Teresa de Mello Breyner

nobre e escritora portuguesa (1739-1798?)

Teresa Josefa de Menezes e Mello Breyner (1739 - 1798?), Condessa de Vimieiro, foi uma escritora iluminista. Destacou-se nos campos político e intelectual português dos finais do século XVIII.

Teresa de Mello Breyner
Nascimento 1739
Morte 1798 (58–59 anos)
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação escritora, poeta, dama da corte, dramaturga
Obras destacadas Ósmia
Título Conde do Vimieiro

Recebeu o prémio prémio literário da Academia Real das Ciências pela sua peça Osmia a 13 de maio de 1788, devido ao seu grande valor literário.[1]

Biografia

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Foi membro da casa de Ficalho, filha de Francisco José de Mello, 3.º senhor de Vila Verde de Ficalho (1716) e de Isabel Josefa de Breyner e Menezes, 1.ª condessa de Ficalho (1719). Era irmã de Pedro de Melo Breiner.

Foi ensinada pela sua mãe, com quem aprendeu latim a partir dos oito anos, e ciências.[2] Recebeu lições de Cândido Lusitano, poeta, a quem atribuía o seu estilo literário, e mantinha relações próximas com alguns membros da Arcádia Lusitana, nomeadamente Cruz e Silva.[2][3] Partilhava correspondência com diversas personalidades, como Leonor de Almeida Portugal, Domingos Maximiano Torres Manuel do Cenáculo, Abade José Francisco Correia da Serra e Guillaume-Louis-Antoine de Valleré.[2][4] Terá dado apoio financeiro a Nicolau Tolentino durante um período de instabilidade financeira.[2]

Tornou-se condessa do Vimieiro por casamento, em 1767, com D. Sancho de Faro e Sousa, 4.º Conde do Vimieiro, membro da primeira nobreza de Corte. Para se poder casar com D. Sancho foi necessário pedir autorização à Igreja pelo facto de serem primos em 4.º grau.[5] Graças à posição do marido, tinha acesso ao Index Librorum Prohibitorum, e terá portanto lido Jean-Jacques Rousseau, que discute em cartas a Leonor de Almeida, onde o descreve como "herói desprezador das mulheres".[2]

Pertenceu à corte de José I de Portugal, pelo menos até à ascensão ao poder pelo Marquês de Pombal, quando o seu marido foi enviado para Estremoz. Depois da coroação de D. Maria I, regressaram a Lisboa, onde a sua influência política e produção literária aumentou.[2]

Em 1799 participou na fundação e financiamento da Academia das Ciências de Lisboa.[2]

Em 1790 estava viúva. Em 1794 entrou no Real Mosteiro de Santos como Comendadeira, desconhecendo-se a data exata da sua morte, embora se presuma que tenha sido em 1798 por não haver registos seus posteriores a este ano.[2][6]

Teresa de Mello Breyner escreveu, para além das suas obras maiores (Osmia e o Elogio Histórico), vários poemas e mais de trezentas cartas, das quais só dois conjuntos foram preservados. A sua obra tem um enfoque político; as protagonistas são mulheres em posições de poder, o que demonstra a sua preocupação com a legitimidade de mulheres nestas posições e o seu apoio à monarca. Ao mesmo tempo demostra uma visão elitista da sociedade, e da nobreza como classe de liderança e proteção da monarquia. Depois da morte do seu marido e do seu retiro ao mosteiro, a obra epistolar dedica-se sobretudo a temas religiosos e espirituais.[2]

Teatro

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1788 - Osmia - Escrita em 1788, a sua peça Osmia é uma tragédia neoclássica com cinco atos: o primeiro, o segundo e o terceiro, com oito cenas cada, o terceiro, com nove, o quarto, com seis, e o quinto, com onze; a peça apresenta onze monólogos e trinta e um diálogos. A peça terá sido erroneamente atribuída ao seu mentor Francisco José Freire à data de publicação. Foi traduzida para espanhol em 1798 e esteve em palco em Madrid nesse mesmo ano[2]

Traduções

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1781 - Ideia de um elogio histórico a Maria Teresa Arquiduquesa de Áustria (tradução da obra em francês de Marie-Caroline Murray)

Referências

  1. Maria Catarina Canha Vieira Vidigal (29 janeiro 2024). «Non humilis mulier triumpho: as influências clássicas na figuração do feminino em Osmia de Teresa de Mello Breyner». Consultado em 25 Março 2024 
  2. a b c d e f g h i j Lehner, Ulrich L. (21 de novembro de 2017). «Women, Enlightenment and Catholicism». 1 [edition]. | New York : Routledge, 2018.: Routledge: 1–7. ISBN 978-1-315-12339-4. Consultado em 15 de dezembro de 2024 
  3. Raquel Bello Vázquez (2004). «Lisbon and Vienna: The Correspondence of the Countess of Vimieiro and her Circle» 
  4. Raquel Bello Vázquez (2013). «Sentimento e Razão. Contributos para uma interpretação social dos elementos sentimentais e afetivos na correspondência de Teresa de Mello Breyner». Consultado em 25 de Março de 2024 
  5. Arquivo Distrital de Leiria (1760). «Portal Português de Arquivos». Consultado em 25 de Março de 2024 
  6. Raquel Bello Vázquez (2005). «Uma certa ambiçaõ de gloria Trajectória, redes e estratégias de Teresa de Mello Breyner nos campos intelectual e do poder em Portugal (1770-1798)». Consultado em 25 de Março de 2024 

Ligações externas

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