hummingbird (Sternoclyta cyanopectus)». The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22687753A93167642. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687753A93167642.en . e.T22687753A93167642. Consultado em 26 de dezembro de 2022
- ↑ «Appendices | CITES». cites.org. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 113. ISSN 1830-7809. Consultado em 25 de agosto de 2022
- ↑ «Sternoclyta cyanopectus (beija-flor-de-peito-anil)». Avibase. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ Alves, Paulo; Elias, Gonçalo; Frade, José; Nicolau, Pedro; Pereira, João, eds. (2019). «Trochilidae». Nomes das Aves PT. Lista dos Nomes Portugueses. Consultado em 21 de dezembro de 2022
- ↑ Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 21 de dezembro de 2022
- ↑ Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 23 de dezembro de 2022
- ↑ Jobling, James A. (1991). A Dictionary of Scientific Bird Names. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854634-3. OCLC 45733860
- ↑ a b c d e f g Heynen, Iris; Kirwan, Guy M. (2020). «Violet-chested Hummingbird (Sternoclyta cyanopectus), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.vichum2.01. Consultado em 26 de dezembro de 2022
- ↑ Gould, John (1854). «Sternoclyta cyaneipectus: Blue-breast». Londres: Taylor and Francis. A monograph of the Trochilidæ, or family of humming-birds. 2 (1852–1854): 58. doi:10.5962/bhl.title.51056 . Consultado em 26 de dezembro de 2022
- ↑ Gould, John (1846). «On twenty new species of Trochilidae or Humming Birds». Londres: Academic Press. Proceedings of the Zoological Society of London. 14 (164): 88. Consultado em 26 de dezembro de 2022
- ↑ Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 26 de dezembro de 2022
- ↑ McGuire, J.A.; Witt, C.C.; Altshuler, D.L.; Remsen, J.V. (outubro de 2007). «Phylogenetic Systematics and Biogeography of Hummingbirds: Bayesian and Maximum Likelihood Analyses of Partitioned Data and Selection of an Appropriate Partitioning Strategy». Systematic Biology. 56 (5): 837–856. doi:10.1080/10635150701656360 . Consultado em 1 de maio de 2022
- ↑ McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Dudley, R.; Altshuler, Douglas L. (1 de janeiro de 2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology (em inglês) (1): 155–165. ISSN 2193-7206. doi:10.1007/s10336-008-0330-x. Consultado em 24 de dezembro de 2022
- ↑ Fierro-Calderón, Karolina; Martin, Thomas E. (1 de agosto de 2007). «Reproductive Biology of the Violet-Chested Hummingbird in Venezuela and Comparisons with Other Tropical and Temperate Hummingbirds». The Condor (em inglês) (3): 680–685. ISSN 0010-5422. doi:10.1093/condor/109.3.680. Consultado em 26 de dezembro de 2022
Ligações externas
editar- Xeno-canto
- Vídeos, fotos e sons no Internet Bird Collection