Teodósio de Oliveira Ledo

militar brasileiro
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Theodósio de Oliveira Lêdo (Aprox. 1646— 1732) foi Capitão-Mor das Fronteiras dos Piranhas, Cariris e Piancós. Foi um nobre miliciano das Ordenanças Portuguesas no Brasil, promoveu a exploração e ocupação dos sertões paraibanos. Fundador de vários povoados, arrais e vilas que posteriormente se tornaram municípios, entre eles Campina Grande, Olivedos, Pombal. Pertenceu à linhagem dos Oliveira Lêdo, sendo a origem mais provável de ter sido descendente de Bartholomeu Lêdo (provavelmente bisneto deste), casado com a mameluca Anna Linz, filha do alemão Roderich Linz (aportuguesado para Rodrigo Lins) e a índia nativa Felipa Rodrigues, mas que promoveu a exploração de gado e povoamento dos sertões da Paraíba, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte.

Theodósio de Oliveira Lêdo, Capitão-mor das Fronteiras dos Espiranhas, Cariris e Piancós
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Nascimento Aprox. 1646
Baixo-Rio São Francisco, Capitania da Baía de Todos os Santos
Morte 1732
Provavelmente Boqueirão, às margens do Rio Paraíba
Nacionalidade  Brasileiro
Ocupação Capitão-Mor de Infantaria de Ordenanças
Assinatura
Assinatura de Theodósio de Oliveira Lêdo, Capitão-mor das Fronteiras dos Espiranhas, Cariris e Piancós

História

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Antecedentes

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Theodósio de Oliveira Lêdo foi Capitão-Mor das fronteiras dos Espiranhas, Cariris e Piancós, sucedendo seu irmão, Constantino de Oliveira Lêdo, filhos de Custódio de Oliveira Lêdo. Nasceu por volta de 1646, na região do Baixo Rio São Francisco, na Capitania da Baía de Todos os Santos Bahia, onde se encontra o atual município de Neópolis, no estado de Sergipe. Em meados da década de 1660, aproximadamente, Theodósio de Oliveira Lêdo e sua família saíram da citada região para explorar a sesmaria que lhe tinha sido entregues por empreendimentos com outros nobres por postos de milícia.. Essa sesmaria ficava ao longo do Rio Paraíba e media 275 km (50 léguas) de comprimento por 55 km (10 léguas) de largura. Seu tio, Antônio de Oliveira Lêdo, foi o primeiro capitão-mor da Infantaria de Ordenanças do Sertão da Paraíba. ulo. Três foram os troncos principais, na Paraíba, da família Oliveira Lêdo: Custodio de Oliveira Ledo, Pascácio de Oliveira Ledo e Antônio de Oliveira Ledo.

Títulos e concessões

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Theodósio de Oliveira Lêdo foi o 3º Capitão-mor das Fronteiras dos Espiranhas, Cariris e Piancós, sucedendo seu irmão, Constantino de Oliveira Lêdo de quem herdou o título por carta patente se Sua Majestade D. Pedro II de Portugal. O Capitão-mor Theodósio recebeu várias cartas de mercê para datas e sesmarias cuja ocupação empreendeu sozinho ou com consorciados, inclusive em uma destas datas edificou seus currais vizinhos à fazenda do Herói da Batalha dos Guararapes e Cavaleiro da Ordem de Cristo André Vidal de Negreiros. Seu tio, Antônio de Oliveira Lêdo, foi o primeiro capitão-mor da 'Infantaria de Ordenanças do Sertão da Paraíba' e posteriormente o 1º Capitão-Mor das Fronteiras dos Espiranhas, Cariris e Piancós, título de posto de milícia que foi herdado por Constantino de Oliveira Lêdo, irmão de Theodósio e Filho de Custódio de Oliveira Lêdo.

Tais títulos conferem à Theodósio de Oliveira Lêdo a condição de Nobre da Casa Real Portuguesa, sendo os títulos de postos de milícia (Capitão-mor, Sargento-mor, Alferes) para Ordenanças, constituem para o possuidor os mesmos privilégios de Cavaleiro Fidalgo da Casa Real Portuguesa.[1]

Theodósio foi muitas vezes elogiado por seus empreendimentos e feitos militares contra os índios Janduís, aliados dos Holandeses após a expulsão dos mesmos. Estes elogios vieram principalmente do governador-geral de Pernambuco e do governador-geral do Brasil, tendo suas proezas chegado aos ouvidos do Rei de Portugal e imortalizados no livro do Visconde de Taunay "A Guerra dos Bárbaros".

O melhor desvendamento da documentação promoveu a revisão das asserções de Irineu Joffily que atribui ao Capitão-mor Theodósio de Oliveira Lêdo como que a totalidade dos esforços locais da Paraíba na obra do desbravamento, quando, no entanto, teve predecessores ilustres, homens de sua família.

A Guerra dos Bárbaros

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O Capitão-mor com seu Terço de Ordenanças e a Tribo dos Ariús.

A partir de 1688 a Guerra dos Bárbaros consistiu na mobilização de tribos de índios tapuias, em especial os Janduís aliados dos holandeses que queriam expulsar os portugueses do sertão paraibano, empreendendo vários massacres de colonos, expulsando-os e ateando fogo nas vilas. Theodósio herdou o título de Capitão-mor das Fronteiras dos Espiranhas, Cariris e Piancós do seu irmão Constantino de Oliveira Lêdo, morto em combate pelos índios Janduís durante o conflito. Posto isso, acredita-se que o português tenha adentrado na guerra com bastante bravura e sagacidade para honrar a morte do irmão.

Durante esta guerra Theodósio combateu ao lado de Domingos Jorge Velho, o paulista, expulsando o último resquício dos holandeses na Paraíba que armavam os Janduís com arcabuzes e pólvora. Ele aliou-se ao Cacique Cavalcanti, fundador da tribo dos Índios Cavalcantis, mais conhecidos como Ariús, os quais participaram da sua tropa de Ordenanças. Muito elogiado por sua campanha tanto de expulsão dos índios como de repovoamento do sertão com criações de gado e armamento da população colona, Theodósio de Oliveira Lêdo ganhou a simpatia do Capitão General de Pernambuco, Fernão Martins Mascarenhas de Lencastro, Do governador-geral do Rio Grande do Norte, Bernardo Vieira de Melo e do governador-geral do Brasil, Dom João de Lencastre. Posteriormente, já durante o Império do Brasil, Theodósio de Oliveira Lêdo foi imortalizado, sendo citado várias vezes nas páginas de "A Guerra dos Bárbaros", obra do militar, nobre e imortal Academia Brasileira de Letras Alfredo D'Estragnolle Taunay, o Visconde de Taunay.

Fundação de Campina Grande

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Viajou o Capitão-mor Theodósio de Oliveira Lêdo, em fins de 1697, do arraial de Piranhas para a capital da província, a fim de entregar ao governador as cartas de D. João de Lencastro. Ao chegar à capital, não mais encontrou o Capitão-mor Manuel Nunes Leitão, já substituído por Manuel Soares Albergaria. Trazia ele um grupo de índios da tribo "ariús" ou "ariás", habitantes da ribeira do Piranhas, talvez para apresentá-los ao governador da capitania. Sem que se saiba o motivo, antes de descer a Borborema, aldeou-os numa grande campina, nos limites orientais da região dos cariris. Fundava aí o núcleo que deu origem a Campina Grande.

O governador Manuel Soares Albergaria, em carta enviada para o Reino, datada de 14 de maio de 1699, ao tratar da domesticação dos gentios no território de sua jurisdição, declarou que Theodósio de Oliveira Lêdo trouxera das Piranhas "uma nação Tapuias, chamados Ariús, que estão aldeados junto dos Cariris, aonde chamaram a Campina Grande". E como tivesse cumprido as determinações do governador geral, explicou que fornecera uma expedição, da qual fazia parte "um religioso de Santo Antônio, a quem particularmente recomendara a conversão daquele gentio". Foi um franciscano o primeiro cura de almas de Campina Grande, sem registro de seu nome.

O historiador Irineu Jóffily transcreve na íntegra a referida carta:

“O capitão-mór da Parahyba, Manoel Soares da Albergaria, em carta de 14 de maio deste anno (1699) dá conta a V. M. em como no I.° de dezembro de 1697 fora áquella cidade o capitão-mór das Piranhas e Piancó. Theodosio de Oli veira Ledo e o informara do estado em que se achavam os sertões daquelle districto, despovoado pelas invasões que tinha feito o gentio barbaro Tapuya; e que era conveniente que estes se tornassem a povoar com gado, curraes, etc., para que lhes era necessário que elle o ajudasse com alguma gente e munições para nas ditas Piranhas fazer arraial; - que troufxera comsigo uma nação de Tapuyas, chamados Arius, que estão aldeados juntos dos Carirys onde chamam a Campina Grande, e queriam viver como vassallos de V. M. e reduzirem-se á nossa 'santa fé catholica, dos quaes era o principal Tapuya de muito boa raça e muito fiel, chamado Calvalcante, os quaes foram com o dito capitão-mór e 40 cararys e 16 índios que tirara das aldeias e 10 soldados daquella praça mandando-lhe concertar as armas e dando-lhe 4 arrobas de polvora e bala, 140 alqueires de farinha e algumas carnes; e partindo no i.° de Janeiro do anno passado, fora com o dito capitão-mór um religioso de Santo Antonio, a quem particularmente encommendara a conversão daquelle gentio, e pela carta inclusa do dito capitão-mór, seria presente a V. M. o bom successio que Nosso Senhor foi servido dar-lhe; e que estava esperando pelo capitão-mór para fazer outra entrada; e lhe constava se ião juntando muitos gados para irem povoar as Piranhas, onde se devia fazer o arraial para segurança dos povoadores”.

Regressou Theodósio ao seu arraial em 1° de janeiro de 1698, levando consigo soldados, índios e material bélico fornecidos pelo governador. Em 1701, requeria, com outros, data de terra no "Rio Quinturaré" (Piancó) que corre de sul para norte e vai fazer barra nas "Piranhas"; declaravam os requerentes que as terras pedidas confrontavam "com Seridó e com as datas dos Oliveiras ao largo", o que comprova terem os seus oarentes, tio e irmão, requerido terras e fundado fazendas, anteriormente, na ribeira do Piranhas.

Desbravador infatigável, já no ano seguinte tornava a Campina Grande, sem dúvida com o propósito de desenvolver a aldeia que fundara. Percorrendo as terras em derretor, descobriu "na serra chamada "Bodopitá" em "brejo de canas bravas" e matas em que há um olho d'água, que lhe parecerem "capazes de produzir roças e outros legumes necessários para a conservação com mais cômodo, não só da guerra contra o Tapuia, mas também dos moradores do dito "sertão". Requereu a concessão de quatro léguas de comprimento por uma de largura. Foi-lhe reduzido o comprimento por estar em vigor a Carta Régia de 7 de dezembro de 1697, que fixava as sesmarias em três léguas de comprido e uma de largura.

Não foi difícil a Theodósio dar desenvolvimento ao núcleo iniciado com o grupo dos ariús. Dadas as condições favoráveis do sítio, a amenidade do clima, a existência de matas, a natureza do solo e, principalmente, a sua localização, ponto de passagem preferido nas comunicações entre o sertão e o litoral, cedo conseguiu atrair parentes, colonos brancos, índios mansos, com o que assegurou a prosperidade do lugar.

Casamentos e falecimento

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Theodósio de Oliveira Lêdo foi casado duas vezes, no primeiro casamento com Isabel Paes de Oliveira, na década de 1660, e no segundo casamento com Cosma Tavares Leitão, isso no final século XVII. Alguns afirmam que morou na cidade de Olivedos, fazendo lá uma casa que ainda hoje está de pé, na entrada da cidade, próximo ao Mercado Santo Expedito, porém nunca confirmado com veemência. É provável que tenha falecido em sua fazenda, onde hoje se encontra o município de Boqueirão, às margens do Rio Paraíba. No fim da vida, o capitão-mor ficou cego devido à idade. Ao falecer, entre novembro de 1731 e agosto de 1732, deixou seis filhos, três do primeiro, com Isabel Paes de Oliveira, que eram: Adriana de Oliveira Lêdo (matriarca da maior parte da genealogia de Santa Rosa), Capitão-mor Francisco de Oliveira Lêdo e o Capitão Antônio de Oliveira Lêdo casamento, já no segundo casamento, com Cosma Tavares Leitão, eram: Theodósio de Oliveira Lêdo Júnior, Nicolau de Oliveira Lêdo e Maria de Oliveira Lêdo.

Os Oliveira Lêdo

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Monumento em homenagem a Teodósio de Oliveira Lêdo, em Campina Grande - PB

A família Oliveira Lêdo teve grande importância para a penetração de gado no sertão da Paraíba e a habitação em geral do Estado, pois foram os primeiros a adentrarem na Paraíba a uma distância de mais de 77 km de distância (14 léguas) do mar, em direção ao interior. O primeiro lugar onde se fixaram foi em Carnoió, hoje Boqueirão, onde residiam ferozes índios Cariri. A fazenda dos Oliveira Lêdo se tornou centro importante de ocupação do Sertão Paraibano. Um grande número de cidades do sertão foram fundadas tendo origem uma fazenda pertencente a um membro da família dos Oliveira Lêdo, como Brejo do Cruz e Catolé do Rocha, Campina Grande, Pombal, Olivedos entre outras.

Acredita-se que sua origem tenha se dado da união dos filhos do catalão Bartholomeu Lêdo e do português Manuel de Oliveira, sendo bisneto de ambos, casados com índias mestiças que receberam a visita do Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição, por adotarem em demasia costumes de suas esposas ou por viverem em concubinato com elas, ainda não se sabe ao certo.

A família deu origem a muitas outras linhagens de pessoas nobilitadas e importantes, espalhadas, principalmente, na região em torno da cidade de Campina Grande e região do Cariri paraibano, entres as famílias que são originadas dos Oliveira Lêdo se pode citar: Farias Leite, Araújo, Pereira, Farias, Gomes, Félix de Araújo, Soares, Marinho Falcão, Farias de Castro, Farias Pereira, Henriques de Castro, Fialho, Correia, Correia Leal, Correia Lima, Pereira de Almeida, Pereira da Costa, Ramos, Batista de Almeida, Tomé, Vanderley, Maracajá, Tejo, Arruda, Marinho de Alcântara, Barros, Pereira de Barros, Pereira de Couto, Oliveira, Castor, Dinoá, Felinto de Araújo, Pereira Leal, Gomes de Farias, Pereira de Araújo, Borborema, Barboza, Vitorino de Araújo, Soares de Araújo, Pereira Pinto, Sampaio, Gomes de Almeida, Paulo de Araújo, Albuquerque, Porto, entre muitas outras famílias, que conservam o prestígio e em alguns casos até mesmo a sua fidalguia de nascimento devido à Theodósio de Oliveira Lêdo.

Referências

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