Wanda Ramos
Wanda Ramos (Dundo-Chitato, 1948 - Lisboa, 1998[1]) foi uma escritora e tradutora portuguesa.
Wanda Ramos | |
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Nascimento | 1948 Dundo-Chitato |
Morte | 1998 (50 anos) Lisboa |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | Escritora e tradutora |
Principais trabalhos | Percursos (do Luachimo ao Luena) |
Biografia
editarWanda Ramos nasceu no Dundo-Chitato, na província da Lunda Norte, em Angola, em 1948, filha de pais portugueses. Muda-se para Portugal em 1957, aos nove anos, e aqui prossegue os seus estudos. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Exerceu larga actividade como tradutora, tendo traduzido, entre outros, John Le Carré,[2] Erica Jong, Muriel Spark, Edith Wharton, Jorge Luis Borges, Octavio Paz, Bruno Munari, Jan Morris e Sousa Jamba. Além de tradutora, foi também professora do ensino secundário e membro da Associação Portuguesa de Escritores.
Colaborou em várias revistas e jornais culturais com crónicas, poemas e contos. Foi colaboradora permanente da revista África. Está presente em várias antologias, das quais se podem destacar a Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, na sua terceira edição, organizada por E. M. de Melo e Castro e Maria Alberta Menéres; e na Experiência da Liberdade.
O seu primeiro livro foi editado em 1970: tratava-se de uma plaquette intitulada Nas Coxas do Tempo, que incluía poemas de Wanda e desenhos de António Ferra, em edição dos autores, de apurado aspecto gráfico. A edição foi entretanto retirada do mercado, e os poemas reeditados num outro livro da autora, anos depois. O livro seguinte, também em formato de plaquette só surgiu nove anos depois do primeiro, com o título E Contudo Cantar Sempre, com o cunho da Editorial Inova, acompanhados os poemas por um desenho de Armando Alves. No mesmo ano, 1979, sai ainda Que Rio Vem Forçar a Entrada Desta Casa?, conjunto de poemas incluído no volume triplo A Jovem Poesia Portuguesa, das edições Limiar. O conjunto de Wanda surge assim junto a Estilhaços de Eduarda Chiote e O Ruído Fino de João Camilo.
Em 1981 é publicado o primeiro romance de Wanda Ramos, Percursos (Do Luachimo ao Luena), que reflecte, através da memória, a experiência da África colonial, vivida do ponto de vista da mulher. O romance venceu o Prémio de Ficção da Associação Portuguesa de Escritores. A primeira e única edição deste livro apresenta, na contracapa, um desenho da autoria de Wanda.
Em 1983 regressa à poesia com o volume de prosas poéticas Intimidade da Fala. A edição deste folheto tem capa e desenho hors-texte da autoria da escritora, também. No mesmo ano, é editado o seu segundo romance, As Incontáveis Vésperas, que reflecte problemas relacionados com a condição da mulher, centrando-se particularmente na província portuguesa, abordando ainda temas como a descoberta da sexualidade e do erotismo.
Em 1986 publica aquela que seria a sua última recolha de poesia, Poe-Mas-Com-Sentidos. Neste livro repõe os poemas de Nas Coxas do Tempo, acrescidos de um inédito; além de duas secções novas, uma das quais em prosa. Segundo a nota final da autora, este livro cobre um período de escrita que vai de 1967 a 1986.
A partir de 1990, passa a publicar apenas ficção. Os Dias, Depois é editado em 1990 e, em 1991, Litoral (Ara Solis). Este último seria considerado o mais mítico dos livros da autora. Fundindo uma estrutura poética e muito ligada à imagem, Litoral assume também influências do romance policial; tendo ganho o Prémio Literário Cidade de Almada para romances inéditos. Entre Outubro e Novembro de 1997, Wanda Ramos foi convidada para a MEET- Maison des Écrivains Étrangers et des Traducteurs em Saint-Nazaire.
Wanda Ramos morreu em Lisboa em 1998, vítima de cancro. Em 1999 vem a lume o seu último livro, Crónica com Estuário ao Fundo, escrito durante a sua estadia no MEET, que no ano anterior havia publicado em França este livro, em edição bilingue.
Homenagens
editarA Câmara Municipal de Lisboa atribuiu o seu nome a uma rua no Areeiro.[3]
Bibliografia
editar- 1970- Nas Coxas do Tempo, edição de autor, com desenhos de António Ferra (poesia)[2]
- 1979- E Contudo Cantar Sempre, editorial Inova, com um desenho de Armando Alves (poesia)
- 1979- Que Rio Vem Forçar a Entrada Desta Casa?, in A Jovem Poesia Portuguesa, edições Limiar (poesia)
- 1981- Percursos (Do Luachimo ao Luena), editorial Presença (romance)
- 1983- Intimidade da Fala, edições &etc, com um desenho de Wanda Ramos (prosa poética)
- 1983- As Incontáveis Vésperas, edições Ulmeiro (romance)
- 1986- Poe-Mas-Com-Sentidos, edições Ulmeiro (poesia)
- 1990- Os Dias, Depois, editorial Caminho (romance)
- 1991- Litoral (Ara Solis), editorial Caminho (romance)
- 1999- Crónica com Estuário ao Fundo, editorial Caminho (romance)
Antologias
editar- 1975- poemas em A Experiência da Liberdade, edição Diabril
- 1980- poemas em Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, org. E. M. de Melo e Castro e Maria Alberta Menéres, edição Moraes
- 1985- A Casa, o Mar em Contos, editorial Caminho
- 1985- Vigília (conto) em Fantástico no Feminino, edições Rolim
Prémios
editar- 1980- Prémio de Ficção da Associação Portuguesa de Escritores por Percursos (Do Luachimo ao Luena)
- 1988- Prémio de Tradução da Sociedade de Língua Portuguesa pela tradução de As Confissões Verdadeiras de Um Terrorista Alibino de Breyten Breyttenbach
- 1991- Prémio Literário Cidade de Almada por Litoral (Ara Solis)
Ilustração
editarReferências
- ↑ «Biografia». As Tormentas. Consultado em 2 de agosto de 2011
- ↑ a b «Wanda Ramos». MEET - Maison des écrivains étrangers et des traducteurs. Consultado em 2 de agosto de 2011 (em francês)
- ↑ http://maislisboa.fcsh.unl.pt/africa-no-feminino-ruas-lisboa/