Viperinae
Viperinae, ou viperinos, é uma subfamília de víboras peçonhentas endémicas da Europa, Ásia e África. Distinguem-se por não possuírem as fossetas características do seu grupo-irmão, a subfamília Crotalinae. Actualmente são reconhecidos 12 géneros e 66 espécies.[2] Na sua maioria são animais tropicais e subtropicais, embora uma espécie, Vipera berus, ocorra no interior no Círculo Polar Ártico.[3]
Viperinae | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Sinónimos | |||||||||||||||
Descrição
editarOs membros desta subfamília variam em tamanho desde Bitis schneideri, que atinge um comprimento total máximo de apenas 71 cm, até Bitis gabonica, que pode atingir os 2 m de comprimento total máximo. A maioria das espécies são terrestres, mas algumas, como as do género Atheris, são totalmente arborícolas.[3]
Embora as fossetas detectoras de calor que caracterizam Crotalinae estejam claramente ausentes nos viperinos, foi descrita uma bolsa supranasal com função sensorial em várias espécies. Esta bolsa é uma invaginação de pele entre as escamas supranasal e nasal e está ligada ao ramo oftálmico do nervo trigémeo. As terminações nervosas assemelham-se às das fossetas labiais das boas. O saco supranasal está presente nos géneros Daboia, Pseudocerastes e Causus, mas é particularmente bem desenvolvido no género Bitis. Experiências demonstraram que as investidas são guiadas não só por pistas visuais e químicas, mas também pelo calor, com alvos mais quentes a serem atacados mais frequentemente que os mais frios.[3]
Distribuição geográfica
editarOs viperinos podem ser encontrados na Europa, Ásia e África,[1] (excepto em Madagáscar).[4]
Reprodução
editarGeralmente, os membros desta subfamília são ovovivíparos, embora algumas espécies, incluindo os géneros Pseudocerastes, Cerastes, e algumas de Echis sejam ovíparas.[3]
Géneros
editarGénero[2] | Autoridade[5] | Espécie[2] | Subsp.*[2] | Nome-comum[3][6] | Distribuição geográfica[1] |
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Atheris | Cope, 1862 | 8 | 1 | Víboras-dos-arbustos | África subsariana tropical, excluindo África Austral. |
Bitis | Gray, 1842 | 14 | 2 | Víboras-sopradoras | África e sul da Península Arábica. |
Causus | Wagler, 1830 | 7 | África subsariana. | ||
Cerastes | Laurenti, 1768 | 3 | 0 | Víboras-cornudas | Norte da África para leste passando pela Península Arábica e Irão. |
Daboia | Gray, 1842 | 2 | 0 | Víbora-de-russell | Paquistão, Índia, Sri Lanka, Bangladesh, Nepal, Mianmar, Tailândia, Camboja, China (Guangxi e Guangdong), Taiwan e Indonésia (Endeh, Flores, Java oriental, ilhas de Komodo e Lomblen). |
Echis | Merrem, 1820 | 8 | 6 | Víboras-escama-de-serra | Índia e Sri Lanka, partes do Médio Oriente e África a norte do equador. |
Eristicophis | Alcock e Finn, 1897 | 1 | 0 | Víbora-de-McMahon | Região desértica do Baluchistão, próximo da fronteira Irão-Afeganistão-Paquistão. |
Macrovipera | A.F. Reuss, 1927 | 4 | 4 | Semidesertos e estepes do Norte de África, Próximo e Médio Oriente, e arquipélago de Milos no Mar Egeu. | |
Montatheris | Broadley, 1996 | 1 | 0 | Víbora-de-montanha-do-quénia | Quénia: charnecas dos Montes Aberdare e Monte Quénia acima dos 3000 m. |
Montivipera | Nilson, Tuniyev, Andrén, Orlov, Joger & Herrmann, 1999 | 8 | 0 | Médio Oriente, Cáucaso e Grécia | |
Proatheris | Broadley, 1996 | 1 | 0 | Víbora-dos-pântanos | Planícies de inundação desde o sul da Tanzânia (parte norte do lago Malawi) passando pelo Malawi até próximo de Beira, no centro de Moçambique. |
Pseudocerastes | Boulenger, 1896 | 1 | 1 | Falsa-víbora-cornuda | Desde o Sinai do Egipto para leste até ao Paquistão. |
ViperaT | Laurenti, 1768 | 23 | 12 | Víboras-paleárticas | Grã-Bretanha e quase toda a Europa Continental atravessando o Círculo Polar Ártico e algumas ilhas do Mediterrâneo (Elba, Montecristo, Sicília) e Mar Egeu para leste através do norte da Ásia até à ilha Sacalina e Coreia do Norte. Também encontradas no Norte de África, em Marrocos, Argélia e Tunísia. |
*) Sem incluir a subespécie nominativa.
T) Género-tipo.
Taxonomia
editarAté há pouco tempo, incluíam-se nesta subfamília outros dois géneros. Contudo, eventualmente foram considerados tão distintos entre os membros de Viperidae que se criaram subfamílias separadas para eles:[1]
- Género Azemiops - movido para a subfamília Azemiopinae by Liem, Marx & Rabb (1971).
- Género Causus - reconhecimento da subfamília Causinae Cope, 1860 foi proposto por Groombridge (1987) e apoiado por Cadle (1992).
No entanto, estes grupos, juntamente com os géneros actualmente reconhecidos como fazendo parte de Viperinae, ainda são colectivamente referidos como víboras verdadeiras.[3]
Broadley (1996) reconheceu uma nova tribo, Atherini, para os géneros Atheris, Adenorhinos, Montatheris e Proatheris, cujo género-tipo é Atheris.[1]
Ver também
editarReferências
editar- ↑ a b c d e McDiarmid RW, Campbell JA, Touré T. 1999. Snake Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference, Volume 1. Washington, District of Columbia: Herpetologists' League. 511 pp. ISBN 1-893777-00-6 (series). ISBN 1-893777-01-4 (volume).
- ↑ a b c d «Viperinae» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 4 Agosto 2006
- ↑ a b c d e f Mallow D, Ludwig D, Nilson G. 2003. True Vipers: Natural History and Toxinology of Old World Vipers. Malabar, Florida: Krieger Publishing Company, Malabar. 359 pp. ISBN 0-89464-877-2.
- ↑ Stidworthy J. 1974. Snakes of the World. New York: Grosset & Dunlap Inc. 160 pp. ISBN 0-448-11856-4.
- ↑ «The Reptile Database»
- ↑ Spawls S, Branch B. 1995. The Dangerous Snakes of Africa. Ralph Curtis Books. Dubai: Oriental Press. 192 pp. ISBN 0-88359-029-8.
Leitura adicional
editarO Wikisource tem o texto da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), artigo: Viper (em inglês). |
- Breidenbach CH. 1990. Thermal Cues Influence Strikes in Pitless Vipers. Journal of Herpetology 4: 448-450.
- Broadley DG. 1996. A review of the tribe Atherini (Serpentes: Viperidae), with the descriptions of two new genera. African Journal of Herpetology 45 (2): 40-48.
- Cantor TE. 1847. Catalogue of Reptiles Inhabiting the Malayan Peninsula and Islands. Journal of the Asiatic Society of Bengal, Calcutta 16 (2): 607-656, 897-952, 1026-1078 [1040].
- Cuvier G. 1817. Le règne animal distribué d'après son organisation, pour servir de base à l'histoire naturelle des animaux det d'introduction à l'anatomie comparée. Tome II, contenant les reptiles, les poissons, les mollusques et les annélidés. Paris: Déterville. xviii + 532 pp. [80].
- Eichwald, E. 1831. Zoologia specialis, quam expositis animalibus tum vivis, tum fossilibus potissimuni rossiae in universum, et poloniae in specie, in usum lectionum publicarum in Universitate Caesarea Vilnensi. Vilnius: Zawadski. 3: 404 pp. [371].
- Fitzinger LJFJ. 1826. Neue classification der reptilien nach ihren natürlichen verwandtschaften. Nebst einer verwandtschafts-tafel und einem verzeichnisse der reptilien-sammlung des K. K. zoologischen museum's zu Wien. Vienna: J.G. Hübner. vii + 66 pp. [11].
- Gray JE. 1825. A Synopsis of the Genera of Reptiles and Amphibia, with a Description of some New Species. Annals of Philosophy, New Series, 10: 193-217 [205].
- Günther ACLG. 1864. The Reptiles of British India. London: Ray Society. xxvii + 452 pp. [383].
- Latreille PA. 1825. Familles naturelles du règne animal, exposés succinctement et dans un ordre analytique, avec l'indication de leurs genres. Paris: Baillière. 570 pp. [102].
- Lynn WG. 1931. The Structure and Function of the Facial Pit of the Pit Vipers. American Journal of Anatomy 49: 97.
- Oppel M. 1811. Mémoire sur la classification des reptiles. Ordre II. Reptiles à écailles. Section II. Ophidiens. Annales du Musée National d'Histoire Naturelle, Paris 16: 254-295, 376-393. [376, 378, 389].