Tigranes VI
Tigranes VI conhecido também como Júlio Tigranes, foi um governante da Reino da Arménia, da dinastia arsácida, do período dividido entre o Império Romano e os Império Parta, tendo governado sob o protectorado romano entre o ano 59 e o ano 62. Reinou durante o interregno do governo Tiridates I da Arménia.
Tigranes VI | |
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Tetradracma de Tigranes IV | |
Rei da Armênia | |
Reinado | 58–61 |
Sucessor(a) | Tiridates I |
Morte | Após 68 |
Cônjuge | Opgali |
Descendência | |
Dinastia | herodiana |
Pai | Alexandre |
Nome
editarTigranes (Tigrānēs; Τιγράνης, Tigránēs) é a forma latina e grega surgida do persa antigo *Tigrana (*Tigrāna) e do acadiano Tigranu (𒋾𒅅𒊏𒉡, Tīgranu). Hračʻya Ačaṙyan propôs que derivou por haplologia de *tigrarāna, supostamente significando "lutar com flechas" (cf. o persa antigo 𐎫𐎡𐎥𐎼𐎠𐎶, tigrām, “pontiagudo”, acusativo singular feminino),[1] que Ačaṙyan entendeu que derivou do avéstico 𐬙𐬌𐬖𐬭𐬀 (tiγra, "flecha") e sânscrito तिग्म (tigmá, "pontiagudo") e do avéstico 𐬭𐬇𐬥𐬀 (rə̄na, "batalha, luta") e sânscrito रण (raṇa, "batalha")).[2] Ele também comparou o grego antigo Tigrapates (Τιγραπάτης, Tigrapátēs, literalmente “mestre das flechas”) e, para a haplologia, o nome avéstico 𐬬𐬍𐬭𐬁𐬰 (vīrāz) de *vīra-rāz-.[3] J̌ahukyan considerou a explicação improvável.[4] É mais provável que decorra do iraniano antigo Tigrana (*Tigrāna-), uma formação patronímica com o sufixo *-āna- do nome *Tigra (*Tigrā-; lit. “delgado”), refletido no elamita Tigra (𒋾𒅅𒊏, Tīgra) e acadiano Tigra (𒋾𒅅𒊏𒀪, Tīgraʾ), da palavra discutida acima para "pontiagudo".[5][6][7] O nome foi tardiamente registrado em armênio como Tigrã (Տիգրան, Tigran).[2]
Vida
editarTigranes descendia de Herodes, o Grande: seu pai era Alexandre, filho de Alexandre, filho de Herodes.[8] Sua avó paterna era filha de Arquelau, rei da Capadócia.[8] Alexandre, seu pai, também teve outro filho, Tigranes, que foi rei da Arménia, mas morreu sem filhos.[8]
Tirídates I da Arménia havia sido posto por seu irmão Vologases I, rei dos Partas, como rei da Armênia, assim como outro irmão, Pácoro, foi colocado como rei da Média Atropatene.[9][10]
Tigranes foi colocado no trono da Arménia por Nero.[8] Tirídates foi deposto e expulso da Armênia por Tigranes, o que levou seu irmão, Vologases, a ponderar romper a paz que a Pártia tinha com o Império Romano, mas Vologases era naturalmente disposto a temporizar, e ainda tinha que lidar com uma revolta de tribos na Hircânia. Quando ele estava pensando sobre o que fazer, chegaram notícias de uma nova afronta, porque Tigranes VI atacou Adiabena, cujo governante, Monobas II, reclamou que a Pártia não oferecia nenhuma proteção contra os romanos, havia cedido a Armênia, e que era melhor se render aos romanos a ser conquistado por eles. Tirídates também reclamou, porque grandes impérios não são mantidos pela inação.[11]
Vologases, reconhecendo que havia errado por hesitar demais, enviou um exército contra a Armênia, comandado por um nobre chamado Monaeses, junto com tropas de Adiabena, fez as pazes com a Hircânia e reuniu todas suas tropas para um ataque contra as províncias romanas.[10] A guerra não foi conclusiva, e terminou com um acordo de paz entre Vologases e o imperador romano Nero.[12]
Pelo acordo, Tirídates colocou sua coroa aos pés da estátua de Nero, para ser coroado por Nero mais tarde.[13] Tirídates foi coroado por Nero no momento em que o imperador condenava à morte Quinto Márcio Bareia Sorano [14] e Trásea Peto.[15]
Tigranes teve um filho, Alexandre, que se casou com Iotapa, filha do rei Antíoco III de Comagena do Reino de Comagena e foi nomeado por Vespasiano rei de uma ilha na Cilícia.[8]
Referências
- ↑ Schmitt 2014, p. 254.
- ↑ a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 146-147.
- ↑ Bartholomae 1904, col. 1454.
- ↑ J̌ahukyan 1981, p. 57-58.
- ↑ Tavernier 2007, p. 324.
- ↑ Zadok 2009, § 527, p. 303.
- ↑ Schmitt 2011, p. 364.
- ↑ a b c d e Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, Livro XVIII, Capítulo 5, Herodes, o Tetrarca, guerreia contra Aretas, rei da Arábia, e é derrotado por ele. Sobre a morte de João Batista. Como Vitélio foi a Jerusalém. Um relato de Agripa e os descendentes de Herodes, 4 [em linha]
- ↑ Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, Livro XX, 3.4 [em linha]
- ↑ a b Tácito, Anais, Livro XV, 2
- ↑ Tácito, Anais, Livro XV, 1 [em linha] [em linha]
- ↑ Tácito, Anais, Livro XV, 11
- ↑ Tácito, Anais, Livro XV, 29
- ↑ Tácito, Anais, Livro XVI, 23 [em linha] [em linha]
- ↑ Tácito, Anais, Livro XVI, 21
Bibliografia
editar- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Տիգրան». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Bartholomae, Christian (1904). Altiranisches Wörterbuch [Old Iranian Dictionary]. Estrasburgo: K. J. Trübner
- J̌ahukyan, Geworg (1981). «Movses Xorenacʻu "Hayocʻ patmutʻyan" aṙaǰin grkʻi anjnanunneri lezvakan aġbyurnerə [The Linguistic Origins of the Proper Names in the First Book of Movses Khorenatsi's 'A History of the Armenians']». Patma-banasirakan handes [Historical-Philological Journal] (3)
- Schmitt, Rüdiger (2011). Iranische Personennamen in der griechischen Literatur vor Alexander d. Gr. (Iranisches Personennamenbuch. Band 5, Faszikel 5A. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências
- Schmitt, Rüdiger (2014). Wörterbuch Der Altpersischen Königsinschriften [Dictionary of Old Persian Royal Inscriptions]. Viesbade: Reichert
- Tavernier, Jan (2007). «*Tigra-». Iranica in the Achaemenid Period (ca. 550–330 B.C.): Lexicon of Old Iranian Proper Names and Loanwords, Attested in Non-Iranian Texts. Lovaina e Paris: Peeters Publishers
- Zadok, Ran (2009). Iranische Personennamen in der neu- und spätbabylonischen Nebenüberlieferung (Iranisches Personennamenbuch, Band 7, Faszikel 1B. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências