Ustrino
Ustrino (em latim: Ustrinum; pl. Ustrina) era, na Roma Antiga, o local onde se montavam piras funerárias, o equivalente romano das antigas kaustra (καύστρα) gregas.
Ustrino da Casa de Augusto
editarO Ustrino da casa de Augusto (conhecido em latim como Ustrinum Domus Augustae) foi o local da pira do imperador Augusto no Campo de Marte, onde hoje está o Mausoléu de Augusto. Estrabão descreve o local como um local fechado de travertino com uma grade de metal (presumivelmente no alto dos muros) e com choupos negros plantados no interior[1]. Uma fina urna de alabastro[2] e seis cipos retangulares de travertino foram encontrados em escavações realizadas em 1777 na esquina da via del Corso com a via degli Otto Cantonia (moderna via dei Pontefici). Estes tinham inscrições de vários membros da casa imperial, os três filhos e uma filha de Germânico, Tibério, o filho de Druso, e um certo Vespasiano[3]. É muito provável que estes cipos, ou pelos menos os três primeiros, que terminam todos com a fórmula "hic crematus est" ("cremados aqui") tenham pertencido ao ustrino. Se isto for verdade, sua localização seria o lado leste do Mausoléu de Augusto[4]. Com base nesta hipótese, o quarto e o quinto cipos, que trazem a fórmula "hic situs este" (ou "hic sita est" - "jazem aqui"), podem ter pertencido ao Mausoléu. Hirschfeld, porém, refuta esta possibilidade, principalmente por causa do material e da forma destes cipos[5].
Ustrino dos Antoninos
editarOs restos desta antiga estrutura romana foram descobertos em 1703 sob a Casa della Missione, a noroeste da Piazza di Montecitorio, no mesmo eixo formado pelas colunas de Antonino Pio e Marco Aurélio. Era composto por três áreas fechadas quadradas, uma dentro da outra. Os muros das duas interiores eram de travertino e o da exterior, de uma mistura de travertino, no qual estavam quatro pilares do mesmo material com uma grade de ferro entre elas. A área mais interna era um quadrado de treze metros de lado, a intermediária, de vinte e três, e a exterior, trinta metros. Um espaço livre, com três metros de largura foi deixado entre os muros de cada uma das áreas. A entrada era pelo sul.
O arquiteto e topógrafo Francesco Bianchini batizou este lugar de "Ustrino dos Antoninos" (em latim: Ustrinum Antoninorum) supondo que este seria o local da pira funerária dos membros da dinastia. Esta possibilidade não recebeu refutação, embora seja possível atribuir à antiga Coluna de Antonino Pio o local do grande altar de sacrifícios das deificações dos imperadores da época[6]. Lanciani sugere[7] que este pode ter sido o "Ustrino de Antonino Pio e Faustina" (Ustrinum Antonini Pii et Faustinae), enquanto que outra estrutura similar, cujas ruínas foram encontradas em 1907, a uns poucos metros a nordeste da primeira, seria o "Ustrino de Marco Aurélio" (Ustrinum M. Aurelii Antonini)[8].
Localização
editarPlanimetria do Campo de Marte central |
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Referências
- ↑ Estrabão. V.3.9 (em inglês). [S.l.: s.n.]
- ↑ HF 213
- ↑ CIL VI, 888‑893
- ↑ HJ 620
- ↑ Berl. Sitz. Ber. 1886, 1155‑1156 = Kleine Schriften, 458‑459
- ↑ Para a descrição de Bianchini, ver Mitteilungen des Deutschen Archäologischen Instituts, Römische Abteilung, 1889, 48‑64
- ↑ RL XIII.1908, 92
- ↑ NS 1907, 525‑528, 681; 1909, 10‑11; 1915, 322; BC 1907, 326‑327; 1908, 86; 1909, 113; BA 1910, 315; SR 1913, 1‑13; AA 1913, 140‑143; PT 60, 75, 76
Ligações externas
editar- Platner. «Ustrinum Domus Augustas» (em italiano). Thayer's
- Platner. «Ustrinum Antoninorum» (em italiano). Thayer's
- Richardson, Lawrence. A New Topographical Dictionary of Ancient Rome. Ustrinum (em inglês). [S.l.: s.n.]
- Mary T. Boatwright (1985). «The "Ara Ditis-Ustrinum of Hadrian" in the Western Campus Martius and other problematic Roman Ustrina"». American Journal of Archaeology (em inglês): 485-497