Tirtancara[1] (em sânscrito: Tirthankara, lit. "Fazedor de Vau"), no jainismo, é um ser que conseguiu escapar ao ciclo dos renascimentos e que ensinou aos outros como poderiam também escapar desse ciclo. A palavra é sinónimo de Jina ("Vencedor").

Estátua de Tirtancara

Segundo o Jainismo, religião que imagina o tempo como sendo eterno e cíclico, em cada idade existem sempre vinte e quatro tirtancaras. Todos os tirtancaras foram seres humanos que alcançaram um estado de perfeição espiritual. Os académicos aceitam a existência histórica dos dois últimos tirtancaras, Parsevanata e Vardamana (mais conhecido como o Mahavira).

As estátuas dos tirtancaras (geralmente feitas em mármore ou bronze) desempenham um importante papel no culto religioso dos jainas, embora dois pequenos grupos rejeitem o culto de imagens. Elas são alvos de banhos e de oferendas de flores, mel e arroz. Os tirtancaras são representados sentados numa postura meditativa (dhyanamudra) ou então em pose rígida de pé (kayotsarga).

Estas estátuas não são encaradas como deuses presentes capazes de atender aos pedidos dos humanos, mas servem antes como forma de inspiração para que o crente possa alcançar o ideal de renúncia e os elevados valores espirituais por elas representados.

Como forma de distinguir os tirtancaras uns dos outros, a arte jaina representa cada um deles associado a um animal, símbolo ou com uma determinada cor no corpo.

Os últimos vinte e quatro tirtancaras

editar
Nome Pai Mãe Local de nascimento Cor Símbolo

1) Rishabha (Adinâtha)

Nabhi-raja

Marudevî

Ayodhya

Dourado

Touro/Boi

2) Ajitnâtha

Jitashatrû

Vijayadevî

Ayodhya

Dourado

Elefante

3) Sambhavanâtha

Jitari

Sena

Sravasti

Dourado

Cavalo

4) Abhinandana

Samvara

Siddhartha

Ayodhya

Dourado

Macaco

5) Sumatinâtha

Megh-Prabha

Sumangala

Ayodhya

Dourado

Garça-real

6) Padmabrabha

Dharana

Susima

Kausambhi

Vermelho

Flor de lótus

7) Suparshvanâtha

Supratishtha

Prithvi

Kâshî (Varanasi)

Verde

Suástica

8) Chandraprabha

Mahâsena

Lakshmanâ

Chandrapuri

Branco

Crescente

9) Pushpadanta (Suvidhinâtha)

Sugrîiva

Râmâ (Supriya)

Kakandi

Branco

Crocodilo ou caranguejo

10) Shitalanâtha

Dridharâtha

Sunandû

Bhadrikapuri

Dourado

Suástica

11) Shreyâmshanâtha

Vishnu

(Vishnâ)

Simhapuri

Dourado

Rinoceronte

12) Vâsupujya

Vâsupuya

Vijaya jaya)

Champapuri

Vermelho

Búfalo

13) Vimalanâtha

Kritvarman

Sûramyâ

Kampilya

Dourado

Javali

14) Anantanâtha

Simhasena

Sarvavasâ

Ayodhya

Dourado

Falcão (para o ramo Digambara, urso)

15) Dharmanâtha

Bhanu

Suvratâ

Ratnapuri

Dourado

Relâmpago

16) Shântinâtha

Visvasena

Achirâ

Hastinâpura

Dourado

Antílope ou veado

17) Kunthanâtha

Sûrya

Shrîdevî

Hastinâpura

Dourado

Bode

18) Aranâtha

Sudarshana

Mitrâ

Hastinâpura

Dourado

Nandyavarta (suástica elaborada) ou peixe (para o ramo Digambara)

19) Mallinâtha

Kumbha

Prabhavatî

Mithilapuri

Azul

Jarro de água

20) Munisuvrata

Sumitra

Padmavâtî

Kusagranagara

Negro

Tartaruga

21) Naminâtha

Vijaya

Viprâ

Mithilâ

Dourado

Flor de lótus azul

22) Neminâthaa

Samudravijaya

Sivadevî

Dvârakâ

Negro

Concha marinha

23) Parshvanâtha

Ashvasena

Vamâ

Kâshî (Varanasi)

Verde

Serpente

24) Vardhamâna, o Mahavira

Siddharatha

Priyakarni (Trishala)

Kundapura

Dourado

Leão

Referências

  1. Enciclopédia Brasileira Mérito Vol. XIX. Rio de Janeiro: Mérito S. A. 1967. p. 438 

Ligações externas

editar