Teatro Maizum
O Grupo de Teatro Maizum é uma cooperativa do ramo cultural, fundada em 1982 na sequência de um estágio de aperfeiçoamento de actores, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian e dirigido por Adolfo Gutkin.
Ao longo da sua existência tem desenvolvido um trabalho assente sobretudo em autores portugueses, visando trazer para a ribalta obras de referência e contribuindo para a criação e divulgação de um repertório dramatúrgico nacional.
Desde 1988 sob a direcção de Silvina Pereira, o projecto artístico do Teatro Maizum tem privilegiado figuras e obras fundamentais da Cultura Portuguesa cuja divulgação e teatralização tem sido a prática desta Companhia ao longo da sua existência.
A divulgação e valorização desses autores e obras corporizou o projecto 2001 – A Arte de Ser Português, uma proposta artística que integrou os níveis estético e literário e também filosófico e científico. Esta reflexão multidisciplinar feita espectáculo, pressupôs a vontade de “olhar o passado, para deixarmos iluminar as realidades do presente”. Este trabalho de pesquisa e experimentação, desdobrou-se em duas grandes frentes: a via da dramatização de textos literários e a encenação da pouco conhecida dramaturgia clássica portuguesa. A primeira permitiu descobrir o potencial e as virtualidades dramáticas em textos reveladores da identidade cultural portuguesa, e a segunda, mostrou como a nossa dramaturgia clássica merece ser representada. Esta opção, de reconhecer os clássicos como nossos contemporâneos, traçou a participação e o posicionamento do Maizum no panorama teatral português.
O projecto artístico do Teatro Maizum assume como missão a produção de espectáculos e produtos culturais de referência, pela via da qualidade e inovação e com impacto positivo, junto ao público. Espectáculos que coloquem ao espectador de hoje, as questões universais e intemporais do caminhar da humanidade na sua dimensão estética, poética e emocional. Um encontro de expressão teatral, assente na criação de pontes com outras culturas, próximas ou longínquas, no tempo e no espaço, que convoque um olhar atento do presente e prospectivo de futuro.
Historial
editarEntre 1982 e 1987 destacam-se os espectáculos Drakula Koncert e Gilgamesh com encenação de Adolfo Gutkin, O Paraíso Não Está à Vista de R. W. Fassbinder – Rogério de Carvalho, Um Jipe em Segunda Mão de Fernando Dacosta – A. Gutkin e Bela-Calígula de Augusto Sobral encenado por Rogério Vieira.
Em 1988, Silvina Pereira assumiu a direcção artística da Companhia, iniciando um trabalho de dramatização de autores portugueses. Destacam-se os espectáculos: Lisboa Monumental (filmado para a RTP por Ferrão Katzenstein) e Um Demónio na Vitrine de Fialho de Almeida; A Linguagem dos Animais de António Botto, Florbela de Florbela Espanca e Hélia Correia; Portugaru-San de Wenceslau de Moraes (filmado em vídeo por Paulo Rocha); Sabina Freire de Manuel Teixeira Gomes; Comédia Eufrosina de Jorge Ferreira de Vasconcelos; Camões – Tanta Guerra, Tanto Engano, uma dramatização de textos de Luís de Camões (recriado em vídeo por Paulo Rocha) e também apresentado no Convento dos Inglesinhos, em 1996. Seguiu-se Sermões, uma dramaturgia de textos do Padre António Vieira, (digressão nacional e apresentação em Paris, para a comunidade portuguesa); em 1997, a segunda incursão em Jorge Ferreira de Vasconcelos com a apresentação da Comédia Ulysippo no Teatro da Trindade; Garrett – Uma cadeira em S. Bento, dramaturgia dos textos parlamentares de Almeida Garrett, estreado na sala do Senado da Assembleia da República, em 1999;[1] Alegre Campanha, uma dramaturgia de textos de Eça de Queirós[2] e Só Puro Amor, espectáculo de poesia e música, de Bernardim Ribeiro a Natália Correia, ambos estreados no Palácio Foz, em 2001, com apresentação também no Teatro S. Luiz, em 2004; Estranho Fado, de José Régio, apresentado na SNBA (digressão nacional). No âmbito editorial, o Teatro Maizum publicou em livro, Comedia Eufrosina, Comedia Ulysippo, Garrett – uma cadeira em S. Bento e Alegre Campanha e co-produziu um CD -ROM, Camões – Tanta Guerra, Tanto Engano.
A partir de 2006, a companhia enveredou por um trabalho de reflexão teórica (investigação académica, aulas, ateliers) sobre a prática do teatro e seus intervenientes (actores, formação, públicos), bem como a constituição de um repertório de teatro clássico nacional pouco conhecido. É neste contexto, que o Teatro Maizum assumiu a programação cultural nas livrarias Bulhosa, de 2006 a 2009. Destacam-se dois grandes ciclos de leituras encenadas: Clássicos na Bulhosa, envolvendo académicos, estudantes e público em geral e Teatro na Bulhosa,[3] com dramaturgia contemporânea com debate com os autores e convidados, e a leitura da Comedia Aulegrafia no Teatro Nacional.
Ligações externas
editarWebsite: http://www.maizum.pt
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Referências
- ↑ Pereira, Silvina, Garrett - Uma cadeira em São. Bento. Dramaturgia dos textos parlamentares de Almeida Garrett, 167 pp., Sociedade Portuguesa de Autores, Publicações Dom Quixote, 1999
- ↑ Pereira, Silvina, Alegre Campanha. Dramaturgia de textos jornalísticos de Eça de Queirós, 125 pp., Sociedade Portuguesa de Autors, Publicações Dom Quixote, 2006
- ↑ «TEATRO NA BULHOSA». Consultado em 3 de Fevereiro de 2014
«Teatro Maizum no blogue de JPP». 9 de Novembro de 2013. Consultado em 2 de Fevereiro de 2014
«"Nana" em cena no Teatro Rápido, até dia 31 Maio». Gazeta dos Artistas. 1 de Maio de 2013. Consultado em 2 de Fevereiro de 2014
«O Teatro Maizum estreia no Teatro Rápido a peça 'Nana' da autora espanhola Itziar Pascual». 1 de Maio de 2013. Consultado em 2 de Fevereiro de 2013
«Teatro Maizum promove acção de protesto contra falta de apoio». 20 de Fevereiro de 2003. Consultado em 2 de Fevereiro de 2014
«Teatro Maizum apresenta Lisboa monumental de Fialho de Almeida». Consultado em 2 de Fevereiro de 2014