Tourada à corda
Tourada à corda, toirada à corda ou corrida de touros à corda, é um divertimento tauromáquico tradicional nos Açores, com particular expressão na ilha Terceira, acreditando-se ser a mais antiga tradição de folguedo popular do arquipélago. A modalidade tauromáquica é específica dos Açores e caracteriza-se pela corrida de 4 touros adultos da raça brava da ilha Terceira ao longo de um arraial montado numa rua ou estrada, num percurso máximo que regra geral é de 500 m. O animal é controlado por uma corda atada ao seu pescoço (daí a designação do tipo de tourada) e segura por 10 homens (os pastores) que conduzem a lide e impedem a sua saída para além do troço de via estipulado. A lide é conduzida por membros do público, em geral rapazes, embora seja admissível a presença de capinhas contratados. Após a lide, os animais são devolvidos às pastagens sendo repetidamente utilizados, embora com um período de descanso mínimo de 8 dias.
História
editarO primeiro registo conhecido da realização de uma tourada à corda data de 1622, ano em que a Câmara de Angra organizou um daqueles eventos, enquadrado nas celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola. Contudo, presume-se que as corridas de touros à corda nos folguedos populares já ocorressem há muito, o que justifica a inclusão daquele evento numa festividade oficial.
Características da lide
editarA realização de corridas de touros à corda foi adquirindo ao longo dos tempos um conjunto de características, fixadas por normas e regras de cariz popular que hoje se encontram legalmente codificadas. Aquelas normas estabelecem os procedimentos de saúde e bem-estar animal a seguir em relação aos touros, os sinais correspondentes aos limites do arraial (riscos no chão), os sinais a utilizar na largada e recolha do touro (foguetes). Para protecção dos espectadores os touros não estão "em pontas", isto é, têm sempre a ponta dos chifres cobertas por algo que proporcione a protecção do espectador, as regras a seguir na armação dos palanques e na protecção dos espectadores e ainda a actuação dos capinhas (toureiros improvisados que executam sortes recorrendo a um guarda-sol, uma varinha, um bordão enconteirado ou uma samarra).
É de tal ordem importante para a Terceira esta actividade que durante o século XX, desde 1912 até 1994 aparecerem nesta ilha 29 ganadarias, algumas já extintas, e que se distribuíram pela seguinte ordem cronológica e de ganadeiros:
- António Luís Parreira, fundada em 1912.
- António Rocha Lourenço, fundada em 1914.
- António Ventura, fundada em 1915.
- Manuel Barcelos, fundada em 1925.
- Francisco de Sousa (Cadelinha), fundada em 1927.
- José Dinis Fernandes, fundada em 1932.
- Patrício de Sousa Linhares, fundada em 1936.
- Tomáz de Borba, fundada em 1938.
- António Fernandes, fundada em 1940.
- António e João Luís da Costa, fundada em 1944.
- José de Castro Parreira, fundada em 1953.
- Rego Botelho, fundada em 1964.
- Alvarino Inácio Gomes, fundado em 1956.
- José Daniel Nogueira, fundada em 1960
- José Albino Fernandes, fundada em 1967.
- Manuel Almeida Júnior, fundada em 1967.
- José Linhares da Silva (José Tomás), fundada em 1972.
- José Cardoso Gaspar (Quinteiro), fundada em 1973.
- António Vaz Lourenço (Rosa Cambada), fundada em 1974.
- Ezequiel Vieira Rodrigues, fundada em 1975.
- Eliseu Gomes, fundada em 1975.
- José Gonçalves Silva (Faveira), fundada em 1980.
- Humberto Filipe, fundada em 1983.
- Teófilo Melo, fundada em 1988.
- José Eduardo Fernandes, fundada em 1990.
- Duarte Pires, fundada em 1990.
- Irmãos Toste, fundada em 1991.
- Francisco Gabriel Ourique, fundado em 1994 e extinta em 2019.
- Manuel João da Rocha, fundado em 1994.
Ver também
editarBibliografia
editar- Diário Insular, 5 Fev 2009.