Ao Veado d'Ouro
A Botica Ao Veado d'Ouro foi uma tradicional farmácia sediada na Rua São Bento, no centro histórico da cidade de São Paulo.[1][2]
Ao Veado d'Ouro | |
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Razão social | Botica Ao Veado d'Ouro Ltda. |
Gênero | farmácia de manipulação laboratório farmacêutico |
Fundação | 1858 (167 anos) |
Fundador(es) | Gustav Gravenhorst Gustav Schaumann |
Encerramento | 2008 (17 anos) |
Área(s) servida(s) | São Paulo |
Proprietário(s) | Edgar Helbig Daniel Derkatscheff Ricardo Garcia |
Encerrou suas atividades em 2008, dez anos após se envover num esquema de falsificação do medicamento Androcur, destinado essencialmente ao tratamento de câncer de próstata. Os sócios Edgar Helbig e Daniel Eduardo Derkatscheff Vera foram posteriromente condenados a 13 anos de prisão.
História
editarSurgiu em 1858 como uma papelaria, livraria e loja de miudezas criada por Gustavo Gravenhorst e em maio do mesmo ano, o imigrante alemão e farmacêutico Gustavo Schaumann se junta a Gravenhorst em sociedade. Nesta época, a cidade de São Paulo possuía cerca de 30 mil habitantes e apenas quatro farmacêuticos para atender toda a população, o que despertou o interesse de Schaumann em criar uma farmácia de alto nível.[1]
Gravenhorst ficou encarregado de ir até a Alemanha para buscar os equipamentos para a farmácia, porém faleceu durante a viagem. Schaumann havia ficado em São Paulo para cuidar do negócio e acabou assumindo a empresa, renomeando-a como "Botica Ao Veado d'Ouro" e utilizando a escultura de um veado dourado, inscrito no brasão de sua família como emblema do estabelecimento.
Em 1879, o seu filho Henrique Schaumann, então com 23 anos, recém-formado em Hamburgo, assumiu o controle do negócio da família.[2] Em 1905, Alfredo Thiele se tornou o novo responsável pela empresa, até vender a farmácia a outros colaboradores.[1] A Botica gozava de um prestígio e credibilidade com poucos paralelos na cidade de São Paulo. Não eram raros os clientes que simplesmente se recusavam a consumir medicamentos de manipulação que não fossem produzidos pelo estabelecimento.[3]
Caso Androcur
editarNo entanto, em 1998 a farmácia envolveu-se em um famoso escândalo envolvendo a falsificação do medicamento Androcur (destinado essencialmente ao tratamento de câncer de próstata). Segundo investigações realizadas à época, a Botica produziu cerca de um milhão e trezentos mil comprimidos de placebo.[4] Nesse mesmo ano, a farmácia já havia sido fechada pela Vigilância Sanitária por não estar em condições adequadas de funcionamento.[5]
A fabricação de placebo não é ilegal, observadas as quantidades permitidas para cada fabricante bem como, principalmente, o fim a que se destina. Retirados e levados para outro endereço, os comprimidos-placebo eram embalados e recebiam um rótulo falsificado do Androcur. Os sócios Edgar Helbig e Daniel Eduardo Derkatscheff Vera foram condenados a 13 anos de prisão. Os sócios defenderam-se alegando que os comprimidos eram produzidos a pedido de um cliente e que, da porta do estabelecimento para fora, desconheciam a destinação dos mesmos.[6][7]
No entanto, sem explicação ficou o fato de que o volume encomendado não gerou suspeitas aos donos da Botica; além de que a mpresa sequer tinha autorização legal para produzir medicamentos em escala industrial, tanto que a Vigilância Sanitária havia lacrado o estabelecimento já em setembro de 1998 pelo simples fato deste estar produzindo em escala industrial, independente da qualidade dos produtos.[8]
O escândalo marcou a Botica Ao Veado d'Ouro indelevelmente, sendo o evento ainda lembrado por muitos paulistanos mesmo décadas depois. Em 2008, a Botica encerrou suas atividades, tendo seus funcionários e donos realocados para a farmácia de manipulação Medida Exata, que ficava no bairro paulistano de Pinheiros e fechou em 2014.[carece de fontes]
Referências
- ↑ a b c «O passeio do veado da Rua São Bento». São Paulo Passado. 16 de junho de 2015. Consultado em 5 de abril de 2021
- ↑ a b «Lojas que fecharam as portas, mas seguem na memória de SP | Memória». Veja São Paulo. Consultado em 5 de abril de 2021
- ↑ Rostand Medeiros. «Ao Veado D'Ouro». Toque de História. Consultado em 5 de abril de 2021
- ↑ «Suspeitos no caso Androcur são soltos». Diário do Grande ABC. 10 de abril de 1999. Consultado em 5 de abril de 2021
- ↑ «Vigilância fecha distribuidora da Botica Ao Veado D'Ouro em SP». Folha de S. Paulo. 3 de outubro de 1998. Consultado em 5 de abril de 2021
- ↑ Federicce, Gisele (17 de fevereiro de 2012). «Falsificação de remédios leva 11 à prisão em São Paulo». Brasil 247. Consultado em 5 de abril de 2021
- ↑ Hisayasu, Alexandre (4 de dezembro de 2015). «Ex-sócio da Botica ao Veado D'Ouro é preso na zona sul de SP». A Tarde. Consultado em 5 de abril de 2021
- ↑ Folha