Temporada de incêndios na Austrália de 2019–2020

incêndios na Austrália
Temporada de incêndios na Austrália de 2019–2020

Imagens de satélite da NASA em 7 de dezembro de 2019, mostrando incêndios na costa leste da Austrália.

País
Local
Predominantemente ao sul e leste do país
Estatística
Data
setembro de 2019[1][2]—maio de 2020
Área queimada
Approximadamente 18,636,079 hectares (46,050,750 acres)[3]
Vitímas mortais
34 diretos[4][5] 445 indiretos (inalação de fumo)[6]
Motivo
Calor e seca recordes no país

A temporada de incêndios na Austrália de 2019–2020 foi uma série de incêndios florestais que afetou a Austrália, predominantemente o sudeste do país. Os incêndios, que iniciaram em setembro de 2019,[1][2] queimaram uma área de 18.6×10^6 ha (46×10^6 acres; 186,000 km2; 72,000 sq mi),[3] uma área maior que Portugal e Coreia do Sul,[7] [nota 1] mas não eram tão grandes quanto os incêndios de 1974 que queimaram 117 milhões de hectares (1.2 milhões km2).[8][9][10] Nacionalmente, a Universidade Nacional da Austrália classificou o ano do incêndio de 2019 como "próximo da média"[11] e o ano do incêndio de 2020 como "incomumente pequeno".[12]

Em comparação, os incêndios florestais na Califórnia em 2018 queimaram 800 mil hectares (2 milhões de acres) e os incêndios florestais na Amazônia em 2019 queimaram 900 mil hectares (2.2 milhões de acres).[13] Até agora, mais de 5.900 construções (incluindo mais de 2.200 casas) foram destruídas[14][15][16][17][18][19] e pelo menos 28 pessoas morreram, sendo que uma pessoa ainda está desaparecida no estado de Nova Gales do Sul.[20][21]

Estima-se também que quase meio bilhão de animais foram impactados ou mortos pelos incêndios.[2][22][23] Outras estimativas, que incluem animais como morcegos, anfíbios e invertebrados, calculam o número de animais mortos em mais de um bilhão.[24] Os ecologistas temem que algumas espécies ameaçadas sejam levadas à extinção pelos incêndios.[25] As perdas no país já são estimadas em mais de 500 milhões de dólares australianos, com o governo australiano prometendo 2 bilhões de dólares australianos para ajudar na recuperação; entretanto, estima-se que será necessário 100 bilhões de dólares australianos para recuperar por completo todas as perdas.[26]

Desde novembro de 2019, os incêndios impactaram fortemente várias regiões do estado de Nova Gales do Sul, como a Costa Norte, a Costa Norte Central, a região de Hunter , as cidades de Hawkesbury e Wollondilly no extremo oeste de Sydney, as Montanhas Azuis, Illawarra e a Costa Sul, com mais de 100 incêndios em todo o estado. No leste e nordeste de Vitória, grandes áreas de florestas queimaram fora de controle por quatro semanas antes dos incêndios emergirem das florestas no final de dezembro, matando muitas pessoas, ameaçando muitas cidades e isolando Corryong e Mallacoota. Um estado de desastre foi declarado para East Gippsland. As áreas moderadamente afetadas foram o sudeste de Queensland, as colinas de Adelaide e a ilha Kangaroo, na Austrália Meridional, e áreas do sudoeste da Austrália Ocidental, com algumas áreas na Tasmânia e no Território da Capital Australiana sendo levemente impactadas.[27] Em dezembro de 2019, o governo do estado declarou estado de emergência em Nova Gales do Sul depois que as temperaturas recordes e a seca prolongada provocaram o aumento dos incêndios.[28][29] As ramificações políticas dos incêndios foram significativas. Uma decisão do governo de Nova Gales do Sul de cortar o financiamento para bombeiros com base em estimativas orçamentárias, bem como um feriado do primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, durante um período em que dois bombeiros voluntários morreram e sua aparente apatia em relação à situação, resultou em controvérsia. Como as temperaturas estavam previstas para atingir os 41°C, a primeira-ministra de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, convocou um novo estado de emergência de sete dias, com efeito a partir das 9h da manhã de 3 de janeiro de 2020.[30][31][32]

Reforços de toda a Austrália foram chamados para ajudarem a combater os incêndios e aliviarem as equipes locais esgotadas em Nova Gales do Sul. Em 11 de novembro, foi relatado que a Country Fire Authority (CFA) estava enviando um grande contingente de até 300 bombeiros e pessoal de apoio de Vitória.[33] Mais de 100 bombeiros foram enviados da Austrália Ocidental em 14 de novembro de 2019.[3] Contingentes também foram enviados da Austrália do Sul e do Território da Capital Australiana.[33][3] Em 12 de novembro, o governo federal anunciou que a Força de Defesa Australiana estava fornecendo apoio aéreo ao esforço de combate a incêndios, além de se preparar para fornecer mão de obra e apoio logístico. Bombeiros da Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá ajudaram a combater os incêndios, especialmente em Nova Gales do Sul.[34][35] Em 12 de novembro de 2019, o risco de incêndio catastrófico foi declarado na região da Grande Sydney pela primeira vez desde a introdução desse nível em 2009 e uma proibição total de queimadas estava em vigor em sete regiões, incluindo a Grande Sydney.[36] As áreas de Illawarra e Greater Hunter também experienciaram perigos de incêndio catastróficos e outras partes do estado, incluindo as já devastadas partes do norte de Nova Gales do Sul.[37] Em 1 de janeiro de 2020, 3.6 milhões de hectares (8.9 milhões de acres) foram queimados ou estão queimando em Nova Gales do Sul.[38]

Notas

  1. Comparado-a a um país, a área queimada na Austrália seria o 106º maior país do mundo, maior que a Islândia.

Referências

  1. a b «Australia bushfires might burn for months, Morrison warns» (em inglês). BBC. 5 de janeiro de 2020. Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  2. a b c «25 pessoas e 480 milhões de animais: os números do incêndio da Austrália». G1. 6 de janeiro de 2020. Consultado em 6 de janeiro de 2020 
  3. a b c d «Media statement – WA firefighters providing much-needed relief for NSW and QLD». www.mediastatements.wa.gov.au (em inglês). Consultado em 3 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 17 de novembro de 2019 
  4. Tolhurst, Kevin. «It's 12 months since the last bushfire season began, but don't expect the same this year». The Conversation (em inglês). Consultado em 12 de agosto de 2020 
  5. Nelson, Janice (26 de junho de 2020). «Geoscience Australia's Oliver Discusses Use of Landsat during Country's Historic Fires». United States Geological Survey. Consultado em 12 de agosto de 2020 
  6. Hitch, Georgia (26 de maio de 2020). «Bushfire royal commission hears that Black Summer smoke killed nearly 450 people». www.abc.net.au (em inglês). Australian Broadcasting Corporation. Consultado em 5 de fevereiro de 2021. Associate Professor Fay Johnston, from the Menzies Institute for Medical Research at the University of Tasmania, said her team estimated around 445 people died as a result of the smoke, over 3,000 people were admitted to hospital for respiratory problems and 1,700 people presented for asthma. 
  7. Zhou, Naaman (16 de janeiro de 2020). «Australian bushfires from the air: before and after images show scale of devastation» (em inglês). The Guardian. Consultado em 16 de janeiro de 2020 
  8. «New South Wales, December 1974 Bushfire - New South Wales». Australian Institute for Disaster Resilience. Government of Australia. Consultado em 13 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 13 de janeiro de 2020. During the summer between 1974 and 1975, Australia experienced its worst bushfire season in 30 years. Approximately 15 per cent of Australia's physical land mass sustained extensive fire damage. This equates to roughly around 117 million ha. 
  9. "In 1974-75, lush growth of grasses and forbs following exceptionally heavy rainfall in the previous two years provided continuous fuels through much of central Australia and in this season fires burnt over 117 million hectares or 15 per cent of the total land area of this continent." https://www.abs.gov.au/Ausstats/abs@.nsf/0/6C98BB75496A5AD1CA2569DE00267E48
  10. "the most destructive event, which happened in 1974 and burned 117 million hectares, does not have a name because most of the land was in central Australia" https://www.news.com.au/technology/environment/how-the-2019-australian-bushfire-season-compares-to-other-fire-disasters/news-story/7924ce9c58b5d2f435d0ed73ffe34174
  11. «AUSTRALIA'S ENVIRONMENT SUMMARY REPORT 2019» (pdf) (em inglês). Australian National University. p. 6. Consultado em 30 de outubro de 2021. National fire activity was close to average: 10% below 2000–2018 average [...] total area burnt was 26 Mha; 42% below 2000–2018 average 
  12. «Australia's 2020 Environment REPORT» (pdf) (em inglês). Australian National University. 2021. p. 10. Consultado em 30 de outubro de 2021. Nationally the area burnt was unusually small [...] Total area burnt was 17 Mha, 90% below the 2000– 2019 average 
  13. «Australia fires: A visual guide to the bushfires and extreme heat» (em inglês). BBC News. 31 de dezembro de 2019. Consultado em 10 de janeiro de 2020 
  14. «Woman dies from bushfire smoke in Canberra after exiting plane» (em inglês). News. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  15. «Australian bushfires: Twenty-eight missing in Victorian bushfire zones» (em inglês). 9news. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  16. «Bushfires live updates: Troops prepare for emergency evacuations by sea» (em inglês). News. 2 de janeiro de 2020. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  17. «NSW and Victoria fires live: three more deaths confirmed in Australia bushfires and hundreds of homes destroyed – latest updates» (em inglês). The Guardian. 31 de dezembro de 2019. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  18. «More than 720 homes lost in NSW fires as Sydney told to brace for huge losses» (em inglês). The Sydney Morning Herald. 10 de dezembro de 2019. Consultado em 3 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 11 de dezembro de 2019 
  19. «Bushfire death toll rises as fires sweep across South Australia and NSW» (em inglês). Consultado em 3 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 21 de dezembro de 2019 
  20. Wahlquist, Calla (13 de janeiro de 2020). «Mothers, daughters, fathers, sons: the victims of the Australian bushfires» (em inglês). The Guardian. Consultado em 16 de janeiro de 2020 
  21. Berlinger, Joshua; Whiteman, Hilary (16 de janeiro de 2020). «Rain and hail pelt fire-ravaged Australian states, bringing new risks -- and potential relief» (em inglês). CNN. Consultado em 16 de janeiro de 2020 
  22. Harvey, Josephine (2 de janeiro de 2020). «Nearly Half A Billion Animals Feared Dead In Australian Wildfires». The Huffington Post (em inglês). Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  23. «Australia fires: How do we know how many animals have died». BBC (em inglês). Consultado em 5 de janeiro de 2020 
  24. Harvey, Josephine (6 de janeiro de 2020). «Number Of Animals Feared Dead In Australia's Wildfires Soars To Over 1 Billion». The Huffington Post (em inglês). Consultado em 10 de janeiro de 2020 
  25. Readfearn, Graham (3 de janeiro de 2020). «'Silent death': Australia's bushfires push countless species to extinction». The Guardian (em inglês). Consultado em 10 de janeiro de 2020 
  26. Quiggin, John (10 de janeiro de 2020). «Australia is promising $2 billion for the fires. I estimate recovery will cost $100 billion» (em inglês). CNN. Consultado em 10 de janeiro de 2020 
  27. Daniel, Andrews (3 de janeiro de 2020). «Premier» (em inglês). The Guardian. Premiers Department. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  28. «Australia declares state of emergency as heatwave fans bushfires» (em inglês). Al Jazira. Consultado em 3 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 19 de dezembro de 2019 
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  36. Elsworthy, Emma (20 de dezembro de 2019). «Homes may be lost, RFS warns ahead of heat surge» (em inglês). ABC News. Consultado em 3 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2019 
  37. McNab, Jodie Stephens and Heather (10 de novembro de 2019). «Catastrophic fire danger forecast for NSW» (em inglês). Illawarra Mercury. Consultado em 3 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 17 de novembro de 2019 
  38. Evershed, Nick; Ball, Andy; Evershed, Nick. «How big are the fires burning on the east coast of Australia? Interactive map». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 3 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 7 de dezembro de 2019