Ζ
O zíta (maiúscula Ζ, minúscula ζ; em grego: ζήτα, transl.: zdḗta), também chamado zdeta é a sexta letra do alfabeto grego.[1][2][3] É a letra grega correspondente ao Z no alfabeto latino.[2] Equivale ao número 7.
Alfabeto grego | |||
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Αα | Αlfa | Νν | Ni |
Ββ | Víta | Ξξ | Csi |
Γγ | Gama | Οο | Ómicron |
Δδ | Delta | Ππ | Pi |
Εε | Épsilon | Ρρ | Rô |
Ζζ | Zíta | Σσς | Sigma |
Ηη | Íta | Ττ | Taf |
Θθ | Fíta | Υυ | Ýpsilon |
Ιι | Iota | Φφ | Fi |
Κκ | Capa | Χχ | Qui |
Λλ | Lambda | Ψψ | Psi |
Μμ | Mi | Ωω | Ômega |
Letras obsoletas | |||
Digama | San | ||
Hetá | Sho | ||
Letras numéricas | |||
Stigma | Sampi | ||
Qoppa |
Na matemática, a letra zíta é utilizada para representar a importante função de mesmo nome, a função zeta de Riemann, que originou um dos problemas mais intrigantes da matemática moderna, a tão conhecida hipótese de Riemann.
Nome
editarDiferente de outras letras gregas, essa letra não recebeu seu nome da letra fenícia da qual derivou, ao invés disso, foi-lhe dado um nome no padrão de víta, íta e fíta.
Usos
editarLetra
editarA letra ζ representa a consoante fricativa alveolar sonora [z] em grego moderno.
O som representado por ζ em grego antes de 400 a.C. é disputado. Muitos autores concordam na atribuição da pronúncia /zd/, (como em desde), enquanto outros defendem que a pronúncia era uma africada /dz/ (como no inglês adze). A pronúncia moderna foi, provavelmente, estabelecida no período Helenístico, e deve ter sido uma pronúncia comum no Ático clássico, uma vez que metricamente poderia ser considerado como uma consoante simples ou dupla na literatura ática.
Argumentos para [zd]
editar- O encontro consonantal *zd do protoindo-europeu torna-se ζ em grego (ex. *sísdō > ἵζω);
- Sem [sd], haveria um vazio entre [sb] e [sg] no sistema sonoro do grego (πρέσβυς, σβέννυμι, φάσγανον), e uma africada sonora [dz] não teria uma surda correspondente;
- Nomes persas contendo zd e z eram transcritos com ζ e σ respectivamente em Grego Clássico (ex. Artavazda = Ἀρτάβαζος/ Ἀρτάοζος ~ Zara(n)ka- = Σαράγγαι. De modo similar, a cidade filisteia Asdode era transcrita Ἄζωτος.);
- Algumas inscrições que possuíam -ζ- escrito como uma combinação de -ς + δ- originados de palavras distintas (ex. θεοζοτος para θεος + δοτος);
- Algumas incrições áticas possuíam -σζ- em lugar de -σδ- ou -ζ-, o que acredita-se ser paralelo a -σστ- para -στ-, o que implica uma pronúncia [zd];
- A letra ν desaparece antes de ζ do mesmo modo que desaparece diante de σ(σ) e στ (ex.*πλάνζω > πλᾰ́ζω, *σύνζυγος > σύζυγος, *συνστέλλω > σῠστέλλω;
- Verbos iniciados em ζ possuem ἐ- na reduplicação do pretérito perfeito, assim como verbos que iniciam com στ (ex.ἔζηκα = ἔσταλται);
- Álcman, Safo, Alceu e Teócrito tinham σδ para o ζ ático-jônico.
- Os gramáticos Dionísio, o Trácio [4] e Dionísio de Helicarnasso classificavam ζ junto das letras "duplas" (διπλᾶ) ψ, ξ e analizavam-na como σ + δ.
- Algumas inscrições áticas de topônimos da Asia menor(βυζζαντειον, αζζειον), mostram -ζζ- por ζ; assumindo que o valor de zera era [zd], estas inscrições podem ser uma tentativa de representar a pronúncia dialetal [dz].
Argumentos para [dz]
editar- As inscrições gregas quase nunca escrevem ζ em palavras como ὅσδε, τούσδε ou εἰσδέχται, de modo que deveria haver uma diferença entre o som representado nessas palavras e o som de ἵζω, Ἀθήναζε;
- Parece improvável que os gregos inventassem um símbolo especial para a combinação [zd], que poderia ser representada por σδ sem problemas. /ds/, por outro lado, possuía a mesma sequência de oclusiva e sibilante das demais letras duplas do alfabeto jônico: ψ /ps/ e ξ /ks/, assim, evitando escrever uma oclusiva no fim de uma sílaba;
- O encontro δδ presente em Beócio, Lacônio e Cretense é mais facilmente explicado como um desenvolvimento direto de *dz do que um intermediário *zd;
- Inscrições em latim vulgar usam a letra grega Z para as africadas nativas (ex. zeta = diaeta).
Sumário
editar- σδ é atestado somente na poesi lírica da ilha grega de Lesbos e na cidade-estado de Esparta durante o período arcaico, e na poesia bucólica do período Helenístico. Muitos autores tomam estas evidências como indicação de que a pronúncia [zd] existia no dialeto destes autores;
- As transcrições de palavras persas feitas por Xenofonte e o testemunho de gramáticos apoiam a pronúncia [zd] no dialeto Ático clássico;
- [z(ː)] é atestado em cerca de 350 a.C. em inscrições Áticas, e era a pronúncia provável em grego Koiné;
- [dʒ] ou [dz] podem ter existido em outros dialetos em paralelo.
Numeral
editarApesar de ser a sexta letra no alfabeto, Zíta possuía o valor numérico de 7, pois a letra digama, que posteriormente caiu em desuso, ocupava originalmente a sexta posição.
Matemática e Ciência
editarA letra zeta maiúscula não é usada pois sua forma é idêntica à letra latina Z. A forma minúscula ζ pode ser usada para representar:
- A função zeta de Riemann em matemática;
- A razão de amortecimento de um sistema oscilante em engenharia e física;
- A carga nuclear efetiva em um elétron em química quântica;
- O potencial eletrocinético em um sistema coloidal;
- A vorticidade relativa da atmosfera e oceano;
- A função zeta de Weierstrass;
Referências
editar- ↑ «Zeta». Online Etymology Dictionary. Consultado em 12 de abril de 2020
- ↑ a b «Zeta». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Priberam Informática. Consultado em 12 de abril de 2020
- ↑ Chambers concise dictionary (em inglês). Nova Déli: Allied Publishers. 2004. p. 1427
- ↑ Ἔτι δὲ τῶν συμφώνων διπλᾶ μέν ἐστι τρία· ζ ξ ψ. διπλᾶ δὲ εἴρηται, ὅτι ἓν ἕκαστον αὐτῶν ἐκ δύο συμφώνων σύγκειται, τὸ μὲν ζ ἐκ τοῦ σ καὶ δ, τὸ δὲ ξ ἐκ τοῦ κ καὶ σ, τὸ δὲ ψ ἐκ τοῦ π καὶ σ. Das consoantes, três são duplas: ζ ξ ψ. Elas são chamadas duplas pois cada uma delas é composta por outras duas consoantes, ζ de σ e δ; ξ de κ e σ, ψ de π e σ. —
Referências gerais
editar- Hinge, George. “Die Aussprache des griechischen Zeta”, in Die Sprache Alkmans: Textgeschichte und Sprachgeschichte. PhD dissertation. Aarhus: Aarhus University Press, 2001, pp. 212–234 = [1]
- Méndez Dosuna, Julián. “On <Ζ> for <Δ> in Greek dialectal inscriptions”, Die Sprache 35 (1993): 82–114.
- Rohlfs, Gerhard. 1962. “Die Aussprache des z (ζ) im Altgriechischen”, Das Altertum 8 (1962): 3–8.
- Teodorsson, Sven-Tage. “On the pronunciation of ancient greek zeta”, Lingua 47, no. 4 (April 1979): 323–32.
- Teodorsson, Sven-Tage. “The pronunciation of zeta in different Greek dialects”, in Dialectologia Graeca: Actas del II Coloquio internacional de dialectología griega, eds. E. Crespo et al. Madrid: Universidad Autónoma de Madrid, 1993, pp. 305–321.