Vela (náutica)

Superfície usada para explorar a força do vento gerando propulsão para uma embarcação
(Redirecionado de Superfície vélica)
Vela

Ilustração do artigo "Velas" ("A Enciclopédia Militar de Sytin",
Rússia, 1914)

Tipo
produto
elemento de barco (d)
propulsão
Utilização
Uso

Vela é qualquer tipo de superfície que gere trabalho quando exposta ao vento. Geralmente são usadas em embarcações chamadas veleiros. A forma depende estruturalmente da função e os dois casos extremos são o da Vela grande que é quase plana e serve para navegar próximo do vento e a do Spinnake ou Balão que tem uma concavidade importante e só pode ser usada com vento de trás (popa).

Velame é o nome dado ao conjunto das velas de uma embarcação. Tradicionalmente não se fala de velas mas sim de panos e assim diz-se que a NRP Sagres dispõe de 23 velas, 10 de pano redondo e 13 de pano latinos.

Vento e vela

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Como o vento é o motor de um veleiro há que reter esta ideia:

  • Vento ligeiro, vela cheia.
  • Vento forte, vela lisa.

Ângulos e lados

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Vela grande

Uma vela é caracterizada principalmente pela sua forma, pela sua gramatura e do material de que é feita.

Punho, é o nome dado ao pano junto aos ângulos da vela, que se chamam:

  • Punho da pena ou de adriça — punho por onde a vela é içada (1)
  • Punho da amura — punho junto ao mastro (10)
  • Punho da escota — punho onde se prendem os cabos de manobra (12) (junto à escota da vela grande)

Cada extremidade da vela recebe normalmente um reforço (3) de várias espessuras de tecido para fortalecer os punhos.

Os lados de uma vela triangular são a:

Para reduzir a área vélica utilizam-se os rizes (9) a fim de diminuir a sua superfície quando o vento se levanta (9) .

A valuma da vela é actualmente ligeiramente arredondada e fortificada com talas (4) de madeira ou plástico para a enrijecer. Para se fazer variar a sua tensão do bordo de fuga (5) usa-se a bicha (8) A testa da vela é presa ao mastro por um reforço cilíndrico que entra na calha do mastro ou utilizando garrunchos (2) directamente presas à vela [1] .

Funcionamento

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As asas de um avião apoiam-se no ar para voar porque elas não são iguais por cima e por baixo. Enquanto por baixo elas são quase planas e o vento relativo — aquele que vem bater no bordo frontal da asa — continua quase sem modificação por baixo da asa enquanto que o que passa por cima, onde as asas são convexas, têm que efectuar um percurso maior e esse movimento do ar provoca o mesmo efeito de sucção do que acontece quando se tem um guarda-chuva aberto com forte vento, ele voa.[2][nota 1]

Propulsão

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 Ver artigo principal: Propulsão naval
 
Carro a vela.

A velas geram força de propulsão de dois modos diferentes: o primeiro simplesmente capturando o vento que passa e seguindo na mesma direção dele, funcionando mais como um pára-quedas; no outro modo a propulsão ocorre com a vela percorrendo uma trajetória transversal à direção do vento e, devido a seu perfil aerodinâmico, o ar percorre uma trajetória maior em um dos lados da vela, no mesmo intervalo de tempo, gerando uma diferença de pressão entre os lados (maior no lado côncavo) que força a vela em uma direção, de um modo parecido a uma asa (Princípio de Bernoulli). É este pressão para cima que permite os aviões voarem.

Os barcos de competição e recreio, atualmente os maiores utilizadores de velas como sistema de propulsão, costumam levar dois tipos diferentes de vela, a balão (spinnaker), parecida com um pára-quedas, para velejar na mesma direção do vento, e velas latinas (genoas), triangulares, o mais altas e estreitas possíveis para com sua forma aerodinâmica gerar propulsão, e seguir nas direções transversais ao vento.

Perfil

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Como quando se utiliza uma vela ela gera arrasto, uma força contraria e indesejável que aumenta com a velocidade, com a curvatura e com o formato da vela, procura-se variar o perfil com o uso de tracção na retranca e tracção transversal no mastro. De um modo geral, quanto mais forte está o vento, mais plana (lisa) deverá estar a vela com tração aplicada na retranca (caçar a escota). Se o vento estiver fraco, pode-se relaxar o cabo da retranca (folgar), assumindo a vela um perfil mais curvo e logo aumentando a potencia, já que não é importando o arrasto em ventos fracos. Quando a vela fica mais curva diz-se que ela fica com mais saco, assim se a vela tem muito saco fica com muita potência. Quando o saco está bem atrás a entrada é dita fina e autoriza apenas uma estreita faixa eficiente de ar, o que permite trabalhar com um ângulo mais fechado com o vento e o barco pode orçar mais [3].

No interior da vela o vento cria uma depressão, que enche a vela, mas no exterior o ar circula mais depressa e a vela "agarra-se" a essa depressão que ela mesmo criou para avançar. Pelo efeito dessa força os veleiros derrapariam se não tivessem a quilha que em parte compensa esse movimento e o transforma em movimento longitudinal.[2]

O perfil da vela pode ser modificado actuando sobre as escotas, modificando o caimento do mastro e mesmo da regulação do burro da retranca.

Força vélica

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Em cada ponto da vela exercem-se forças de alta pressão (lado do vento) e de baixas pressões (do lado de fora). A vela segue a direcção da alta para a baixa pressão. Do conjunto destas formas aerodinâmicas resulta a força vélica. Como esta força é sensivelmente perpendicular ao plano da vela, quanto mais folgada — aberta, afastada do bordo — estiver a vela mais a força vélica actua no mesmo sentido da nave [4].

A força vélica aumenta com a superfície da vela, a superfície vélica, e essa força localiza-se num ponto chamado o centro vélico.

Voo à vela

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 Ver artigo principal: Voo a vela

O termo voo à(a) vela deveria englobar todos os desportos onde uma vela permite deslocar-se no ar mas está tradicionalmente relacionado com o voo em planador. Além deste, os outros mais conhecidos são o asa-delta com uma asa semi-rígida e os de asas flexíveis como o próprio pára-quedas para descida direta ou o parapente, que trabalhando na transversal da corrente de ar com seu perfil aerodinâmico, gera propulsão avante.

Nomenclatura das velas

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 Ver artigo principal: Tipos de velas (náutica)

Velas: Formato

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Uma vela latina

As velas, ou panos, dos veleiros são classificadas em três grupos segundo a sua forma (tipo):

  • Vela quadrada ou redonda — o tipo de vela mais antigo na Europa que monta muito pouco ao vento;
  • Vela aúrica — de forma quadrangular não simétrica apresenta sempre a mesma face ao vento.
  • Vela latina — vela triangular que permite navegar contra-vento

Um tipo de velas não está restrito a um veleiro pois que no caso da NRP Sagres ela dispõe de 23 velas, 10 de pano redondo e 13 de pano latino sendo destas últimas 11 do tipo triangular e 2 do tipo quadrangular.[5]

Velas: Posição

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 Ver artigo principal: Mastreação

Nome das três velas de base de um veleiro.

 
1. Vela grande
2. Vela de estai ou genoa

Termos

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 Ver artigo principal: Terminologia náutica

Termos relacionados com a vela

  • Abrir — a retranca sobe porque o burro está pouco caçado, e abre a valuma da vela.
  • Saco — a curvatura, a "barriga" da vela.
  • Entrada fina — a passagem do ar entre a VG e o estai é pequena porque o saco se encontra atrás e autoriza apenas uma estreita faixa eficiente de ar entre as duas velas.
  • Saia da vela — o bordo inferior de uma vela junto à esteira.

Ver também

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Referências

  1. Marina de Cascais Arquivado em 14 de abril de 2009, no Wayback Machine. - Agosto 2010
  2. a b La mécanique des Fluides[ligação inativa] - Setembro 2011
  3. Conhecimento náutico Arquivado em 31 de março de 2010, no Wayback Machine. - Outubro 2011
  4. Virtual Skipper Online - Setembro 2011
  5. Navio-Escola "Sagres Arquivado em 18 de fevereiro de 2003, no Wayback Machine. -Setembro 2011

Notas

  1. Muito bom artigo em fr:Effort sur une voile


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Ligações Externas

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