Xexi

Faraó egípcio

Maaibré Xexi[8] (em egípcio: Ššy ou Šši) foi um faraó do Egito durante o Segundo Período Intermediário. A dinastia, a posição cronológica, a duração e a extensão de seu reinado são incertas e estão sujeitas a um debate em andamento. A dificuldade de identificação é refletida por problemas na determinação de eventos desde o fim do Império Médio até a chegada dos hicsos no Egito. No entanto, Xexi é, em termos do número de artefatos atribuídos a ele, o rei mais atestado do período que abrange o final do Império Médio e o Segundo Período Intermediário, aproximadamente entre 1800 e 1 550 a.C. Centenas de sinetes com o seu nome foram encontradas em Canaã, Egito, Núbia e até Cartago, onde alguns ainda estavam em uso mil e quinhentos anos após a sua morte.

Maaibré Xexi
Xexi
Sinete inscrito com
"o filho de , Xexi, deu vida"[1]
Faraó do Egito
Reinado duração incerta: 3 anos,[nota 1] 19 anos,[nota 2] c. 40 anos.[nota 3]
Antecessor(a) incerto, talvez Amu Aaotepré[5]
Sucessor(a) incerto, talvez Neesi Aaseré[5] ou Iacube-Har[6]
 
Cônjuge Incerto, talvez Tati
Descendência
  • Neesi
  • Ipecu
Dinastia XIV dinastia ou XV dinastia
Religião Politeísmo egípcio
Titularia
Nome Xexi
Ššj
G39N5
 
<
S
S
i
>
Trono Maaibré
M3ˁ-jb-Rˁ
O justo é o coração de [7]
M23
t
L2
t
<
raU4a
ib
>
Título

Três hipóteses concorrentes foram apresentadas para a dinastia à qual Xexi pertenceu. Egiptólogos como Nicolas Grimal, William C. Hayes e Donald B. Redford acreditam que ele deveria ser identificado com Salitis, fundador da XV dinastia, segundo fontes históricas, e rei dos hicsos durante a invasão do Egito. Salitis é creditado com dezenove anos de reinado e teria vivido em algum momento entre 1720 e 1 650 a.C. O egiptólogo William Ayres Ward e a arqueóloga Daphna Ben-Tor propõem que Xexi foi um rei hicso pertencente à segunda metade da XV dinastia, reinando entre Caiã e Apopi I. Alternativamente, Manfred Bietak propôs que Xexi fôra um vassalo dos hicsos, governando alguma parte do Egito ou Canaã. A própria existência de tais vassalos é debatida. Por fim, Xexi pode ter sido um governante do início da XIV dinastia, uma linhagem de reis descendentes de cananeus que dominaram o Delta do Nilo Oriental imediatamente antes da chegada dos hicsos. Os defensores dessa teoria, como Kim Ryholt e Darrell Baker, atribuem a Xexi quarenta anos de reinado em torno de 1 745 a.C.

Ryholt propôs que Xexi teria aliado seu reino com os cuxitas na Núbia, por meio de um casamento dinástico com a princesa núbia Tati. Ryholt postula ainda que o filho de Xexi e Tati foi Neesi, cujo nome significa "O Núbio", que ele acredita ter sucedido Xexi no trono, como o faraó Neesi Aaseré.

Evidências

editar

Nome e prenome em selos

editar

O Nome de Sá-Ré de Xexi[nota 4] está inscrito em mais de duzentos sinetes, que constituem os únicos atestados de seu reinado. O número de sinetes atribuídos a Xexi encontra paralelo apenas naqueles que levam o prenome Maaibré,[10] que significa "O justo é o coração de Rá".[7] Baseado nas semelhanças estilísticas entre os dois grupos de selos e em seus números inigualáveis,[11] o consenso entre os egiptólogos é que Maaibré era o prenome de Xexi.[9][10][12]

 
Região onde foram encontrados alguns sinetes de Xexi.[13]

Consequentemente, Maaibré Xexi é o governante mais atestado do Segundo Período Intermediário, em termos do número de artefatos atribuídos a ele, com 396 sinetes e duas impressões de selos mostrando seu nome e prenome.[14] Esse número é três vezes maior que os 123 sinetes atribuídos ao próximo rei mais bem atestado do período, Iaquebim Secaenré.[nota 5][15]

Além desses selos, Manfred Bietak sugeriu que um sinete descoberto em Ávaris e inscrito com o nome de um rei "Xenxeque" (Shenshek) provavelmente deveria ser atribuído a Xexi.[16] Esta conclusão é rejeitada por Kim Ryholt e Darrell Baker, que acreditam que Xenxeque era um rei distinto.[17][18]

Localização dos achados

editar

Mais de 80% dos sinetes atribuídos a Maaibré Xexi são de origem desconhecida,[nota 6] mas os 20% restantes foram encontrados em todo o Egito, Núbia e Canaã, indicando contatos comerciais e diplomáticos generalizados durante o reinado de Xexi.[20]

Achados importantes incluem sinetes de Laquis, Gezer, Jericó, Tel Michal, Amã e Telel Ajul[21] em Canaã. No Baixo Egito, três sinetes foram desenterrados em Telel Iaudia e Telel Mascuta e outros oito são da região do Delta.[22] Quatro são originários de Sacará[23] e outros cinco dos locais egípcios do Oriente de Abusir Elmaleque, Com Medinete Gurabe, Com Elamar e Deir Rifa. Ao sul, no Alto Egito, um total de vinte sinetes são conhecidos de Abidos, Hu, Tebas, Elefantina, Esna e Edfu.[24] Na Núbia, sinetes de Xexi foram encontrados nas fortalezas egípcias de Uronarti e Mirgissa e, no Templo de Daca, Querma, Seiala, Aniba, Masmas, Faras, Uquema, Acaxa e Sai.[19] Finalmente, foram encontrados duas impressões de Xexi em Cartago,[25][26] datados arqueologicamente do século II a.C.[27]

Os sinetes de Xexi estão agora espalhados em diversos museus diferentes, incluindo o Museu de Israel,[28] Museu Petrie,[nota 7][30] Ashmolean, Museu Britânico, Louvre, Museu de Arte Walters,[31] Metropolitan Museum of Art[32] e o Museu Egípcio do Cairo.[33]

Fontes históricas

editar

Nenhum atestado histórico do reinado de Xexi é conhecido com certeza. Ele está ausente do cânone de Turim, uma lista de reis escrita em papiro durante o período da XIX dinastia e que serve como fonte histórica primária para o Segundo Período Intermediário.[34] Isso ocorre porque a seção do papiro que cobre as dinastias XIII a XVII está danificada,[35] e o problema da posição cronológica do reinado de Xexi não pode ser resolvido a partir deste documento.

Não está claro se Xexi é mencionado na Egiptíaca, uma história do Egito escrita no século III a.C. pelo sacerdote egípcio Manetão, durante o reinado de Ptolomeu II (r. 283–246 a.C.). De fato, a Egiptíaca apenas relata nomes helenizados de faraós egípcios e a identificação de Xexi com qualquer nome em particular permanece controversa.[36]

Finalmente, Aharon Kempinski e Donald B. Redford propuseram que Xexi é a figura histórica que deu origem ao Sesai bíblico, um dos enaquins que viveram em Hebrom na época da lendária conquista de Canaã pelos hebreus relatada em Números 13:22.[37][38] David Rohl vai ainda mais longe e estabelece explicitamente a equivalência entre Xexi e Sesai.[39] Em contrapartida, ele também pode ser o faraó anônimo mencionado na bíblia, o qual José serviu por vários anos.[40] O que dá vida a essa possibilidade é que, durante seu reinado, há evidências de uma longa fome no Egito,[40] que coincide com a história bíblica narrada em Gênesis 41:1-57, onde José interpreta o sonho de faraó revelando um período de sete anos de fartura, seguidos por mais sete anos de fome. Evidências como o período de seu governo, a extensão de seu poder e influência e a fome em seu reino sugerem que os semitas serviam o governo egípcio na época.[40]

Dinastia

editar

Três hipóteses concorrentes foram propostas em relação à dinastia à qual Xexi pertenceu.

Governante Hicso

editar
 
Sinete inscrito de Xexi, Walters Art Museum[41]

William C. Hayes, Nicolas Grimal, Redford e Peter Clayton identificam Xexi com Salitis (também conhecido como Saites).[3][42][43][44][45] Segundo a Egiptíaca, Salitis foi o fundador da XV dinastia hicsa.[46] Alternativamente, Bietak e Janine Bourriau propuseram que Salitis deveria ser identificado com Saquir-Har,[47] um governante pouco conhecido do segundo período intermediário que, ao contrário de Xexi,[48] é conhecido por ter o título de "Hicso".[49]

Se Xexi deve ser comparado a Salitis, então os seus selos descobertos na Núbia sugerem que os hicsos se aliaram aos núbios contra a XIII dinastia egípcia nativa, assim que chegaram ao Delta do Nilo,[43] um evento que Grimal situa em cerca de 1 720 a.C.[43] Grimal visualiza o reino de Xexi como compreendendo todo o Delta do Nilo e o vale do Nilo ao norte de Pátiris. De acordo com Manetão, conforme relatado por Flávio Josefo em Contra Apião,[50] Salitis reinou em Mênfis[9][51] e fortificou a cidade existente de Ávaris,[52] que se tornaria a sede do poder dos hicsos.[44]

Grimal e Hayes igualam Xexi a Xareque,[43] um rei cujo único atestado é encontrado em uma laje de pedra detalhando a genealogia de Anquefensequemete, um sacerdote que viveu no final da XXII dinastia (c. 750 a.C.), cerca de 900 anos após Xexi.[nota 8][53]

William Ayres Ward e a arqueóloga Daphna Ben-Tor confiam nas seriações dos sinetes de Xexi e de outros reis do Segundo Período Intermediário para datar Xexi até a segunda metade da XV dinastia, entre os grandes faraós hicsos Caiã e Apófis.[54][55]

Vassalo dos hicsos

editar

Jürgen von Beckerath é menos assertivo sobre a identidade de Xexi e o situa entre a XV e a XVI dinastias, onde agrupa governantes hicsos cuja posição cronológica é incerta, junto com reis que ele vê como vassalos dos hicsos.[56] A análise de Von Beckerath baseia-se na hipótese de que a XVI dinastia, descrita por Manetão, compreendia governantes menores da região do Delta do Nilo, chamados hicsos menores, que serviam aos grandes reis hicsos da XV dinastia, como Caiã e Apófis.[57]

Para Manfred Bietak, o grande número de atestados de Xexi sugere que ele era um importante governante hicso,[9] mas sua inclusão na XV dinastia pode ser duvidosa, dada a total ausência de monumentos atribuíveis a ele.[58] Assim, Bietak conclui que Xexi deve ser colocado em um grupo de governantes semitas ocidentais que coexistiram com a XV dinastia, possivelmente como vassalos ou parcialmente independentes dela, e alguns dos quais até receberam o título de "hicsos".[59]

A existência de reis menores hicsos no Egito é atualmente debatida.[60] Ryholt mostrou que uma declaração no epítome de Eusébio da Egiptíaca, indicando que os hicsos tinham vassalos, contém uma corrupção do texto original de Manetão.[60][61] Assim, ele rejeita a hipótese de que a XVI dinastia compreendia vassalos dos hicsos e sustenta que era uma dinastia egípcia nativa que reinava independentemente sobre a região de Tebas, entre a queda da XIII dinastia e o advento da XVII dinastia.[62] Essas conclusões sobre a XVI dinastia foram aceitas por muitos estudiosos, incluindo Ben-Tor, James Peter Allen, Susan Allen,[63] Baker e Redford.[64] No entanto, tanto para Redford[65] quanto para Bietak, "sem dúvida, havia, sob a égide dos governantes da décima quinta dinastia, uma série de vassalos no sul e no litoral da Palestina, no meio do Egito e em Tebas. [...] Esse era o sistema político dos hicsos e típico dos reinos amorreus da Síria e das cidades-estado da Palestina".[59]

Rei da XIV Dinastia

editar
 
Outro sinete do Faraó, Walters Art Museum.[66]

Ryholt e Baker rejeitam a identificação de Xexi como um governante da XV dinastia.[67][68] Ryholt observa que os primeiros reis hicsos, como Saquir-Har e Caiã, adotaram o título Heqa khasewet, que significa "governante das terras estrangeiras",[nota 9] um título que Xexi não ostentava.[48] Além disso, o último desses dois reis, Caiã, adotou apenas um prenome egípcio durante a segunda metade de seu reinado — uma prática que foi seguida pelos reis hicsos subsequentes.[48] Por outro lado, se Xexi deve ser identificado com Maaibré, então Xexi tinha um prenome. Isso implica uma coisa ou outra: que ele era um rei hicso reinando após Caiã, em contradição com os sucessores conhecidos de Caiã, Apopi I e Camudi e o fato de Xexi não ter o título de Heqa khasewet;[70] ou que ele pertencia a outra dinastia.[48]

Consequentemente, Ryholt sugere que Xexi era na verdade um governante da XIV dinastia,[5] sendo ela composta por uma linhagem de reis de descendência cananeia, possivelmente governando o Delta do Nilo Oriental imediatamente antes da chegada da XV dinastia hicsa. Muitos egiptólogos aceitam a existência da XIV dinastia com base em evidências arqueológicas[71][72] e no fato de que cerca de cinquenta reis são registrados no cânone de Turim, entre a XIII dinastia e os governantes hicsos posteriores.[72][73] Ao contrário, Redford sugere que esses cinquenta reis constituem a genealogia dos governantes hicsos e que a XIV dinastia é híbrida.[74]

Baseado na seriação dos sinetes do Segundo Período Intermediário disponíveis em 1900, George Willoughby Fraser datou o reinado de Xexi como "uma pequena dinastia antes da invasão hicsa". Mais recentemente, Ryholt obteve um resultado semelhante, usando sua própria seriação,[75] e colocou Xexi diante de Iacube-Har e dos grandes governantes hicsos Caiã e Apopi I e depois de Iaquebim Secaenré, Iaamu Nubuoserré, Caré Cauoserré e Amu Aotepré.[76] Rolf Krauss chegou independentemente à mesma conclusão.[77] Dado que o primeiro governante da XIV dinastia mencionado no cânone de Turim é Neesi, um rei que deixou várias declarações de seu reinado na região do Delta e que só há espaço para um antecessor de Neesi no cânone, Ryholt conclui que o documento do qual o cânone foi copiado possuía uma lacuna antes da menção a Neesi.[78] Tais lacunas são anotadas como "wsf" no cânone e podem cobrir qualquer número de reis.[nota 10][80] Assim, Ryholt não vê nenhum obstáculo em Xexi ter sucedido Amu Aotepré e sendo precedido imediatamente por Neesi.[5]

Datação

editar
 
Inscrição no sinete de Xexi "O bom deus Maaibré, deu a vida".[81]

Meados do século XVIII a.C.

editar

Ryholt data o reinado de Xexi em meados do século XVIII a.C. Seu principal argumento é a presença de selos de Xexi e de dois reis de meados da XIII dinastia, Sequenrecutai Cabau e Jedequepereu, no forte egípcio de Uronarti, na Núbia. O forte de Uronarti foi abandonado em algum momento da XIII dinastia, um evento que Ryholt remonta ao reinado de Djedequeperu, devido à falta de selos atribuíveis aos reis subsequentes. Ryholt propõe, assim, que Xexi reinou de c. 1745 até 1 705 a.C. e foi contemporâneo de Cabau e Djedequeperu.[5]

A hipótese de Ryholt a respeito de Xexi estipula o início da XIV dinastia por volta de 1 805 a.C.,[5] mais de noventa anos antes do que é aceito pela maioria dos egiptólogos.[nota 11][83] Eles propõem que a XIV dinastia emergiu durante as duas décadas do reinado de Merneferré Aí,[84] datado entre 1 700 a.C.[5] e 1 660 a.C., dependendo do estudioso.[85] é o último faraó da XIII Dinastia a ser atestado no Baixo Egito, e a maioria dos estudiosos afirma que ele abandonou Iti-Taui, a capital do Egito desde o reinado de Amenemés I (c. 1 980 a.C.), em favor de Tebas, quando perdeu controle da região do Delta, até a XIV dinastia.[nota 12][84][88]

Meados do final do século XVII a.C.

editar

Se Xexi for identificado com Salitis, o fundador da XV dinastia segundo Manetão, ele teria vivido por volta de 1 650 a.C., data aceita pela maioria dos egiptólogos, incluindo Ryholt, para a chegada dos hicsos no Egito.[89][90][91][92][93] Se Xexi viveu durante a segunda metade da XV dinastia, entre os reinados de Caiã e Apopi, como Ben-Tor e Ward favorecem,[54][94] então Xexi teria reinado em cerca de 1 600 a.C.[89]

Duração do reinado

editar

Os egiptólogos que identificam Xexi como Salitis seguem Josefo, Sexto Júlio Africano e Eusébio, que relatam que Manetão creditou a Salitis dezenove anos de reinado em seu Egiptíaca.[4][46] Ryholt se baseia em um método estatístico e estima que a duração do reinado de Xexi tenha sido entre vinte e 53 anos. O método consiste em comparar os sinetes de Iaquebim Secaenré, Iaamu Nubuoserré, Caré Cauoserré e Amu Aotepré com os de Xexi. Então, sabendo que os quatro primeiros faraós reinaram por pelo menos trinta anos,[nota 13][97] é possível calcular que eles deixaram entre 7,5 e vinte sinetes por ano de reinado. Consequentemente, os quase quatrocentos sinetes de Xexi corresponderiam a entre vinte e 53 anos de reinado,[97] e Ryholt o estima em cerca de quarenta anos.[98]

Família

editar

Ryholt propõe que Xexi tinha pelo menos duas consortes; Tati, com quem gerou seu sucessor, o faraó Neesi, e uma rainha desconhecida com quem ele gerou um príncipe chamado Ipecu.[99] Ryholt chegou a essa conclusão observando que os sinetes da rainha Tati e dos príncipes Ipecu e Neesi têm marcadores estilísticos encontrados nos de Xexi e, portanto, devem ser contemporâneos.[100] Além disso, "Tati" é atestado como um nome núbio feminino em textos de execração anteriores,[99] o que explicaria o nome peculiar de Neesi, que significa "o núbio". Para Ryholt, a motivação de Xexi, por trás de um casamento dinástico com uma princesa Cuxita, era aliar seu reino aos núbios.[101] A hipótese de Ryholt sobre Neesi pode ser justificada por vários selos, dando a Neesios títulos de "filho do rei" e de "filho mais velho do rei", indicando que o pai de Neesi também era rei. Além disso, Neesi e Ipecu tinham os títulos de "filho de Rá do rei", uma fusão dos títulos "filho de Rá" e "filho do rei", o que poderia indicar que eles foram nomeados corregentes por Xexi.[102]

Essas conclusões são compartilhadas por Baker,[103] mas rejeitadas por Ben-Tor, que argumenta não apenas que Neesi reinou antes de Xexi, mas também que o Neesi referido como "filho do rei" foi um príncipe hicso que viveu posteriormente. Em 2005, uma estela de Neesi foi descoberta na cidade fortaleza de Tjaru, o ponto de partida do Caminho de Hórus, a principal estrada que leva do Egito para Canaã. A estela mostra um "Neesi, filho do rei" oferecendo óleo ao deus Mendes e também possui uma inscrição mencionando a "Tany, a irmã do rei". Uma mulher com esse nome e título é conhecida de outras fontes que a situam na época do faraó hicso Apopi (c. 1 570 a.C.).[104] Isso sugere que o "Neesi, filho do rei" da estela viveu na mesma época de Apopi, mais de cem anos após a vida útil estimada do rei Neesi. Isso pode ser confirmado pela observação de Ben-Tor de que os sinetes que se referem ao "Neesi, filho do rei" são de estilo diferente daqueles que se referem ao rei Neesi. Por essa linha, o "Neesi, filho do rei" seria um príncipe hicso distinto do príncipe que reinou como Neesi.[105]

  1. William C. Hayes sugere que o reinado de Xexi durou três anos c. 1 675 a.C.[2]
  2. Identificando Xexi com Salite/Saites,[3] fundador da XV dinastia, de acordo com a Egiptíaca.[4]
  3. Ryholt data o reinado de Xexi entre 1745 e 1 705 a.C.[5]
  4. O significado de "Xexi" é incerto e pode ser o diminutivo de outro nome.[9]
  5. A dinastia e a posição cronológica de Iaquebim Secaenré são altamente incertas.[15]
  6. Nos 396 sinetes de Xexi catalogados por Ryholt, 325 são de origem desconhecida — possivelmente foram desenterrados ilegalmente.[19]
  7. O Museu Petrie abriga mais de 25 selos com os códigos de catálogo UC 11682, 11683, 11684, 11685, 11986, 11687, 11688, 11689, 11690, 11692, 11693, 11694, 11695, 11696, 11697, 11698, 11699, 11700, 11701, 11702, 11703, 11704, 11705, 11706, 11825 e 16595.[29]
  8. A existência de Xareque é questionada por Ryholt.[53]
  9. Este título também é frequentemente traduzido como Heka-chasut, do egípcio Ḥq3-ḫ3swt.[69]
  10. A teoria de Ryholt sobre o significado de "wsf" no cânone de Turim foi aceita por outros estudiosos, incluindo Allen e Ben-Tor.[79]
  11. A XIV dinastia é tradicionalmente datada de 1710 a 1 650 a.C.[82]
  12. A maioria dos egiptólogos considera que Neesi foi o fundador[86] ou o segundo rei desta dinastia.[87]
  13. Este número de 30 anos depende fortemente da controversa reconstrução de Ryholt do início da XIV dinastia. Primeiro, Ryholt usa uma seriação dos selos de Iaquebim, Iaamu, Caré e Amu para afirmar que eles eram os antecessores de Xexi,[95] uma conclusão rejeitada por S. e J. Allen e Ben-Tor.[96] Ryholt observa então que o abandono da fortaleza egípcia de Uronarti sugere que Xexi e Djedequeperu eram contemporâneos, algo que também é contestado por Allen, Allen e Ben-Tor.[96] Finalmente, Ryholt usa sua reconstrução da XIII dinastia para datar o reinado de Djedequeperu em c. 1 770 a.C., deixando cerca de 30 anos para os quatro antecessores de Xexi.[97]

Referências

  1. Walters Art Museum 2015, objeto 29621 do catálogo online.
  2. Hayes 1978, p. 14.
  3. a b Redford 1992, p. 110.
  4. a b Redford 1992, p. 107.
  5. a b c d e f g h Ryholt 1997, p. 409.
  6. Hayes 1978, p. 6.
  7. a b Leprohon 2013, p. 75.
  8. Lopes 2011.
  9. a b c d Bietak 1999, p. 453.
  10. a b Ben-Tor 2010, p. 97.
  11. Ben-Tor 2007, p. 107.
  12. Ben-Tor, Allen & Allen 1999, p. 55.
  13. Ryholt 1997, pp. 367–369.
  14. Ryholt 1997, pp. 252–254, 366–376.
  15. a b Ryholt 1997, p. 199, table 38.
  16. Bietak 1991, p. 52, fig. 18.
  17. Ryholt 1997, pp. 52, 60.
  18. Ryholt 2010, p. 121.
  19. a b Ryholt 1997, p. 369.
  20. Ryholt 1997, pp. 114–115.
  21. Ryholt 1997, p. 367.
  22. Ryholt 1997, pp. 367–368.
  23. Ryholt 1997, p. 368.
  24. Ryholt 1997, pp. 368–369.
  25. Redissi 1999, pp. 7, 61–62, pl. 3.
  26. Ryholt 1997, p. 366.
  27. Ryholt 2010, p. 122.
  28. Israel Museum 2015.
  29. Digital Egypt for Universities 2015.
  30. Petrie Museum 2015.
  31. Walters Art Museum 2015, sinetes de Seshi na coleção do museu.
  32. Met. Museum of Art 2015.
  33. Ryholt 1997, pp. 366–376.
  34. Ryholt 1997, pp. 9–18.
  35. Ryholt 1997, pp. 94–97.
  36. Ryholt 2010, pp. 109–110.
  37. Kempinski 1983, pp. 69–74.
  38. Redford 1992, p. 257.
  39. Rohl 2007, p. 77.
  40. a b c Kennedy 2020, p. 39.
  41. Walters Art Museum 2015, objeto 14091 do catálogo online.
  42. Hayes 1978, pp. 5, 8.
  43. a b c d Grimal 1992, p. 185.
  44. a b Clayton 1994, p. 94.
  45. Encyclopædia Britannica 2015, Salitis.
  46. a b Waddell 1971, pp. 90–91.
  47. Bourriau 2003, p. 179.
  48. a b c d Ryholt 2010, p. 120.
  49. Ryholt 1997, p. 123.
  50. Waddell 1971, pp. 79–82.
  51. Grimal 1992, p. 187.
  52. Redford 1992, p. 98.
  53. a b Ryholt 1997, p. 402.
  54. a b Ward 1984, p. 168.
  55. Ben-Tor 2007, p. 106.
  56. von Beckerath 1999, pp. 116–117, Rei f..
  57. von Beckerath 1999, p. 116, nota de rodapé 1.
  58. Bietak 2001, p. 138.
  59. a b Bietak 2001, p. 139.
  60. a b Ryholt 2010, p. 110.
  61. Ryholt 1997, pp. 323, 325.
  62. Ryholt 1997, pp. 151–159.
  63. Ben-Tor, Allen & Allen 1999, pp. 48, 65–66.
  64. Redford 1997, pp. 8, 27–28.
  65. Redford 1992, p. 111.
  66. Walters Art Museum 2015, objeto 9619 do catálogo online.
  67. Willoughby Fraser 1900, p. 21.
  68. Baker 2008, pp. 428–429.
  69. Hannig 2006, pp. 606, 628–629.
  70. von Beckerath 1999, pp. 114–115.
  71. Ryholt 1997, p. 103.
  72. a b Bourriau 2003, p. 178.
  73. Ryholt 1997, p. 97.
  74. Redford 1992, pp. 106–107, também nota de rodapé n.º 46.
  75. Ryholt 1997, pp. 57, 59.
  76. Ryholt 2010, p. 124.
  77. Krauss 1998, p. 41.
  78. Ryholt 1997, p. 12, veja o comentário na entrada 8/29 do cânone de Turim.
  79. Ben-Tor, Allen & Allen 1999, p. 50.
  80. Ryholt 1997, pp. 10–11.
  81. Hall 1913, p. 26.
  82. Bietak 1997, p. 90, fig. 4.3.
  83. Ben-Tor, Allen & Allen 1999, pp. 55–58.
  84. a b Ben-Tor 2010, p. 92.
  85. Hornung 2012, p. 492.
  86. Quirke 2001, p. 261.
  87. von Beckerath 1999, pp. 108–109.
  88. Bourriau 2003, pp. 186–187.
  89. a b Bourriau 2003, p. 484.
  90. Ryholt 1997, p. 410.
  91. von Beckerath 1999, p. 285.
  92. Bietak 2001, p. 136.
  93. Rice 1999, p. 174.
  94. Ben-Tor 2010, pp. 103, 106.
  95. Ryholt 1997, p. 50.
  96. a b Ben-Tor, Allen & Allen 1999, p. 52.
  97. a b c Ryholt 1997, p. 199.
  98. Ryholt 1997, p. 200.
  99. a b Ryholt 1997, p. 253.
  100. Ryholt 1997, pp. 51, 53, 57.
  101. Ryholt 1997, p. 115.
  102. Ryholt 1997, p. 288.
  103. Baker 2008, p. 277.
  104. 'Abd El-Maksoud & Valbelle 2005.
  105. Ben-Tor 2007, p. 110.

Bibliografia

editar
  • Lopes, Nei (2011). «Xexi». Dicionário da Antiguidade Africana. São Paulo: Civilização Brasileira. ISBN 978-85-2001-098-3 

Ligações externas

editar
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Xexi