Horda
No contexto histórico da Ásia e Europa Oriental, horda, também grafada orda, ordu, ordo ou ordon, é uma estrutura geopolítica e militar histórica que existiu na estepe euroasiática, geralmente associada aos mongóis e aos povos turcos. Em muitos contextos é uma entidade equivalente a um clã ou tribo. Trata-se de um termo que, num contexto mais relacionado com organização geopolítica ou entidade nacional, é muitas vezes usado como sinónimo é ulus, que significa "nação" ou "país", em turco, mas que também pode ser "povo";[1] na mesma língua, ordu significa "exército".[2]
Em mongol, ordo, ordu ou ordon significa "corte"[3] e, por exemplo, na atualidade o palácio do governo da Mongólia chama-se Zasgiin gazriin ordon. Em português, como na generalidade das línguas europeias, a palavra tem também o significado de bando indisciplinado, turba ou grupo de muitas pessoas.[4]
Algumas hordas com mais sucesso militar e político deram origem a canatos, como foi o caso, por exemplo, da Horda Dourada, Horda Branca, Horda Azul e da Horda Nogai.[5]
Frequentemente, as hordas formavam-se quando famílias estabelecidas em auls (aldeias fortificadas) se mudavam por considerarem impossível sobreviver na área. Era comum que os períodos de seca coincidissem com o aumento do número de hordas. Estas eram patriarcais, em que os membros masculinos constituíam um exército. Algumas hordas obtinham o seu sustento dos seus rebanhos, enquanto que outras viviam da pilhagem. Na sequência das guerras, algumas hordas eram destruídas e outras assimiladas. Em algumas ocasiões, aquelas que tiveram mais sucesso, assimilaram grande parte das restantes hordas da estepe eurasiática e dedicaram-se a fazer razias às entidades nacionais suas vizinhas. Algumas dessas hordas deixaram marcas na história, como foi o caso da Horda Dourada.[6]
Etimologia
editarEtimologicamente, o termo "horda" deriva do turcomano ordu, que podia significar campo, palácio, tenda ou "sede do poder"[7] ou "corte real".[8][9] A palavra chegou às línguas eslavas orientais através do tártaro e deu origem ao termo "horda" das línguas europeias ocidentais. O "h" inicial, presente em todas as línguas europeias ocidentais, provavelmente deve-se ao facto do termo polaco (horda) ter "h". "Urdu", o nome duma língua falada no subcontinente indiano, também deriva da palavra turcomana.[10]
Notas e referências
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Orda (organization)», especificamente desta versão.
- ↑ «ulus» (em inglês). Tureng. Turkish-English Dictionary. Consultado em 4 de novembro de 2020
- ↑ «ordu» (em inglês). Tureng. Turkish-English Dictionary. Consultado em 4 de novembro de 2020
- ↑ Fleet 2009, p. 52.
- ↑ «horda». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia
- ↑ Soucek 2000, p. 195.
- ↑ Howorth 2008, [falta página].
- ↑ Hartog 1996, [falta página].
- ↑ Kohn 2008, p. 25.
- ↑ van Ruysbroeck di Piano Carpini
- ↑ «horde», Oxford English Dictionary (em inglês), 1989
Bibliografia
editar- Fleet, Kate, ed. (2009), The Cambridge History of Turkey. Volume 1: Byzantium to Turkey 1071–1453, Cambridge University Press
- Hartog, Leo de (1996), Russia and the Mongol yoke: the history of the Russian principalities and the Golden Horde, 1221–1502, ISBN 978-1-85043-961-5, British Academic Press
- Howorth, Henry Hoyle (2008), History of the Mongols from the 9th to the 19th Century: The So-Called Tartars of Russia and Central Asia, ISBN 9781605201344 (em inglês), Cosimo
- Kohn, Michael (2008), Mongolia, ISBN 978-1-74104-578-9, Lonely Planet
- Krader, Lawrence (1997), Social organization of the Mongol-Turkic pastoral nomads, ISBN 9780700708208 (em inglês), Taylor & Francis Group
- van Ruysbroeck, Willem; di Piano Carpini, Giovanni (abp. of Antivari) (1900), The journey of William of Rubruck to the eastern parts of the world, 1253–5, Printed for the Hakluyt Society
- Soucek, Svatopluk (2000), A history of inner Asia, ISBN 978-0-521-65704-4, Cambridge University Press