TUE Série 1000 (Metrô do Rio de Janeiro)

O Trem Série 1000 (Metrô do Rio de Janeiro) é um trem-unidade elétrico fabricado entre 1977 e 1984 por um consórcio liderado pela empresa Mafersa e fornecido para a Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro. Dos 280 carros planejados, apenas 146 foram construídos. Dezoito anos depois a Alstom (sucessora da Mafersa) fabricou mais 36 carros levemente modificados para ampliar a frota. Atualmente prestam serviços nas Linhas 1 e 2 do Metrô do Rio de Janeiro.[3]

TUE Série 1000
(Metrô do Rio Janeiro)[1]


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Fabricante
Família Budd
Período de construção 1977-1984
Entrada em serviço 1979-
Total construídos 146 de 280 [2]
Total em serviço 146 carros
Total desmanchados 19 carros
Formação A+B+B+A (4 carros e 8 carros)
Operador MetrôRio
Depósitos Cidade Nova
Linhas Metrô do Rio de Janeiro
Especificações
Corpo aço inoxidável
Comprimento Total
  • 21885 mm (Carro A);
  • 21750 mm (Carro B)
Largura 3150 mm
Motor Westinghouse
Potência 560 kW
Tipo de transmissão Chopper tiristorizado
Tipo de climatização Ar condicionado
Alimentação 750 VCC
Captação de energia Terceiro trilho+sapata coletora
Freios disco
Bitola 1600 mm

Projeto e fabricação

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Entrega do primeiro carro do Metrô do Rio de Janeiro.

Em abril de 1975 a Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro lançou a concorrência para a aquisição de 186 carros para a operação do Metrô do Rio de Janeiro. Apresentaram-se para a concorrência três consórcios:[4]

Consórcio Fabricante Equipamentos
Fornecidos
Metrocarro-Rio Budd Equipamentos mecânicos
Mafersa
Villares
Westinghouse Equipamentos elétricos
Emafer
Mitsui Equipamentos mecânicos
Nippon Sharyo
Hitachi Equipamentos elétricos
Emafer Montagem
Consórcio Construtor
de Trens-Metrô
Francorail-MTE Equipamentos mecânicos
Cobrasma
Brown Boveri & Cie. Equipamentos elétricos

O consórcio Metrocarro (responsável por fornecer a Frota 108/198 do Metrô de São Paulo) foi selecionado pela Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro em 1975. Posteriormente o contrato foi ampliado para 210 carros. O contrato 17/25 para o fornecimento de 35 trens de 6 carros (210 carros) foi assinado em 26 de setembro de 1975 pelo governador Faria Lima e pelo Ministro do Planejamento Reis Velloso. O valor do contrato, de Cr$ 1 bilhão 370 milhões, foi financiado por uma linha do Finame fornecida pelo Banco de Desenvolvimento e Investimento da Companhia Progresso do Estado da Guanabara S/A (Copeg S/A) e Banco do Estado da Guanabara (BEG) -mais tarde incorporados ao Banerj.[5][6] Parte do contrato, envolvendo equipamentos fabricados nos Estados Unidos, envolveu financiamento junto ao Eximbank, com amortização de 108 meses após a entrega dos equipamentos.[7]

O cronograma contratual estabelecido previa que o trem-protótipo fosse entregue em setembro de 1977, enquanto que os primeiros trens-unidade de série seriam entregues em abril de 1978. Até 1979 40 carros deveriam ser entregues.[5] Posteriormente o contrato foi aditado e mais 70 carros foram encomendados, perfazendo 35 composições de 8 carros (280 carros).[8] O primeiro carro do trem protótipo foi entregue pela Mafersa, com quase quatro meses de atraso, em 30 de janeiro de 1978.[9]

Em 1979 a Mafersa fez a primeira reclamação à Companhia do Metropolitano sobre atrasos nos pagamentos. Foi o início de um problema que se arrastou até a falência da Mafersa em 1997. Para a inauguração do metrô seriam necessários 36 carros. Atrasos nos pagamentos fizeram com que apenas 17 fossem entregues até a inauguração.[10][11][12]

As entregas seguiram de forma irregular até serem interrompidas em 1984, com 146 carros entregues[13], 36 parados na fábrica da Mafersa em São Paulo aguardando pagamento para serem concluídos e 20 pedidos mas nunca construídos e 78 nunca construídos.[14]

Ano Carros entregues
1978 14
1979 64
1980 13
1981 13
1982 10
1983 10
1984 22
Total 146 carros

Operação

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O primeiro trem entregue para a operação em 1979.

As operações da Série 1000 iniciaram-se em 1979 com a inauguração do metrô. Com a crise econômica causada pelo alto endividamento da Companhia do Metropolitano[15] (a dívida externa do metrô alcançava quase 1 bilhão de dólares em 1982[16]), à partir de 1982 começaram a ser relatados problemas técnicos nos trens.[17] , agravados pela falta de frota (que impedia até mesmo o metrô de operar regularmente aos domingos-algo que só ocorreu à partir de 1998).[18][19]

Apesar do Ministro dos Transportes Cloraldino Severo garantir a aquisição de mais trens[20], o número adquirido foi insuficiente frente ao contrato inicial. Com o agravamento da dívida do metrô e a eleição de Leonel Brizola, o metrô passa a receber cada vez menos investimentos federais e estaduais (numa queda de braço entre Brizola e Sarney que não queriam gerir o metrô) e a frota de 23 trens em 1984 passa para 10 trens em 1986. Na gestão estadual seguinte Moreira Franco pleiteou verbas do BNDES para recuperar 58 carros parados, porém decidiu usar os recursos para retomar as obras de expansão do metrô. Com a insuficiência de recursos, a expansão foi paralisada e os 58 carros começaram a ser recuperados apenas em 1997.[21]

Após denúncia do Sindicato dos Metroviários que as pastilhas de freio dos trens eram constituídas de amianto (material cancerígeno) e haviam contaminado um empregado do metrô, a Cia. do Metropolitano substituiu as mesmas em 1988 por outras de um material metálico isento de amianto.[22]

TUE Série 2000

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TUE Série 2000
(Metrô do Rio de Janeiro)
 

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Fabricante
  • Mafersa (1984-1985)
  • Alstom (1997-1998)
Período de construção 1984-1985
Período de renovação 1997-1998
Total construídos 36 carros
Total em serviço 36 carros
Formação A+B+B+B+B+A
Operador MetrôRio
Depósitos Cidade Nova
Especificações
Bitola 1600 mm

Entre 1984 e 1985 a Mafersa construiu 36 carros para o metrô do Rio de Janeiro, sendo parte do lote original de 280 carros encomendados em 1975. Após a Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro atrasar e não realizar sucessivos pagamentos entre 1979 e 1985, a Mafersa resolveu suspender a entrega das encomendas. Dessa forma, ficaram armazenadas na fábrica da empresa em São Paulo 36 carros de metrô semi-construídos.[23]

Com a privatização e consequente falência da Mafersa, a empresa francesa Alstom adquiriu as instalações da empresa e os 36 carros.[24]

Apesar da expectativa de receber 270 carros, a Alstom retomou apenas os 36 carros cuja construção encontrava-se paralisada desde 1985, sendo toda a frota entregue em 1998.[25]

Carros entregues

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Ano Quantidade
1997 8
1998 28
Total 36

Referências

  1. «Metrô do Rio de Janeiro Trem-unidade Mafersa». Centro Oeste. Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  2. Governo do estado do Rio de Janeiro (2013). «Plano Diretor de Transporte Metropolitano do Rio de Janeiro» (PDF). City Fix Brasil 
  3. «Frota de TUEs é 2,97% maior que ano passado» (PDF). Revista Ferroviária. Novembro de 2017. Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  4. «Secretaria de Transportes não inclui novas rodovias em seus planos prioritários». Jornal do Brasil, ano LXXXV, edição 22, página 7/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 30 de abril de 1975. Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  5. a b «Contrato garante 210 carros para a operação dos trechos prioritários do metrô em 78». Jornal do Brasil, ano LXXXV, edição 171, página 5/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 26 de setembro de 1975. Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  6. «Faria Lima contrata compra de 210 carros para o metrô». Jornal do Brasil, ano LXXXV, edição 172, página 7/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 27 de setembro de 1975. Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  7. «Metrô compra material rodante». Jornal do Brasil, ano LXXXVI, edição 50, página 16/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 28 de maio de 1976. Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  8. João Martins (16 de julho de 1977). «Metrô:A obra do século-Engenharia e sofisticação tecnológica Nacional à serviço do Metrô». Revista Manchete, edição 1317, páginas 134-135/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  9. «Consórcio entrega em São Paulo primeiro carro». Jornal do Brasil, ano LXXXVII, edição 296, página 18/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 31 de janeiro de 1978. Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  10. «Noel diz que em março o metrô roda». Jornal do Brasil, ano LXXXVIII, edição 263, página 9/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 28 de dezembro de 1978. Consultado em 2 de janeiro de 2020 
  11. «Noel de Almeida confirma que metrô vai operar». Jornal do Brasil, ano LXXXVIII, edição 290, página 19/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 25 de janeiro de 1979. Consultado em 2 de janeiro de 2020 
  12. «Fornecedor reclama mas o metrô diz que paga em dia». Jornal do Brasil, ano LXXXVIII, edição 312, página 16/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 16 de fevereiro de 1979. Consultado em 2 de janeiro de 2020 
  13. «Metrô garante que vai voltar a operar com todos os trens». Jornal do Brasil, ano XCV, edição 37, página 12/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 15 de maio de 1985. Consultado em 2 de janeiro de 2020 
  14. «Metrô já descobriu o desgaste de mais de 6 mil dormentes na Linha 1:Estado vai discutir empréstimo». Jornal do Brasil, ano XCIII,edição 291, página 5/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 26 de janeiro de 1984. Consultado em 2 de janeiro de 2020 
  15. «Estatal com débito externo não honrado terá conta bloqueada». Jornal do Brasil, ano XCI, edição 334, página 17/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 12 de março de 1982. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  16. Informe JB (31 de março de 1982). «Tranquilidade». Jornal do Brasil, ano XCI, edição 353, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  17. Informe JB (13 de janeiro de 1982). «Lance livre». Jornal do Brasil, ano XCI, edição 278, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  18. Luiz Fernando Gomes (6 de junho de 1982). «Funcionários acusam metrô de inaugurar às pressas». Jornal do Brasil, ano XCII, edição 59, página 23/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  19. Cartas (29 de junho de 1982). «Metrô aos domingos». Jornal do Brasil, ano XCII, edição 82, página 10/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  20. «Ministro diz que governo financiará trem do metrô». Jornal do Brasil, ano XCII, edição 90, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 7 de julho de 1982. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  21. Vanderlei Barneschi (24 de setembro de 2004). «Manutenção e requalificação de carros de passageiros» (PDF). Palestra da empresa Alstom na 10ª Semana de Tecnologia Metroviária da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô de São Paulo. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  22. «Metrô testa liga metálica para substituir asbesto». Jornal do Brasil, ano XCIVIII, edição 208, Caderno Cidade, página 3/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 2 de novembro de 1988. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  23. «Mafersa suspende entrega de carros ao Metrô do Rio». Jornal do Brasil, ano XCIV, edição 311, página 4/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 15 de fevereiro de 1985. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  24. Norma Couri (14 de março de 1997). «Metrô vai receber 270 vagões». Jornal do Brasil, ano CVI, edição 340, Caderno Cidade, página 25/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  25. Curta (18 de setembro de 1998). «Metrô encomenda carros à Alstom». Jornal do Commércio, ano CLXXI, edição 292, página A11/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
 
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