Vício de linguagem

desvios acidentais das regras de uma variedade linguística
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Vícios de linguagem são desvios das normas gramaticais,[1] ou seja, segundo Napoleão Mendes de Almeida, são palavras ou construções que deturpam, desvirtuam ou dificultam a manifestação do pensamento. Costumam ocorrer por desconhecimento das normas-padrões ou por descuido por parte do emissor.

Lista de vícios de linguagem

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Consiste na polissemia especial de palavras e expressões tornando incerto o significado da frase. Ou seja, uso de palavras que causam duplo sentido na interpretação,[2] salvo quando ocorre propositalmente em textos literários.

- Exemplos:

"Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado."

"O chefe discutiu com o empregado e estragou seu dia."

Análise: nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou paciente.

É o uso incorreto de palavras quanto à grafia, pronúncia ou flexão.[1] Assim, divide-se em:

Erro quanto a pronúncia. 

Exemplo: Solicitou a rúbrica do aluno no contrato. (correto: rubrica)

Erro quanto a ortografia.

Exemplo: Seguimentos (correto seria segmentos); Advinhar. (correto seria adivinhar)

Erro quanto a flexão.

Exemplo: Quando eu pôr o vestido. (correto seria puser)

Mórfico

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Erro quanto a forma.

Exemplo: Esse tipo de cálculo deve ser com um objeto monolinear. (correto seria unilinear)

Erro quanto a significação.

Exemplo: Eu sofri no tráfico intenso. (pelo contexto, o correto seria tráfego)

Uso desnecessário de palavras estrangeiras, devido a já existir palavras análogas no idioma.

Exemplos: show (apresentação); menu (cardápio).

Inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa. Ou seja, é um desvio em relação à sintaxe.[1] Há três tipos de solecismo: de concordância, de regência e de colocação.

De regência

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- Exemplos:

''Custei a resolver esse problema.'' → O correto é: Custou-me resolver esse problema.

''Respondi o questionário da prova.'' → O correto é: Respondi ao questionário da prova.''Instalei um programa, mas ele não é compatível do sistema.'' → O correto é: Instalei um programa, mas ele não é compatível com o sistema

De concordância

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- Exemplos:

"As menina se apaixonou." → O correto é: As meninas se apaixonaram.

"O pessoal já saíram?" → O correto é: O pessoal já saiu?

''Fiz bastante tarefas.'' → O correto é: Fiz bastantes tarefas.

''Segue anexo as faturas.'' → O correto é: Seguem anexas as faturas.

''Vossa Alteza participais do encontro?'' → O correto é: Vossa Alteza participa do encontro?

De colocação

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- Exemplo:

“Não vi-te hoje."→ O correto é: Não te vi hoje.

''O livro que enviei-te..."→ O correto é: O livro que te enviei.

"Compraremos-te um carro."→ O correto é: Comprar-te-emos um carro.

Queísmo

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Consiste na repetição excessiva e indiscriminada da partícula "que" em uma oração.[3]

- Exemplo:

"A pessoa que conversei disse outras coisas...”

Correção: "A pessoa com quem conversei...”

Consiste na criação desnecessária de novas palavras quando já existem termos análogos no idioma.[4] Costumam-se classificar os neologismos em:

Extrínsecos

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Abrange todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso idioma, recebendo a denominação de estrangeirismo. Classificam-se em: anglicismo (inglês), galicismo (francês), eslavismo (russo, polaco, etc.), arabismo, tupinismo (tupi-guarani), americanismo (línguas da América), etc.[carece de fontes?]

O estrangeirismo pode ser morfológico ou sintático.

Estrangeirismos morfológicos

Exemplos:

- Francesismos: abajur, chefe, carnê, matinê etc.

- Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc.

- Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc.

- Anglicismos: futebol, telex, bofe, ringue, sanduíche, breque.

- Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc.

- Eslavismos: gravata, estepe etc.

- Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc.

- Hebraísmos: amém, sábado, maná, aleluia etc.

- Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo etc.

- Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis etc.

- Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc.

- Americanismos: canoa, chocolate, mate, mandioca etc.

- Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze etc.

- Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba etc.

Estrangeirismos sintáticos

- Exemplos:

"Saltar aos olhos" (francesismo)

"Pedro é mais velho de mim" (italianismo)

"O jogo resultou admirável" (espanholismo)

"Percentagem" por porcentagem, ''Automação'' por automatização (anglicismo)

Intrínsecos ou vernáculos

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São aqueles formados com os recursos da própria língua. Podem ser de origem culta ou popular.

Origem culta

- Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, telespectador, taxímetro (redução: táxi), fonemática, televisão (redução: TV), comunista etc.

- Literários ou artísticos: olhicerúleo, sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante, prócer), vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc.

Origem popular

São criados no âmbito da linguagem popular, muitas vezes mediante a atribuição de novos sentidos a palavras já existentes.[carece de fontes?]

Exemplos:

'manjar' (conhecer, entender ou saber de algo ou alguém), 'à pampa' ou 'às pampas' (em grande quantidade ou intensidade), legal (bem, bom, certo), 'zica' (má sorte, provavelmente por redução de 'ziquizira'), biruta (indivíduo instável ou amalucado, sentido literal: instrumento que indica a direção do vento) etc.

Plebeísmo

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É qualquer vocábulo, locução ou expressão típicos da fala popular ou dos registros distensos da fala culta que, embora tidos como grosseiros, não chegam a ser tabuísmos.[4] Exemplos: "Esculhambou o garçom só porque o bife estava frio." (Insultou)

"Já estou de saco cheio de tanta reclamação!" (irritado com)

"Aquele funcionário é o maior puxa-saco do chefe!" (bajulador)

"Cacete! Acho que perdi minha carteira."

Cacofonia ou cacófato

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Caracterizado pelo encontro ou repetição de fonemas ou sílabas que produzem um som desagradável.[2] Constituem cacofonias:

"Olha o que tem na boca dela."

"Vi-a saindo da vez passada."

"Ao som do nosso hino." (suíno)

"Nunca gaste seu dinheiro à toa."

"Paguei cinco reais por cada pacote."

Consiste na aliteração (repetição de fonemas idênticos ou parecidos no início de várias palavras na mesma frase) de efeito acústico desagradável.[5] - Exemplo:

"Pede o Papa paz ao povo."

" comi coalhada comum."

"É o quesito que queria que caísse."

Constrói-se a partir do encontro de sílabas idênticas ou semelhantes entre o final de uma palavra e o início da subsequente.

- Exemplo: “vaca cara”, “cone negro”, “teto torto”, “pouco caso”, “uma mala”, “grife feminina”, “31 de dezembro”, ''Ano Novo'', ''regra gramatical''

Sucessão de palavras com terminação igual (rimas na prosa).

- Exemplo:

“Houve aflição e tensão durante a recepção.”

“É possível a aprovação da transação sem concisão e sem associação.”

  • Hiato: aproximação de vogais idênticas.

- Exemplo: "Ou eu ou outra pessoa ouvirá a outra canção."

  • Cacófato: formação de uma nova palavra a partir de silabas de palavras diferentes e sucessivas.

- Exemplo: "Nosso hino é muito elegante."(Semelhante a "suíno").

  • Cacoépia: pronúncia viciosa de fonemas

- Exemplo: "Estou com poblema para resolver." (= problema)

  • Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra.

- Exemplo: "Eu advinhei quem ganharia o concurso." (= adivinhei)

É o uso de palavras e expressões antigas que estão em desuso e já ultrapassadas.

"Vosmecê precisa de ajuda com as malas?" (você)

"Fui hoje ao nosocômio." (hospital)

É o uso de uma linguagem exacerbada para referir ideias normais, em registo informal, tornando o texto enfadonho.[4] Ao texto prolixo falta objetividade, o que compromete a clareza e cansa o leitor. É chamado de "falar difícil".

- Exemplo: Seu gesto altruísta e empreendedor anuvia e, decerto, oblitera a existência dos demais mortais que o configuram como o fidalgo exponencial de nossa organização empresarial, baluarte de nossas vitórias.

É o emprego de expressões ou frases muito usadas e repetidas durante anos, que empobrece o discurso.[4] Os clichês aparentam ser produto do consenso, mas muitas vezes sustentam-se em ideias preconceituosas ou óbvias, demonstrando dificuldade do emissor em superar o senso comum e pensar de forma autônoma e crítica.

- Exemplos:

“As crianças são o futuro da nação.”

“É importante que cada um faça a sua parte.”

"Lugar de mulher é na cozinha"

"Ele é um preto de alma branca"

"Todo político é ladrão"

"Mulher no volante, perigo constante"

"O Mundo é dos espertos"

“As drogas são um caminho sem volta.”

“A bebida é um poço sem fundo.”

“A união faz a força.”

"A Nação não fugirá a seu destino histórico."

Consiste numa repetição desnecessária de um significado ou expressão numa sentença.[1]

- "Ele vai ser o protagonista principal da peça" (o protagonista é, necessariamente, o personagem principal).

- "Meninos, entrempara dentro " o verbo "entrar" já exprime ideia de ir para dentro).

Trata-se da construção de frases de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado, ininteligível. Num texto, as principais causas da obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções intrincadas e a má pontuação.

Ver também

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Referências

  1. a b c d «Vícios de Linguagem». Infoescola. IG Educação. Consultado em 27 de junho de 2016 
  2. a b Melo, Priscila (23 de maio de 2014). «Vícios de linguagem». Estudo Prático Português. R7 Educação. Consultado em 27 de junho de 2016 
  3. Ceraldi Carrasco, Sandra (11 de setembro de 2015). «Vícios de linguagem frequentes». JC Concursos. UOL Educação. Consultado em 27 de junho de 2016 
  4. a b c d «Vícios de linguagem». Norma Culta - Gramática Online. Consultado em 27 de junho de 2016 
  5. Dicionário Houaiss: colisão 7