Tavares da Silva
João Joaquim Tavares da Silva (Estarreja, 29 de novembro de 1903 – 19 de outubro de 1958) foi um treinador de futebol e jornalista desportivo português.
Tavares da Silva | |
---|---|
Nascimento | 29 de novembro de 1903 Estarreja |
Morte | 19 de outubro de 1958 |
Cidadania | Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | futebolista, jornalista, árbitro de futebol, treinador de futebol |
Biografia
editarNasceu em Veiros, no concelho de Estarreja, em 29 de Novembro de 1903.[1]
Frequentou a Faculdade de Direito de Lisboa, onde se licenciou em Direito em 1952,[1] embora não tenha praticado, devido ao seu interesse pelo desporto.[1] Iniciou a sua carreira como jornalista ainda durante a juventude, como colaborador no periódico Os Novos, do Liceu Pedro Nunes.[1] Escreveu também para os periódicos Sport Lisboa, Mundo Desportivo, Os Sports, Sport Ilustrado, O Século e O Século Ilustrado, Baliza, Record e Stadium, tendo neste último sido chefe de redacção, director e proprietário.[1] Foi igualmente um dos fundadores e director do jornal A Bola.[1] Em 1933 integrou-se na equipa editorial do periódico Diário de Lisboa, onde foi o responsável pela divisão desportiva durante cerca de vinte e cinco anos.[1] Também foi correspondente do periódico espanhol Marca e do Diário de Notícias de Angola, e muitos dos seus textos para transcritos pela imprensa brasileira.[1] Aquando do seu falecimento, trabalhava para o Diário de Lisboa e era o principal redactor no Norte Desportivo.[1] Além da imprensa desportiva, também colaborou na revista do Automóvel Club de Portugal, onde foi chefe de redacção.[1] Foi igualmente um dos autores da obra História dos desportos em Portugal, em cooperação com Ricardo Ornelas e António Ribeiro dos Reis.[1] A sua carreira passou igualmente pela rádio, tendo em 1933 começado a dirigir a divisão desportiva da estação Clube Radiofónico de Portugal, e depois começou a trabalhar para a Emissora Nacional como comentador-técnico.[1] Colaborou igualmente com a agência Sonarte, em produções que foram depois emitidas pelo Rádio Clube Português, e também esteve presente em vários programas televisivos.[1]
Desempenhou igualmente outras funções ligadas ao futebol, como dirigente, jogador, técnico e árbitro,[1] tendo contribuido de forma decisiva para o desenvolvimento daquele desporto em Portugal.[1] Teve uma carreira destacada como árbitro a nível internacional, tendo por exemplo dirigido um jogo entre as equipas espanhola e jugoslava em Oviedo, em 1932.[1] Também presidiu, durante cerca de três anos, ao Colégio de Árbitros de Lisboa.[1] Em 1930 assumiu o posto de vice-secretário do conselho-geral da Federação Portuguesa de Futebol, e ano seguinte começou a trabalhar como seleccionador, inicialmente como parte de um comité.[1] Foi seleccionador nacional, em título único, durante várias épocas, após o biénio de 1945 a 1946.[1] Exerceu depois como inspector dos desportos para a Federação Nacional para a Alegria do Trabalho.[1] Voltou a ser seleccionador nacional em 1950, e entre 1954 a 1955 e 1956 e 1957.[1] Durante estas épocas a selecção portuguesa alcançou importantes triunfos, tendo destacado a sua presença a nível internacional.[1] Estes incluíram a primeira vitória frente a Espanha, a primeira vez que ganhou além fronteiras contra a Irlanda, num jogo em Dublin, um triunfo contra a equipa inglesa no Porto, campanhas no Médio Oriente e Brasil, e os primeiros jogos de apuramento para o campeonato mundial de 1958.[1] Exerceu como técnico nos clubes do Belenenses, Académica, Oriental, Lusitano de Évora, Sporting da Covilhã, Caldas Sport Clube e no Sporting Clube de Portugal, tendo neste último sido igualmente sócio e membro do conselho-geral.[1]
Fez parte de uma comissão responsável pelo estudo da regulamentação do Curso de Treinadores de Futebol, e em 1955 de uma outra comissão que tinha sido reunida para organizar o Estatuto do Jogador.[1] Ao longo da sua carreira passou por um grande número de países, como a Espanha, França, Bélgica, Reino Unido, Irlanda, Itália, Dinamarca, Hungria, Alemanha, Suíça, Turquia, Brasil e a África do Sul.[1] Também esteve nas colónias portuguesas de Angola e Moçambique.[1]
Faleceu em 19 de Outubro de 1958, aos 54 anos de idade, devido a uma doença prolongada, tendo sido recentemente sujeito a uma intervenção cirúrgica, mas sem resultados.[1] A sua morte foi anunciada pelo Diário de Lisboa na primeira página, tendo-o classificado como uma «figura de relevo no desporto nacional», e uma «legenda viva de uma dedicação sem igual pela causa desportiva, nomeadamente pelo futebol».[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac «Morreu Tavares da Silva, nosso querido camarada e figura de relevo no desporto nacional». Diário de Lisboa. Ano 38 (12883). Lisboa: Renascença Gráfica. 19 de Outubro de 1958. p. 1, 13. Consultado em 2 de Junho de 2023 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares