Sumano
Sumano (em latim: Summānus), na religião romana antiga, era o deus do trovão noturno, como contraposto a Júpiter, o deus da do trovão diurno.[1] Sua natureza precisa não estava clara nem mesmo para Ovídio.[2]
O templo de Sumano foi dedicado durante a Guerra Pírrica em 20 de junho de 278 a.C.[3][4] A estrutura se apresentava no oeste do Circo Máximo, talvez na encosta do Monte Aventino. Parece que o templo tenha sido dedicado a Sumano porque a estátua do deus que estava no telhado do templo de Júpiter Capitolino tinha sido atingida por um raio.[5] A cada 20 de junho, um dia antes do solstício de verão, bolos redondos chamados de sumanália, feitos de farinha, leite e mel e em forma de rodas,[6] eram oferecidos ao deus como um símbolo de propiciação: a roda pode ser um símbolo solar. Sumano também recebia um sacrifício de dois bois ou bodes negros. Animais escuros eram normalmente oferecidos às divindades ctônicas.[7]
Santo Agostinho registrou que em épocas anteriores Sumano era mais adorado do que Júpiter, mas com a construção de um templo que era mais magnífica do que a de Sumano, Júpiter tornou-se mais honrado.[8]
Cícero relata que a estátua de barro do deus que estava no telhado do Templo de Júpiter Capitolino foi atingida por um raio e perdeu a cabeça. Os arúspices anunciaram que a parte da estátua que faltava tinha sido arremessada no rio Tibre, onde, de fato, foi encontrada no local indicado por eles.[9] O próprio templo de Sumano foi atingido por um raio em 197 a.C.[10]
Plínio, o Jovem acreditava que a divindade era de origem etrusca e um dos nove deuses do trovão. Varrão, no entanto, classifica Sumano entre os deuses que ele considera de origem sabina, a quem o rei Tito Tácio dedicava altares (aras) em consequência de um voto.[11] Paulo Diácono considera-o um deus do raio.[12] Acredita-se que o nome Summanus venha de Summus Manium, "o maior dos Manes".[13]
Georges Dumézil argumentou que Sumano representaria o elemento estranho, violento e inspirador dos deuses da primeira função, ligada à soberania celestial. O duplo aspecto do poder soberano celestial seria refletido na dicotomia Varuna-Mitra na religião védica e na dicotomia Sumanu-Deus Fídio em Roma. Os primeiros deuses destes pares encarnavam o aspecto noturno, violento e misterioso da soberania, enquanto os segundos refletiam a reconfortante luz do dia e o aspecto legalista.[14]
De acordo com Marciano Capela,[15] Sumano é outro nome para Plutão como o "maior" (Summus) dos Manes. Esta identificação é retomada por autores posteriores, como Camões ( "Se no reino sombrio de Sumano ...")[16] e John Milton, em um símile para descrever a visita de Satanás a Roma: "Só para Sumano, envolto em um turbilhão de fumaça de chama azul, cai sobre as pessoas e as cidades".[17]
Ver também
editarReferências
- ↑ Paulus Festi epitome p.188 L 2nd.
- ↑ "The temple is said to have been dedicated to Summanus, whoever he may be" (quisquis is est, Summano templa feruntur): Ovid, Fasti 6, 731. Translation by James G. Frazer, Loeb Classical Library. Plínio, o Velho mentie temple at Natural History 29.57 (= 29.14).
- ↑ Ovid fasti VI 729-731; Fasti Esquil., Venus., Amit.: ad XII Kal. Iul.; CIL I 2nd p. 211, 221,243, 320
- ↑ Plínio, o Velho Nat. Hist. XXIX 14; Livy Periochae XIV. Orlin, Eric M., "Foreign Cults in Republican Rome: Rethinking the Pomerial Rule", Memoirs of the American Academy in Rome, Vol. 47 (2002), p. 5.
- ↑ S. Ball Platner, T. Ashby A Topographical Dictionary of Ancient Rome Baltimore 1928 p. 408, citing Cicero de Div. I 10; Livy Periochae XIV; Iordanes I 2, 14-15; 98-100
- ↑ Festus p.557 L
- ↑ John Scheid, "Sacrifices for Gods and Ancestors", in A Companion to Roman Religion (Blackwell, 2007), p. 264; Raffaele Pettazzoni, "The Wheel in the Ritual Symbolism of Some Indo-European Peoples," in Essays on the History of Religions (Brill, 1967), p. 107.
- ↑ Augustine, City of God IV 23
- ↑ Cicero De Divinatione I 10
- ↑ Livy AUC XXXII 29, 1
- ↑ Varro Lingua Latina V 74.
- ↑ Entry on Dium above.
- ↑ Summanus Arquivado em 20 de março de 2008, no Wayback Machine..
- ↑ Myth et epopée vol. III part 2 chapt. 3; Mitra-Varuna: essai sur deux representations indoeuropeennes de la souverainetè Paris 1948 2nd; La religion romaine archaïque Paris 1974; It. tr. Milano 1977 p. 184
- ↑ Marciano Capela, De nuptiis 2.164.
- ↑ Os Lusíadas, IV, 33, translated as The Lusiad by Thomas Moore Musgrave (1826).
- ↑ In the Latin poem "In Quintum Novembris" (lines 23–24): Talibus infestat populos Summanus et urbes / cinctus caeruleae fumanti turbine flammae.