Teoria do câncer turbo
A teoria do câncer turbo, (também conhecido pelo seu nome em original em inglês de "turbo cancer') é uma teoria conspiratória pseudocientífica que afirmaria que pessoas vacinadas contra o COVID-19, em especial, as vacinas RNAm, sofreriam de uma incidência muito alta de desenvolvimento de células cancerígenas.[1] A teoria se popularizou após a propagação de informações falsas por grupos antivacinas.[1]
A teoria teria ficado popular no final de 2020, quando as primeiras vacinas contra o COVID-19 surgiram e as supostas alegações foram fortemente compartilhadas por antivacinas, simpatizantes, influenciadores digitais dentro e fora dos grupos negadores e até mesmo médicos,[2] mesmo está afirmação não possuindo nenhuma base científica.[1][3]
Essas informações tendem a manipularem relatos de casos isolados com poucas conclusões certas, ou em cenários com base em anedotas.
De acordo com cirurgião oncológico David Gorski, descreveu a teoria do "câncer turbo" como "técnicas usuais de desinformação usadas por antivacinas: utilizando anedotas, especulações sobre mecanismos biológicos sem uma base sólida em biologia e confundindo correlação com causalidade ".[1]
Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, "não há evidências de que as vacinas COVID-19 causem câncer, levem à recorrência ou levem à progressão da doença. Além disso, as vacinas COVID-19 não alteram o seu DNA".[4]
Algumas pesquisas sobre o assunto no entanto, apontariam resultados contraditórios com o que a teoria afirmaria, havendo testes utilizando vacinas a base de RNAm na eliminação de tumores presentes em camundongos[5][6]
Exemplos
editarUm artigo desenvolvidos por ativistas antivacinas Stephanie Seneff, Peter McCullough e outros, afirmava que a supressão do interferona de tipo 1 poderia resultar em supressão imunológica, que possibilitaria a proliferação do câncer.[7] O estudo sugeriu mecanismos de doença hipoteticamente possíveis usando apenas relatos anedóticos da VAERS (Vaccine Adverse Event Reporting System) como evidência, e a pesquisa foi apontada em utilizar da falácia do “apelo à ignorância”.[8] Da mesma forma, houve alegações em outro artigo discutindo a morte de um camundongo por linfoma como uma “prova” da teoria do câncer turbo, com essa conclusão não sendo verdade.[9][10][11]
Referências
editar- ↑ a b c d Gorski, David (19 de dezembro de 2022). «Do COVID-19 vaccines cause "turbo cancer"?». Science-Based Medicine
- ↑ «False claims persist about COVID-19 vaccine-linked "turbo cancers"». Public Health Communication Collaborative (PHCC). 18 de agosto de 2023. Consultado em 5 de outubro de 2023
- ↑ «Fact Check-No evidence COVID-19 vaccines cause 'turbo cancer'». Reuters (em inglês). Reuters. 14 de dezembro de 2022
- ↑ «COVID-19 Vaccines and People with Cancer - NCI». www.cancer.gov (em inglês). 10 de fevereiro de 2021
- ↑ «Após revolucionar combate à covid, nova vacina mRNA nos salvará do câncer?». UOL. 9 de novembro de 2023. Consultado em 17 de abril de 2024
- ↑ «Com uma só dose, vacinas de mRNA são capazes de eliminar tumores causados por HPV em camundongos». Universidade de São Paulo Instituto de Ciências Biomédicas Excelência em Ensino, Pesquisa e Cultura e Extensão. Consultado em 17 de abril de 2024
- ↑ Seneff, Stephanie; Nigh, Greg; Kyriakopoulos, Anthony M.; McCullough, Peter A. (junho de 2022). «Innate immune suppression by SARS-CoV-2 mRNA vaccinations: The role of G-quadruplexes, exosomes, and MicroRNAs». Food and Chemical Toxicology. 164. 113008 páginas. PMC 9012513 . PMID 35436552. doi:10.1016/j.fct.2022.113008
- ↑ Morris, Jeffrey (21 de abril de 2022). «Does McCullough's paper really "establish a mechanistic framework" for mRNA vaccine harm?». Covid-19 Data Science
- ↑ Yandell, Kate (31 de agosto de 2023). «COVID-19 Vaccines Have Not Been Shown to Cause 'Turbo Cancer'». FactCheck.org
- ↑ «Paper does not prove Pfizer mRNA vaccine causes 'turbo cancer'». Fact Check (em inglês). AFP. 21 de julho de 2023
- ↑ «Claim linking Pfizer COVID-19 vaccine, cancer in mouse distorts study | Fact check». USA TODAY