Surena (irmão de Hormisda IV)

 Nota: Para outros significados, veja Surena.

Surena foi um general persa do final do século VI e começo do VII, ativo durante o reinado do Cosroes II (r. 579–590).

Surena
Nacionalidade
Império Sassânida
Progenitores Pai: Cosroes I
Religião Zoroastrismo
Dinar de Cosroes II (r. 590–628)

Surena é a forma latina do parta, persa médio e siríaco Surém (Sūrēn), que derivou do iraniano antigo Suraina (*Sūr-aina-; de *sūra-, "forte, heroico"). Essas formas podem ter se originado da junção de *sūra- com a partícula sufixal -ēn.[1] Foi registrado em bactrio como Soreno (Σορηνο), em grego como Surenas (Σουρήνᾱς; Sourénās) e em armênio como Surém (Սուրեն, Surēn).[2] Nos Períodos Arsácida e Sassânida, em geral tratava-se de um sobrenome de uma das grandes famílias de origem parta que governavam o planalto Iraniano.[3]

Era supostamente filho de Cosroes I (r. 531–579) e irmão de Hormisda IV (r. 579–590). Sua existência é atestada apenas na História de Taraunitis de João Mamicônio, obra considerada não confiável, e autores como Christian Settipani põe dúvida a sua existência.[4] Aparece no início do reinado do imperador Focas (r. 602–610), quando é enviado por seu sobrinho Cosroes II (r. 590–628) a Taraunitis com 100 mil daecãs e nove mil homens a comprar a liberdade de Gregur e Porpes, filho e esposa de seu irmão Vactangue. Chegando, contata Simbácio I. Recebendo-o com afeição, enviou-o a Muxe. Após 10 dias, Surena perguntou por seu sobrinho, querendo saber onde estava. Agora lhe mostraram a fortaleza e disseram: "Lá". E ele perguntou: "Está pastoreando cabras ou orvalhos lá?" Simbácio riu da piada de Surena e ordenou que a esposa e o filho de Vactangue fossem trazidos à sua presença. Assim que chegaram, Surena disse: "Poderoso príncipe [governante] da terra da Armênia, você vai dar-lhes como presentes ao rei iraniano"? O príncipe respondeu: "Eu nem daria ao rei iraniano um cachorro morto para o seu jantar sem ele pagar por ele, muito menos dar esses dois [reféns]. Mas se você quiser comprá-los, eu certamente os entregarei caso contrário, vocês três irão a Arcrunique 'e rebanharão cabras, e servirão na fortaleza e ingratamente comerão meu pão."[5]

Surena então disse: "Oh piedoso e poderoso príncipe, se você nos fizesse cuidar de um cachorro em seus portões, seria uma honra para nós estarmos em sua corte, para não falar em pastorear cabras. Mas ouça-nos e tire de nós 100 mil daecãs, dois mil camelos e 6 cavalos iranianos, e nos dê essa mulher e jovem." Simbácio então respondeu: "Tudo o que você trouxe aqui é nosso, pois vou cortar sua cabeça e confiscar o que você tem. Mas se você precisar deles, torne-se um cristão e seja batizado, e me leve e vá para os iranianos e estes [reféns] com você. Caso contrário, pense em outra coisa." Surena por fim levou 100 mil daecãs e os camelos e cavalos diante do príncipe e disse: "aqui está o seu presente". Mas Simbácio lhe responde:[5]

Eu aprovo os seus dons, mas tropas persas tiraram 180 mil daecãs de madeira de Carque e comeram 400 mil daecãs de grama das planícies e 60 mil daecãs para as corças, veados e coelhos do meu país que eles caçavam e comiam. Eu deixo de lado o preço da água e do pão, mas pague pelos doces vinhos da Síria, Salã e Moxir que por estes dois anos cortaram de mim e se consumiram. E o imposto que tomaram de 6 distritos e pelas receitas da cidade que comeram, paguem 300 daecãs. Você se torna um cristão. Leve-me para os iranianos e leve estes [reféns] para você.
 
João Mamicônio, História de Taraunitis, capítulo III.

Surena ficou sombrio e não pôde falar por três dias. Mas então Simbácio lhe mandou dizer: "Não fique triste, pois farei tudo segundo a sua vontade. Mas vamos, passemos para o outro lado [do rio] e façamos uma peregrinação ao mosteiro que meu pai construiu". Tomando Surena, atravessaram para o outro lado do Aracani, levando a mulher e o filho junto. Mas porque Simbácio queria enganar o iraniano, a esposa e o filho e Vaanes foram deixados do outro lado, de tal forma que Surena atravessaria e seria morto. Ele deixou quatro mil de suas tropas em Megueti e deixou os iranianos na vila do mosteiro que chamavam de aldeia de Artique. Simbácio levou 400 soldados escolhidos e Surena levou 400 dos seus, e os dois partiram ao mosteiro. Quando chegaram à Cruz Oculta, desmontaram e seguiram ao mosteiro a pé. Logo que se aproximaram do local do mosteiro, os clérigos surgiram e os impediram de prosseguir por causa de Surena. Então Simbácio ficou furioso e disse: "Se vocês, iranianos, são abomináveis ​​por serem indignos de covis, como é que são dignos de vida?" E Varazes, o príncipe de Palúnia, atacou Surena, golpeando-o com uma espada e cortando sua cabeça.[5]

Referências

  1. Ačaṙyan 1942–1962, p. 588.
  2. Martirosyan 2021, p. 14.
  3. Fausto, o Bizantino 1989, p. 409-410.
  4. Settipani 2006, p. 147.
  5. a b c Bedrosian 1985, Capítulo III.

Bibliografia

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  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Սուրեն». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8