Valor de exposição

Em fotografia, rotulou-se valor de exposição, ou EV, o resultado das combinações possíveis entre o par conjugado velocidade de obturação e abertura de diafragma que levam a uma mesma exposição.

Fotos distintas com o mesmo valor de exposição

A escala em EV é decimal, com cada unidade correspondendo a um "ponto" fotográfico. O aumento de valor na escala EV significa uma exposição em dobro.

O ponto de fixação do EV depende da sensibilidade ISO considerada. Geralmente, o EV está associado à sensibilidade ISO 100, em que o ponto 0 do EV corresponde a uma abertura f/ 1.0 à velocidade 1 s.

A escala decimal do EV corresponde, aproximadamente, à percepção sensorial humana da luminosidade que é sensível ao dobramento do valor da intensidade luminosa.

História

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  • Em meados da década de 30 o fotógrafo contava com a regra sunny 16 que diz que em dia ensolarado deve-se usar uma abertura “16” com velocidade de 1:ISO, ou seja, 1:50 s para filme de sensibilidade ISO 50; 1:100 s para ISO 100; 1:200 s para ISO 200. A regra era o suficiente para operar uma câmera box. Câmeras com mais recursos contavam com o auxílio de tabelas de exposição que vinham acompanhando o filme fotográfico.
  • Depois surgiram os exposímetros. A fama da “Weston Master”, atravessou a segunda metade do século passado, virou peça de colecionador e continua sendo anunciada em classificados como estando em bom estado de funcionamento. À época das “Weston Masters”, as escalas eram arbitrárias, com cada fabricante impondo a sua própria.
  • Nos anos 50 a Kodak introduziu uma escala de valores de exposição em uma câmera de sua fabricação, não como escala EV, mas ainda como escala LV (Light Value).
  • Nos anos 60 foi estabelecida a escala EV, que foi adotada primeiramente pelos fotômetros e depois pelas câmeras com fotômetro incorporado.
  • A década de 70 foi a década de consolidação do EV. As câmeras tipo point-and-shoot, que automatizaram a exposição deixando para o fotógrafo a tarefa de priorizar a abertura ou velocidade confortavelmente.
  • Na virada do milênio, o EV tem um valor relativo nas câmeras digitais (mesmo nas compactas). O valor de exposição medido pode ser alterado em 2, 3 ou mais EVs para mais e para menos, tirando da câmera a responsabilidade por uma foto bem exposta.
  • Nas câmeras digitais usadas em fotografia publicitária o EV é um valor que é posto à prova pela própria máquina. As câmeras digitais de estúdio possuem algoritmos para obter uma sequência de várias fotos entornando o valor EV.
  • O avanço nos métodos de fotometria das câmeras computadorizadas e a precisão dos mecanismos internos não são suficientes para livrar a câmera de “erros” de exposição e da possibilidade de ocorrerem falhas de exposição devido a acúmulo de desvios tolerados.

Definição formal

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onde

  •   é a abertura relativa (número f)
  •   é o tempo de exposição (velocidade de obturação)

Se o EV é conhecido, ele pode ser usado para selecionar combinações de tempo de exposição e número f, como se mostra na Tabela 1.

Tabela de EV x número f

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Tabela 1. Tempos de exposição, em segundos, para diferentes valores de exposição e números f
EV número f
1.0 1.4 2.0 2.8 4.0 5.6 8.0 11 16 22
−6 60 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min 64 min 128 min 256 min 512 min
−5 30 60 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min 64 min 128 min 256 min
−4 15 30 60 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min 64 min 128 min
−3 8 15 30 60 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min 64 min
−2 4 8 15 30 60 2 min 4 min 8 min 16 min 32 min
−1 2 4 8 15 30 60 2 min 4 min 8 min 16 min
0 1 2 4 8 15 30 60 2 min 4 min 8 min
1 1/2 1 2 4 8 15 30 60 2 min 4 min
2 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 60 2 min
3 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30 60
4 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15 30
5 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8 15
6 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8
7 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2 4
8 1/250 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1 2
9 1/500 1/250 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2 1
10 1/1000 1/500 1/250 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4 1/2
11 1/2000 1/1000 1/500 1/250 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8 1/4
12 1/4000 1/2000 1/1000 1/500 1/250 1/125 1/60 1/30 1/15 1/8
13 1/8000 1/4000 1/2000 1/1000 1/500 1/250 1/125 1/60 1/30 1/15
14 1/8000 1/4000 1/2000 1/1000 1/500 1/250 1/125 1/60 1/30
15 1/8000 1/4000 1/2000 1/1000 1/500 1/250 1/125 1/60
16 1/8000 1/4000 1/2000 1/1000 1/500 1/250 1/125

* O apêndice ‘m’ indica tempos de exposição em minutos.

Correlação EV x luminância x iluminância

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Antigos fotômetros fotográficos apresentavam escalas graduadas em valores luminotécnicos como o lux e a candela/m² e tinham, assim, um status de instrumento de medida como um luxímetro. Na realidade um bom fotômetro fotográfico deve indicar valores apropriados para obter de imagens.

Podemos estabelecer uma correlação entre EV, densidade luminosa e brilhância por intermédio de equações matemáticas, mas o uso de um fotômetro fotográfico como instrumento de medida luminotécnica deve passar por aferição e ser aprovado para os propósitos a que for destinado.

Como luxímetro, o exposímetro deixa a desejar por efetuar medida de lux com um domo por cobertura ao invés de medir a luz que incide sobre uma superfície plana.

Como medida de luz refletida, a leitura é mais confiável, mas alguns sensores são boleados em vez de planos e deve-se levar em conta que os diversos fabricantes concorrem entre si para produzir o melhor resultado em termos fotográficos e não para produzir um instrumento que prima pela precisão.

É prática comum entre fabricantes de fotômetros fotográficos expressar a iluminância em EV para ISO 100. Assim, uma relação típica entre EV a ISO 100 e a iluminância pode ser expressa por:

  lux

Luminância típica medida com exposímetro de sensor plano e luminância expressa em cd/m².

  cd/m² ou nit

Tabela de equivalência EV x iluminância x luminância

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Tabela 2. Valores de exposição vs. iluminância (ISO 100, K = 12.5[1]) e luminância (ISO 100, C = 250[2])
  EV     Luminância,
cd/m2  
  Iluminância,
lx
 
−4 0.008 0.156
−3 0.016 0.313
−2 0.031 0.625
−1 0.063 1.25
0 0.125 2.5
1 0.25 5
2 0.5 10
3 1 20
4 2 40
5 4 80
6 8 160
7 16 320
8 32 640
9 64 1280
10 128 2560
11 256 5120
12 512 10,240
13 1024 20,480
14 2048 40,960
15 4096 81,920
16 8192 163,840

EV e seleção de modos de fotografia

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A maioria das câmeras digitais compactas se equipara a uma câmera point-and-shoot em modo automático e também nos modos esportivo e paisagem, que equivalem às prioridades de velocidade e abertura. Como nas point-and-shoot , ao selecionarmos o modo paisagem no dial, condiciona-se o aumento da velocidade diminuindo a abertura; ao selecionar o modo desportivo condicionamos o aumento da abertura aumentando a velocidade.

Um exemplo de foto que mantém o EV inalterado é a foto de velocidade em panning em que o fotógrafo seleciona o modo paisagem ao invés de modo esportivo para ampliar dramaticamente o aspecto velocidade.

De outro modo, o fotógrafo tira a foto de uma paisagem com o modo esportivo selecionado para restringir a profundidade de campo ao plano de interesse. Uma diminuição da sensibilidade ISO pode ser necessária no caso de digitais compactas.

Compensação de EV

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A compensação de EV já havia sido ensaiada em algumas câmeras analógicas que dispunham de um botão de compensação ainda que limitada. O recurso de compensação de EV é algo comum em câmeras digitais.

A compensação de EV não é tão prática como a seleção de modos. É feita na configuração da câmera, tornando-se um parâmetro de uso modal, para ser usado na tomada de uma série de fotografias.

A compensação também é possível com o dial de modos de fotografia. O modo neve/praia provoca uma compensação para mais; o modo cena noturna para menos.

Os modos de fotografia pôr-do-sol, alvorada e contraluz, produzem compensações maiores de EV.

Bracketing de exposição

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O bracketing de exposição consiste em bater uma série de fotos de um mesmo cenário usando um mesmo valor nominal de EV.

O bracketing evita que a foto seja prejudicada por mudanças repentinas de iluminação e acúmulo de erros próprios da câmera tais como: erros de velocidade, de abertura, de medição, oscilação de iluminação, etc.

O bracketing de exposição é apenas um dos bracketings possíveis. Há bracketing de balanço de cores, de velocidade, de abertura, e outros mais. O uso do bracketing envolve, portanto, bom senso.

Atribuição de valores de exposição (EV)

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O interessado em fazer experiências com uma câmera pinhole, pode recorrer a valores tabelados para obter fotos corretamente expostas. Valores de EV podem ser atribuídos às várias condições de iluminação com relativa precisão. Do sol a pino até o interior de casa iluminada são 10 EVs. Daí até a foto ao luar são mais 10 EVs.

Tabela 3. Valores de exposição (sensibilidade ISO 100) para várias condições de iluminação[3]
Condições de iluminação EV100
Luz do dia
Areia ou neve sob luz solar forte ou levemente difusa (sombras nítidas)a 16
Cena típica sob luz solar forte ou levemente difusa (sombras nítidas)a,b 15
Cena típica sob luz solar levemente difusa (sombras suaves) 14
Cena típica, céu nublado (sem de sombras) 13
Cena típica, céu encoberto 12
Áreas à sombra, luz clara 12
Externas, luz natural
Arco-íris
Céu claro como fundo 15
Céu nublado como fundo 14
Pôr-do-sol e alvoradas
Logo antes do pôr-do-sol 12–14
Ao pôr-do-sol 12
Logo após o pôr-do-sol 9–11
A lua,c altura > 40°
Cheia 15
Minguante 14
Quarto 13
Crescente 12
Luar, altura da lua > 40°
Cheia −3 to −2
Minguante −4
Quarto −6
Aurora boreal e austral
Brilhante −4 to −3
Médio −6 to −5
Externas, luz artificial
Néon e outros signos brilhantes 9–10
Esportes noturnos 9
Fogo e incêndios 9
Cenas em estradas iluminadas 8
Cenas noturnas em estradas e displays iluminados 7–8
Tráfego noturno de veículos 5
Praças e parques de diversões 7
Iluminação de árvores de Natal 4–5
Edifícios luminosos, monumentos e fontes 3–5
Vistas distantes e prédios iluminados 2
Internas, luz artificial
Galerias 8–11
Eventos esportivos, shows em palcos, e semelhantes 8–9
Circos, holofotes 8
Shows no gêlo, holofotes 9
Escritórios e áreas de trabalho 7–8
Interior de casas 5–7
Iluminação de árvores de Natal 4–5
  1. Valores para luz solar direta duas horas após a alvorada e duas horas antes do pôr-do-sol, presumindo iluminação frontal. Como regra geral diminua EV em 1 para iluminação lateral, e diminua EV em 2 para iluminação por trás.
  2. Isto é aproximadamente o valor dado pela regra sunny 16.
  3. Estes valores são apropriados para fotos ao luar tomadas à noite com uma tele longa ou telescópio que renderiza a lua com um tom médio. Eles não são, em geral, apropriados para fotos da lua que incluam paisagens.

A atribuição de EVs da Tabela 3 às condições de iluminação do mundo real produz resultados apenas aceitáveis. Levar em conta que eles foram arredondados para um número inteiro e que há omissões de considerações descritas no guia de exposições ANSI em que foi baseado. Os conhecidos desvios de cor ou falha de reciprocidade também não estão considerados. O uso apropriado dos valores de exposição tabulados é explicado em detalhes no guia de exposições ANSI, ANSI PH2.7-1986.

Ver também

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  1. A constante K de calibração varia levemente entre fabricantes; um valor comum é 12,5 (Canon, Nikon, e Sekonic), outro valor é 14 (Minolta e Pentax).
  2. A constante C apresenta uma variação maior entre os diversos fabricantes. A Minolta adota 320, a Sekonic 340, enquanto o valor comum é 250)
  3. Valores de exposição na Tabela 3 foram tomados do guia de exposições da ANSI PH2.7-1973 e PH2.7-1986; há diferenças entre os guias, mas elas não são incoerentes. O guia ANSI é baseado nos estudos feitos por L.A. Jones e H.R. Condit, descritos no Jones e Condit (1941), Jones e Condit (1948), e Jones e Condit (1949).

Ligações externas

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