Torre da Lapa
A Torre da Lapa, igualmente conhecida como Torre da Marinha, é um monumento militar no concelho de Lagoa, na região do Algarve, em Portugal. Foi classificado como Monumento de Interesse Público em 2020.[1]
Torre da Lapa | |
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Informações gerais | |
Nomes alternativos | Torre da Marinha |
Construção | Século XVI ou XVII |
Função inicial | Atalaia |
Património de Portugal | |
Classificação | Monumento de Interesse Público (Portaria n.º 318/2020) |
DGPC | 23412982 |
SIPA | 35911 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Ferragudo. Lagoa |
Coordenadas | 37° 06′ 03″ N, 8° 30′ 09″ O |
Localização da estrutura em mapa dinâmico |
Descrição
editarA Torre da Lapa consiste numa antiga estrutura para vigilância da faixa costeira, conhecida como atalaia.[2] Apresenta uma planta de forma circular, com um diâmetro de cerca de seis metros, e que foi edificada em alvenaria de pedra argamassada e rebocada,[2] que primitivamente era oca e rebocada com argamassas de cal, embora esta configuração não tenha sido mantida durante as obras de restauro no século XXI, devido ao seu avançado estado de degradação.[3] A plataforma superior da torre estava protegida por parapeito,[4] sendo o acesso feito provavelmente através de uma escada amovível.[2]
Situa-se no topo de uma arriba, no lado oriental da foz do Rio Arade,[3] nas imediações da Ponta do Altar[5] e do Vale da Lapa, num local onde era visível a foz e o Oceano Atlântico.[2] Está integrada no percurso pedestre Caminho dos Promontórios.[2]
É um dos poucos exemplares da sua tipologia no Barlavento algarvio, sendo considerada como um marco na área em que se implanta.[3]
História
editarFoi provavelmente construída no século XVI, existindo uma referência à sua presença em 1693, nos registos da Igreja Matriz de Lagoa.[2] Foi instalada como parte de um sistema defensivo ao longo da costa do Algarve, implementado logo após o final da reconquista, e que foi alvo de obras de reforço durante os reinados de D. João III e D. Sebastião.[2] Foi construída no sentido de vigiar a chegada de embarcações inimigas vindas principalmente do Norte de África, que frequentemente atacavam as povoações na região.[2] As populações e fortificações vizinhas eram avisadas através de sinais de fumo durante o dia, e por uma fogueira durante a noite,[2] sendo também utilizado um sino.[4] Terá começado a entrar num estado de ruína na primeira metade do século XIX, num período de grandes alterações em termos da defesa costeira.[3]
Em 2017, iniciaram-se as obras de restauro da torre, promovidas pela autarquia e com apoio técnico da Direcção Regional de Cultura do Algarve.[5] A intervenção custou cerca de 51 mil Euros,[6] tendo sido realizada pela empresa Monumenta – Reabilitação do Edificado e Conservação do Património.[5] O acompanhamento das obras sido entregue ao arquitecto paisagista José Fernando Vieira e ao arqueólogo Ismael Medeiros, ambos da Câmara Municipal de Lagos.[5] José Vieira explicou ao jornal Sul Informação que «quer eu, quer a empresa especializada que fez esta obra, quer até os técnicos da Direção Regional de Cultura, estávamos convencidos que a torre era maciça, que o preenchimento do seu interior era maciço. Mas acabámos por constatar que, na origem, a torre era oca», uma vez que no interior da estrutura foram encontrados os indícios de um arbusto.[5] No entanto, «foi ficando com o interior preenchido ou porque, ao longo dos séculos, os materiais da sua construção foram caindo lá para dentro ou porque, num determinado momento da sua utilização, alguém resolveu torná-la maciça».[5] Avançou a teoria de que a estrutura terá sido originalmente oca como forma de poupar nos materiais de construção.[5] Sobre a história do monumento, José Vieira comentou que constitui «um marco interessante do que era a vida dos algarvios nos séculos XVI, XVII, XVIII. Havia aqui uma importante produção agrícola e pescas com alguma prosperidade, o que motivava os constantes ataques da pirataria, que vinha aqui também pelos cativos e pelos resgates que podia obter com eles».[5] A Torre da Lapa foi oficialmente reinaugurada, após as obras de restauro, no dia 10 de Julho de 2018, numa cerimónia que inclui igualmente o enterramento de uma cápsula do tempo junto do imóvel.[6]
O processo para a classificação iniciou-se em 2015, quando Junta de Freguesia de Ferragudo pediu que fossem feitas obras de requalificação na torre.[7] Em 14 de Outubro desse ano, a Câmara Municipal de Lagoa fez um pedido de parecer sobre a proposta de classificação por parte da Junta de Freguesia, prevendo-se então que iria ser protegido sob a categoria de Interesse Municipal.[4] Em 15 de Março de 2017, a Direcção Regional de Cultura do Algarve propôs a abertura do processo de classificação,[4] e em 24 de Julho desse ano a Direcção-Geral do Património Cultural emitiu o Anúncio n.º 147, abrindo o procedimento.[8] Em 29 de Março de 2019 o Concelho Nacional de Cultura propôs a classificação como Monumento de Interesse Público,[4] tendo sido com esta categoria que o imóvel foi oficialmente protegido pela Portaria n.º 318/2020, de 5 de Março.[3]
Ver também
editarReferências
- ↑ «Torre da Lapa, Ferragudo». Câmara Municipal de Lagoa. Consultado em 4 de Dezembro de 2024
- ↑ a b c d e f g h i «Torre da Lapa». Discover Lagoa. Câmara Municipal de Lagoa. Consultado em 4 de Dezembro de 2024
- ↑ a b c d e PORTUGAL. Portaria n.º 318/2020, de 5 de Março. Gabinete da Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural. Publicado no Diário da República n.º 62, Série II, de 27 de Março de 2020
- ↑ a b c d e RAMALHO, Maria; MAGALHÃES, Natércia. «Torre da Lapa ou Torre da Marinha». Pesquisa de Património Imóvel. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 4 de Dezembro de 2024
- ↑ a b c d e f g h RODRIGUES, Elisabete (12 de Fevereiro de 2018). «Torre da Lapa volta a ser atalaia na costa de Lagoa após restauro cuidado». Sul Informação. Consultado em 4 de Dezembro de 2024
- ↑ a b VARELA, Ana Sofia (14 de Julho de 2018). «Lagoa reabilita Torre da Lapa e expande Caminho dos Promontórios». Barlavento. Consultado em 5 de Dezembro de 2024
- ↑ «Torre da Lapa em Lagoa pode vir a ser Monumento de Interesse Público». Barlavento. 9 de Outubro de 2019. Consultado em 4 de Dezembro de 2024
- ↑ PORTUGAL. Anúncio n.º 147/2017, de 24 de Julho. Direcção-Geral do Património Cultural. Publicado no Diário da República n.º 159, Série II, de 18 de Agosto de 2017
Ligações externas
editar- Torre da Lapa / Torre da Marinha na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
- Torre da Lapa ou Torre da Marinha na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural