Terceira posição
Na política, terceira posição ou terceira alternativa é um termo guarda-chuva[1] usado por uma variedade de movimentos políticos e ideológicos nacionalistas sincréticos contrários tanto ao capitalismo laissez-faire quanto ao comunismo, bem como ao liberalismo cultural.[2]
Levando em conta a teoria da ferradura e a dicotomia esquerda-direita, a terceira posição é descrita como um movimento de extrema-direita.[3][4][5][6] Porém, seus adeptos a descrevem como uma posição "além da esquerda e da direita".
Muitos dos movimentos que reivindicam essa qualificação são classificados como neofascistas.[7][3][8][9][4][10] Contudo, se aproximam da geoeconomia de esquerda ao promover políticas trabalhistas, anti-imperialistas,[11] terceiro-mundistas,[12] contrárias ao eurocentrismo[13] ou de não alinhamento.[14]
Apesar de ser comum a vaga identificação da terceira posição como neofascista, existem várias vertentes que se enquadram como de terceira posição: o strasserismo, o nacional-sindicalismo, o falangismo, o franquismo, o integralismo brasileiro, o getulismo, o peronismo, o castilhismo, etc.
História
editarHistoricamente, foi a posição defendida tanto pelo fascismo italiano quanto pelos movimentos políticos análogos do nacional-socialismo alemão, da Falange Espanhola, das Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista de Ramiro Ledesma, da Guarda de Ferro romena, do rexismo belga, entre outros. Estes surgiram no período entreguerras, após a revolução bolchevique e coincidindo com a crise do modelo liberal, tanto na política (era comum rotular a democracia liberal como decadente) quanto na economia (crise de 1929). Também foi relacionada ao modelo econômico proposto pela doutrina social da Igreja e pela encíclica Quadragesimo anno do Papa Pio XI. O termo também foi usado pelo peronismo na Argentina.
Desde o final do século XX, o termo tem sido reivindicado por diferentes movimentos rotulados como "alternativos" ou "nacional-revolucionários". A semelhança do nome com a terceira via chega a ser utilizada de forma pejorativa para observar um paralelo conceitual.[15]
Ver também
editarReferências
- ↑ Griffin, Roger (1995). Fascism (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 315. ISBN 0-19-289249-5
- ↑ Cardoso, Oscar Raúl. «La "tercera posición": lejos de Washington y de Moscú». Clarín (em espanhol). Consultado em 7 de setembro de 2020. Arquivado do original em 23 de abril de 2014
- ↑ a b Davies, Peter; Lynch, Derek (29 de agosto de 2002). The Routledge Companion to Fascism and the Far Right (em inglês). [S.l.]: Taylor & Francis
- ↑ a b Lee, Martin A. (1999). The Beast Reawakens: Fascism's Resurgence from Hitler's Spymasters to Today's Neo-Nazi Groups and Right-Wing Extremists (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 0-415-92546-0
- ↑ Griffin, Roger (julho de 2000). «Interregnum or Endgame? Radical Right Thought in the 'Post-fascist' Era». The Journal of Political Ideologies (em inglês). 5 (2): 163–78. doi:10.1080/713682938. Consultado em 27 de dezembro de 2010
- ↑ Antonio, Robert J. (2000). «After Postmodernism: Reactionary Tribalism». American Journal of Sociology (em inglês). 106 (1): 40–87. JSTOR 3081280. doi:10.1086/303111
- ↑ Eatwell, Roger (2003) [1995]. Fascism: A History. London: Pimlico. p. 341. ISBN 978-1844130900
- ↑ Berlet, Chip (20 de dezembro de 1990). «Right Woos Left: Populist Party, LaRouchite, and Other Neo-fascist Overtures To Progressives, And Why They Must Be Rejected». Political Research Associates (em inglês). Consultado em 1 de fevereiro de 2010.
revised 4/15/1994, 3 corrections 1999
- ↑ Kevin Coogan (1999). Dreamer of the Day: Francis Parker Yockey and the Postwar Fascist International (em inglês). [S.l.]: Autonomedia. ISBN 1-57027-039-2
- ↑ Sunshine, Spencer (inverno de 2008). «Rebranding Fascism: National-Anarchists» (em inglês). Consultado em 12 de novembro de 2009
- ↑ De Nicolo, Sofía (13 de julho de 2020). «La tercera posición del siglo XXI: nuevo mundo, viejos dilemas – Por Sofía De Nicolo». La Baldrich (em espanhol). Consultado em 29 de janeiro de 2023
- ↑ Alburquerque, Germán (2014). "Tercermundismo en el Cono Sur de América Latina: ideología y sensibilidad. Argentina, Brasil, Chile y Uruguay, 1956 1990." Revista Tempo e Argumento (em espanhol) (Florianópolis: Universidade do Estado de Santa Catarina) 6 (13): 140-173.
- ↑ «Kicillof: "Sin independencia económica, no hay justicia social y se pone en jaque la democracia"». Ámbito (em espanhol). 21 de maio de 2022. Consultado em 29 de janeiro de 2023
- ↑ Berazategui, Andrés (24 de abril de 2018). «La vigencia de la Tercera Posición». Nomos (em espanhol). Consultado em 29 de janeiro de 2023
- ↑ Fernández, Enrique (junho de 2000). «La Tercera Vía». Grupo Popolco (em espanhol). Consultado em 29 de janeiro de 2023