The Two Mrs. Carrolls

filme de 1947 dirigido por Peter Godfrey

The Two Mrs. Carrolls é um filme de suspense estadunidense de 1947 dirigido por Peter Godfrey para a Warner Bros.. O roteiro de Thomas Job é baseado em peça de teatro de 1935 de Martin Vale.[2]

The Two Mrs. Carrolls
Inspiração Trágica[1] (BRA)
 Estados Unidos
1947 •  pb •  99 min 
Gênero suspense
Direção Peter Godfrey
Produção Mark Hellinger
Roteiro Thomas Job (roteiro)
Martin Vale (peça)
Música Franz Waxman
Companhia(s) produtora(s) Warner Bros.
Distribuição Warner Bros.
Lançamento 1947
Idioma inglês

Elenco

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Sinopse

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O pintor norte-americano radicado na Inglaterra Geoffrey Carroll passa férias na Escócia tentando reencontrar inspiração para seu trabalho quando conhece a amorosa Sally Morton e ambos se apaixonam. O romance é interrompido quando Sally descobre que Geoffrey não lhe contara que era casado e tinha uma filha pequena. Geoffrey insiste em continuar o relacionamento alegando que a esposa era inválida e que iria pedir o divórcio, mas somente quando ele enviúva é que Sally concorda em voltar e os dois se casam e vão morar numa cidade próxima a Londres. Dois anos depois, Geoffrey está novamente com dificuldades em se inspirar e Sally encontra um antigo namorado, o advogado Charles "Penny" Pennington que lhe apresenta a bonita Cecily Latham. A mulher aprecia o trabalho de Geoffrey e pede ao artista que lhe pinte o retrato. Geoffrey reluta de início mas logo se envolve romanticamente com Cecily, enquanto Sally adoece subitamente. Ao desconfiar que está sendo traída, Sally começa a querer saber sobre a morte da primeira esposa de Geoffrey.

Produção

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"Martin Vale" era o pseudônimo de Marguerite Vale Veiller, esposa do escritor Bayard Veiller [3] A peça de sua autoria, The Two Mrs. Carrolls, estreou em Londres em 1935.[4] Foi reescrita ao ser encenada na Broadway em 1943, quando obteve um sucesso menor.

A atriz Elisabeth Bergner foi a escolhida para o papel de Sally Morton Carroll. Durante a temporada da peça, uma moça tímida esperava noite após noite para falar com Bergner. A atriz eventualmente assumiu como mentora da moça, patrocinando a carreira dela no teatro e tendo conseguido que fosse sua substituta em The Two Mrs. Carrolls. A moça acabou por obscurecer a carreira de Bergner com a peça. O incidente depois se tornou a base para o conto "The Wisdom of Eve" (1946) de Mary Orr, que foi adaptado para o cinema com o título All About Eve de 1950.[5]

No verão de 1944, a Warner Brothers pagou 225 mil dólares pelos direitos de adaptação para o cinema da peça. Apesar de não ter contratado ainda o escritor para a adaptação, a Warners anunciou que Bette Davis seria a intérprete de Sally Carroll e Jesse L. Lasky seria o produtor.[6] Entretanto, a Warners também adquirira os direitos do livro de Ayn Rand, The Fountainhead. O estúdio contratou Mervyn LeRoy para diretor e anunciou Humphrey Bogart e Barbara Stanwyck como protagonistas.[7]

A peça de Vale foi alterada significativamente na adaptação. Na peça, a primeira Madame Carroll não fora assassinada no primeiro ato e permanece viva (fora do palco) até o terceiro ato. Ela telefona a Sally para avisar que Geoffrey tentava envenená-la. Isto causava um choque maior no público, que não tinha motivos para suspeitar de Geoffrey. No roteiro, a primeira Madame Carroll morre (fora de cena) pouco depois do início do filme. O suspense substitui o choque, com Sally lentamente começando a suspeitar do marido.[8] William Faulkner trabalhou inicialmente com a adaptação.[9]

Na segunda metade de 1944, a Warners anunciou algumas vezes que Ida Lupino e Zachary Scott seriam os protagonistas de The Two Mrs. Carrolls.[2] Em 12 de novembro, contudo, o estúdio disse que Barbara Stanwyck estrelaria o filme ao lado de Paul Henreid, e que Robert Buckner seria o produtor.[10] Em 9 de fevereiro de 1945, o estúdio anunciou que colocara a produção de The Fountainhead em espera devido ao alto custo e materiais em falta para a construção dos grandes cenários arquitetônicos do filme. Também anunciou que alterara o elenco de The Two Mrs. Carrolls, que contava agora com Humphrey Bogart e Barbara Stanwyck.[2]

De acordo com o biografo de Stanwyck, Axel Madsen, a atriz concordara em fazer o filme para fugir do tédio. O marido dela, Robert Taylor, estava servindo na Segunda Guerra Mundial. Apesar da guerra na Europa estar por terminar, Stanwyck sabia que Taylor ainda demoraria muitos meses para regressar aos Estados Unidos.[8] Outra razão é que ela era amiga próxima do diretor Peter Godfrey. Eles se encontraram nas filmagens de Christmas in Connecticut de 1945, que Godfrey dirigira. Stanwyck ficou amiga dele e da esposa.[11]

The Two Mrs. Carrolls foi o segundo filme de Stanwyck com Godfrey.[11] O biografo da atriz Dan Callahan tinha dito que a amizade dela com Godfrey a cegara para as falhas dele na direção,[12] que foram significativas. O historiador do cinema Edmund Bansak anotou que The Two Mrs. Carrolls fora escrita como um veículo para Stanwyck, o que também explica sua disposição em estrelar o filme (O biografo de Bogart, Richard Gehman, contesta essa afirmação. Ele afirma que os direitos da peça foram adquiridos com a condição de que Bogart estrelasse a adaptação).[13]

Apesar do estúdio escalar diretor e produtor de filmes B, o elenco conta com estrelas da época e um bom orçamento. As filmagens começaram em abril de 1945, e terminaram em junho.[14] Quase todos os cenários foram do estúdio da Warner Bros. O veterano designer Anton Grot desenhou o interior da mansão Carroll na Inglaterra;[15] O pintor John Decker produziu os dois retratos usados no filme.[16] Humphrey Bogart casou com Lauren Bacall em 21 de maio de 1945, durante a produção. Houver um hiato na produção para acomodar sua lua de mel.[17]

Bogart e Stanwyck mantiveram uma relação amigável no set. O produtor Mark Hellinger, de quem Bogart gostava muito, avisou que o astro não seria visto vestindo qualquer avental de pintura que pudesse sugerir falta de masculinidade. Quando um avental e boina foram colocados em seu guarda-roupa, certo dia, o ator ficou furioso. As vestimentas eram uma piada de Stanwyck, e os dois riram bastante depois.[18]

Warner Bros. não liberou imediatamente The Two Mrs. Carrolls. Muitas especulações foram feitas para a demora. O revisor da Turner Classic Movies Jeremy Arnold concluiu que era devido a forte semelhança com o filme de 1944 Gaslight.[19] Mas o historiador de cinema Richard Schickel achou que a Warners esperou que a popularidade de Bogart como um astro de Hollywood aumentasse para ajudar a superar uma atuação fraca em The Two Mrs. Carrolls.[20] O estúdio também não gostou que, em 1946, a canção "Open the Door, Richard" se tornara popular, com cinco versões gravadas entre 1946 e 1947. O estúdio avaliou cortar ou refilmar a cena em que Bogart bate na porta do quarto de Stanwyck, pedindo que ela a destrancasse. A cena acabou por ser mantida.[21]

The Two Mrs. Carrolls foi finalmente lançado nos Estados Unidos em 4 de março de 1947.[22] O estúdio promoveu pobremente a produção. Os donos de cinema foram convidados a promover o filme e realizaram enquetes entre as mulheres para saber se elas gostavam mais da aparência de Barbara Stanwyck ou Alexis Smith.[23]

Influencias culturais

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O título do filme é usado como um arquétipo para nomes de episódios de várias séries de televisão, tendo pouco ou nada a ver com o conteúdo original. Alguns exemplares:

  • Dallas - "The Two Mrs. Ewings" (1989)
  • Melrose Place - "The Two Mrs. Mancinis" (1994)
  • The Nanny - "The Two Mrs. Sheffields" (1995)
  • Frasier - "The Two Mrs. Cranes" (1996)
  • The Simpsons - "The Two Mrs. Nahasapeemapetilons" (1997)
  • Weeds - "The Two Mrs. Scottsons" (2007)

O título também foi parodiado no livro de 1985 de Dominick Dunne chamado The Two Mrs. Grenvilles e na série de televisão homônima de 1987, bem como no filme de televisão The Two Mr. Kissels (2008).

Bibliografia

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  • Bansak, Edmund G. Fearing the Dark: The Val Lewton Career. Jefferson, N.C.: McFarland, 1995.
  • Belton, John. Movies and Mass Culture. New Brunswick, N.J.: Rutgers Univ. Press, 1996.
  • Bubbeo, Daniel. The Women of Warner Brothers: The Lives and Careers of 15 Leading Ladies, With Filmographies for Each. Jefferson, N.C.: McFarland, 2002.
  • Callahan, Dan. Barbara Stanwyck: The Miracle Woman. Jackson, Miss.: University Press of Mississippi, 2012.
  • Chandler, Charlotte. The Girl Who Walked Home Alone: Bette Davis, A Personal Biography. New York: Applause Theatre & Cinema Books, 2007.
  • Cohan, Steven. Masked Men: Masculinity and the Movies in the Fifties. Bloomington, Ind.: Indiana University Press, 1997.
  • Doane, Mary Ann. The Desire to Desire: The Woman's Film of the 1940s. Bloomington, Ind.: Indiana University Press, 1987.
  • Felleman, Susan. Art in the Cinematic Imagination. Austin, Tex.: University of Texas Press, 2006.
  • Gehman, Richard. Bogart: An Intimate Biography. Greenwich, Conn.: Fawcett Publications, 1965.
  • Hanson, Helen. Hollywood Heroines: Women in Film Noir and the Female Gothic Film. New York: Palgrave Macmillan, 2007.
  • Hayward, Philip. Picture This: Media Representations of Visual Art and Artists. Luton, U.K.: University of Luton Press, 1998.
  • Hermansson, Casie. Bluebeard: A Reader's Guide to the English Tradition. Jackson, Miss.: University Press of Mississippi, 2009.
  • Hischak, Thomas S. and Bordman, Gerald Martin. The Oxford Companion to American Theatre. Oxford: Oxford University Press, 2006.
  • Jordan, Stephen C. Bohemian Rogue: The Life of Hollywood Artist John Decker. Lanham, Md.: Scarecrow Press, 2005.
  • Madsen, Axel. Stanwyck. San Jose, Calif.: iUniverse.com, 2001.
  • Meyers, Jeffrey. Bogart: A Life in Hollywood. New York: Fromm International, 1999.
  • Monush, Barry. Screen World Presents the Encyclopedia of Hollywood Film Actors. New York: Applause Theatre and Cinema Books, 2003.
  • Nollen, Scott Allen. Warners Wiseguys: All 112 Films That Robinson, Cagney and Bogart Made for the Studio. Jefferson, N.C.: McFarland & Co., 2008.
  • Quinlan, David. The Illustrated Guide to Film Directors. Totowa, N.J.: Barnes & Noble, 1983.
  • Robards, Brooks. Excursions into the Biopic, Mystery/Suspense, Melodrama and Movies of the Eighties." In Beyond the Stars. Vol. 3: The Material World in American Popular Film. Paul Loukides and Linda K. Fuller, eds. Bowling Green, Ohio: Bowling Green State University Popular Press, 1993.
  • Schickel, Richard. Bogie: A Celebration of the Life and Films of Humphrey Bogart. New York: Thomas Dunne Books, 2007.
  • Spicer, Andrew. Historical Dictionary of Film Noir. Lanham, Md.: Scarecrow Press, 2010.
  • Zimmerman, Steve. Food in the Movies. Jefferson, N.C.: McFarland, 2009.

Referências

  1. CinePlayers (Brasil)
  2. a b c "Bogart and Stanwyck in 'Two Mrs. Carrolls'." New York Times (10 de fevereiro de 1945)
  3. Hischak and Bordman, p. 629.
  4. "New Play in London." New York Times. 13 de junho de 1935
  5. Chandler, p. 189-190.
  6. "Bette Davis Will Star in 'The Two Mrs. Carrolls'." New York Times (17 de junho de 1944)
  7. Madsen, p. 226.
  8. a b Madsen, p. 227.
  9. Meyers, p. 219.
  10. "Barbara Stanwyck Listed for 'Two Mrs. Carrolls'." New York Times (13 de novembro de 1944)
  11. a b Madsen, p. 228.
  12. Callahan, p. 155.
  13. Gehman, p. 129.
  14. Meyers, p. 218.
  15. . O historiador de cinema Andrew Spicer anotou o ambiente foi bastante eficaz em evocar o sentimento sinistro do filme. Veja: Spicer, p. 121.
  16. Jordan, p. 164.
  17. Madsen, p. 227-228.
  18. "Smock and Beret Make Tough Guy Hit Ceiling." St. Petersburg Times. 22 de maio de 1947, p. 9. Acessado em 20-12-2012
  19. Arnold, Jeremy. "The Two Mrs. Carrolls (1947)." TCM.com. Sem data. Acessado em 20-12-2012
  20. Schickel, p. 218.
  21. "Babs Stanwyck Stars in 'Two Mrs. Carrolls'." Deseret News. 21 de maio de 1947, p. 6. Acessado em 20-12-2012
  22. Schickel, p. 189; Nollen, p. 275.
  23. Belton, p. 128.